O Rev Cónego Baltazar Pita de Vasconcelos era Subchantre da Sé da Bahia' no Brasil no século XVII. Natural cá do burgo
Tendo tido uma desavença com um vizinho por causa dum cão, ficou histérico. O dito era João Gonçalves, madeirense.
O cachorro do Gonçalves, cristão-velho, que estas coisas importam, sujara a casa do Cónego e este bradara que era necessário fazer um Ecce Homo ao cão.
Ou seja crucificá-lo.
Pareceram estas palavras pouco abonatórias para o cão e para Nosso Senhor Jesus Cristo ao ilhéu, homem amante dos animais e da Doutrina Católica.
Resultado denunciou por herege o tonsurado, ao Inquisidor Marcos Teixeira.
Referiu o queixoso que o abrantino era dado ao vinho, mas que nesse dia estava sóbrio e ainda que era ''homem terrível e mal inclinado''.
Um açoriano, Francisco Monteiro, confirmou as ameaças do religioso ao pobre animal.
Era 1618.
ma
Em solene auto-de-fé, em 1 de Abril de 1582, perante o Usurpador, Filipe de Habsburgo, Conquistador de Portugal, o sobrinho, o Cardeal Alberto, que depois seria Vice-Rei de Portugal ( e mais tarde abandonaria a púrpura cardenalícia para se casar com a Infanta Isabel Clara Eugénia), um lacaio dos espanhóis, D.Jorge de Almeida, Arcebispo de Lisboa, toda a corte e a populaça, que uivava de contentamento, açulada pela fradalhada, eram queimados os ossos de Teresa Gomes, por herege, paroquiana de S.João de Abrantes, que se suicidara no cárcere do Santo Ofício depois da denúncia dum canalha, o pároco desta Igreja.
Teresa era cristã-nova e era viúva dum homem de sangue limpo.
Qual fora o crime que a levara às enxovias?
O Pároco, Pedro Gomes, pedira-lhes umas jóias para decorar a charola do Santíssimo e ela negara-se, dizendo, que já as emprestara a umas moças para outros fins pios.
E acrescentara que ''Deus não há outro que o que está nos céus''.
Isto bastou para que o Gomes a denunciasse por não crer no Santíssimo Sacramento.
E quando o o inquisidor Marcos Teixeira visitou a vila, em 1579, foi dentro.
Teresa não resistiu à pressão e enforcou-se.
Um investigador brasileiro, Ronaldo Manuel Silva estudou este caso abrantino, num luminoso artigo, prova que cada vez a História de Abrantes se faz cada vez mais.......nos meios académicos brasileiros.
A falsa e cúpida denúncia do pároco, lembra-me as do burlão das seringas contra o Pedro Moreira.
Os dados foram coligidos de ''Relaxada em Efígie, Ritos Judiciais do Processo Inquisitorial da Cristã-Nova Teresa Gomes' (1579-1582'', in Recôncavo, Revista de História da UNIABEU v. 8, n. 14 (2018)
O artigo, em parte devedor do magistério de Prof. António Hespanha, sobre a história do Direito luso, é uma fina análise do funcionamento do processo jurídico inquisitorial.
ma
Foi o que sugeriu o Rev. Frei Domingos de Eires à sua confessada de Punhete, Helena Joaquina, do lugar de Montalvo.
Parece que a Helena não gostava das familiaridades e avanços do frade capucho do Convento de Santo António de Abrantes, de forma que a denúncia chegou à Santa Inquisição.
Para isso conseguiu assistência espiritual e letrada de Frei Aleixo do Coração de Jesus, missionário do Convento do Varatojo, que veio à Vila salvar almas e fêmeas da cupidez e lascívia franciscana.
ma
Foi condenado por bígamo ou seja por ter casado com outra, sendo viva a legítima
E o folheto de cordel teve edição internacional ...Era uma Inquisição a dar as últimas, casos de blasfémia, costumes, uma preta por bruxa, uma alentejana de Sousel por judaizar e tudo se resolveu com açoites e deportações.
Em 1595 é preso em Abrantes, o Licenciado Manuel Pereira, padre de Quadrazais (Sabugal).
O Santo Ofício acusa-o de ''ser adivinho, curar pessoas e dizer que tinha provisões da Inquisição para prender cristãos novos, feiticeiras e judeus, o que não provou»''
A denúncia teria tido origem nos médicos cristãos-novos abrantinos ( que constituiam quase a totalidade da profissão) que viam no P.Pereira um concorrente.
Terminou perdendo a Paróquia e nos cárceres da Inquisição
Informação de Franklim Costa Braga, no colega Capeia Raiana
Joaquim Gomes Calado quando foi visitar o ferreiro João Gomes Ferreira, foi repreendido por este por ter substituído o azeite da lâmpada de Santo António....por vinho.
Era o taumaturgo da Igreja de S.João, provavelmente o da foto.
Respondeu o sapateiro: ''Caguei no Santo António''.(1)
Resultado : foi acusado de blasfémias mas terminou em Liberdade. Era 1795.
Era de sangue-limpo o bate-solas brincalhão, coisa que deve ter ajudado e encontrou algum inquisidor com sentido de humor...
ma
(1) João Henrique Costa Furtado Martins- Artífices do Couro e da Madeira na Época Moderna: Trabalho, Sociabilidades e
Cultura Material- tese de doutoramento na Faculdade de Letras de Lisboa, 2019
''Na gente da nação deste Bispado mandem Vossas Mercês ter especial vigilância e cuidado por amor de Deus, e tratem Vossas Mercês de pôr mais comissários e familiares nos lugares convenientes do Distrito, como o são a Guarda, Covilhã, Fundão, Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Abrantes, e outras a que Vossas Mercê parecer, porque estas partes da Beira estão muito infeccionadas de judaísmo, em particular o Fundão e Idanha e Guarda ''
O Conselho Geral do Santo Ofício a D. Afonso Furtado de Mendonça, Bispo da Guarda, diocese de que fazíamos parte.
Citado por José Pedro Paiva, ''Baluartes da Fé, O enlace entre a Inquisição e os Bispos, 1536-1750''.
O autor destaca ainda o papel do Bispo-Conde de Coimbra, D.Jorge de Almeida na caça ao judeu.
O Prof. Paiva é um dos grandes especialistas de História da Igreja.
ma
Estava para me ocupar do douto padre Manuel Cordeiro, abrantino, jesuíta, professor de Teolologia Moral na Universidade de Évora, tanto que até li um livro em alemão.
O Cordeiro foi depois missionário nas partes de África, regressou ao reino, e arranjou colocação na Inquisição, tendo sido Capelão do Cardeal-D.Henrique, Arcebispo de Évora e Inquisidor-Geral. Rei depois de D.Sebastião ter perecido na Jornada de África.
Homem importante portanto e autor de calhamaços filosóficos em Latim.
Ia nisto, quando apareceu o homem que gostava de mulatas.
João Moreno Bolarejo, ''marítimo muito abastado'', com ''sangue limpo'', residente na vila, pretendeu ser familiar do Santo Ofício, em 1697, coisa que lhe garantia o início duma carreira promissora, entrada na Vereação ou na Mesa da Misericórdia e depois quem sabe, um hábito de Santiago ou de Cristo e a garantia que os descendentes não seriam incomodados pelo Santo Ofício e até podiam medrar na oligarquia. (1)
A Inquisição respondeu-lhe com um ''niet'', o Bolarejo gostava demasiado de mulatas, tanto que se casara com uma.
A sua mulher, Maria Lopes Burgeta, era mulata por parte da sua avó materna.
Resultado: não pôde ser bufo diplomado e reconhecido.
(1)Luiz Fernando Rodrigues Lopes, INDIGNOS DE SERVIR: OS CANDIDATOS REJEITADOS PELO SANTO OFÍCIO PORTUGUÊS (1680-1780), UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, 2018
Já se falara no livro, não contudo na ligação abrantina. Foram delatores inquisitoriais abrantinos que denunciaram os antepassados judeus do político francês Pierre Mendès-France
Os bufos viviam na Praça da Palha ou seja na Barão da Batalha.
ma
genealogia da família Mendes-França
ANA ISABEL LÓPEZ-SALAZAR CODES tem escrito alguns dos melhores trabalhos recentes sobre a Inquisição. Algum já referenciado aqui.
Neste analisa os estrangeiros que desempenharam cargos na máquina católica de queimar judeus e de garantir a pureza racial lusitana contra ''sangue infecto''. E trata o caso de Pedro Vivas de Carvalho, comissário do Santo Ofício, na vila abrantina.
mn
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