Em 1902, Paiva Couceiro aproxima-se de João Franco Castel-Branco, que mais tarde viria a ser o homem-forte de D.Carlos.
Paiva Couceiro é um herói de África e depois do suicídio de Mouzinho, é visto como o militar mais prestigiado.
Os partidos disputam-no. Entre eles o PRP. Couceiro manda várias exposições às Cortes, protestando contra contratos que entregam interesses portugueses a estrangeiros (como o Caminho de Ferro de Benguela) ou contra que sejam financeiros internacionais a fiscalizar as contas nacionais.
Dos vários convites partidários, escolhe o do PRL-Partido Regenerador Liberal, recém- formado por João Franco.
O poder incomodado pelo activismo do capitão Couceiro, transfere-o para Évora.
Há uma chuva de cartas a solidarizar-se como o Herói de África e uma delas sai de Abrantes, a 9-12-1902 , assinada por Abel Hipólito, oficial de artilharia da guarnição do Castelo que diz '' Associo-me do coração ao teu modo de pensar e lamento que o teu alevantado proceder tenha tido o desfecho que teve'' (...). (1)
E manifesta a sua solidariedade com Paiva Couceiro, que será eleito deputado franquista em 1906 e depois nomeado Alto-Comissário em Angola.
Vários oficiais africanistas apoiam João Franco e em Abrantes, o futuro ''Herói da República'' entra na órbita do franquismo.
Há mais correspondência entre Hipólito e o ''Paladino'', que não consta deste livro. Talvez se volte a ela, mas convém saber que os republicanos abrantinos temiam no 5 de Outubro a reacção das tropas do Castelo, onde estava Hipólito, conhecido por ser um ''franquista''.
Para abreviar em 1919, na Monarquia do Norte, Paiva Couceiro comanda as tropas monárquicas e Abel Hipólito, as republicanas que jugulam o levantamento.
mn
Ver (1) Ribeiro de Meneses, ''Paiva Couceiro, diários, correspondência e escritos diversos'', Dom Quixote, Lisboa, 2011''.
Usou-se a informação disponibilizada por Ribeiro de Meneses para contextualizar a carta.
João Franco Castelo Branco casa com José Luciano.
Trata-se obviamente duma sátira a um casamento político....
Quadras de João Franco
Olha lá, Zé Povinho
Olha lá p’ra quem votas
Se votas pelo franquista
Depressa tens uma albarda às costas.
Ó Senhor dos Navegantes
Livrai-nos desta situação
Quartel-general im Abrantes
Liberal consideração.
Minha cadela pariu onte
Um cão negro outro branco
D. Amélia foi madrinha
Pôs o nome de João Franco
Olha lá, Zé Povinho
Olha lá p’ra quem votas
Se votas pelo franquista
Depressa tens uma albarda às costas.
João Franco p’ra ser cego
Usa Barreto incarnado
O bigode retorcido
Um latão atado ao rabo.
Ó Senhor dos Navegantes
Livrai-nos desta situação
Quartel-general im Abrantes
Já não vigora
Ele já fugiu
Olaré pum, pum
Vai para a puta
Que o pariu.
Liberal consideração.
cantava
Balbina Castelo Pires (Perais), Março 1986 (cantarolando)
in
POESIA POPULAR DOS CORTELHÕES E DOS PLINGACHEIROS
Francisco Henriques e João Carlos Caninas com prefácio de Maria de Lurdes Gouveia da Costa Barata
que convém ler porque é um trabalho sério de recolha de poesia popular
O Conde de Castro e Solla (apelido associado a ilustres abrantinos) resolveu decapitar o Ministro da Fazenda, que tinha problemas de nacionalidade, era meio austríaco. Não contente com isso, decapitou João Franco.
''O Sr. Conde de Castro e Solla: - Principia por declarar á Camara que não vem - nem d'isso tem vontade - fazer a defesa do Governo do Sr. José Luciano de Castro, como tentou fazê-la, perante o Sr. Presidente do Conselho de Ministros, o Sr. Oliveira Matos.
Que os illustres colligados se defendam ou accusem, acariciem ou arranhem-isso é indifferente ao partido regenerador.
Tambem não vem comparar o Sr. Driesel Schrõter a oradores da antiguidade, gregos ou romanos, como fez o Sr. Oliveira Matos, e isto por dois motivos: 1.°, porque seria uma verdadeira profanação; 2.°, porque o Sr. Schrõter, na sua estreia parlamentar de ha dias, se revelou um orador austríaco, e por sinal que pessimamente aportuguesado ainda. (Riso).
Tambem não vem tratar, a proposito do caso Schrõter, de carnes, azeites e vinhos - sêcos e molhados - como fez o Sr. Oliveira Matos, porque receia que o Sr. Presidente da Camara, cumpridor do regimento, o chame á materia, em obediencia ao artigo 31.s, n.° 8.°, do regulamento interno d'esta Gamara. (Apoiados).
E como mais não disse o Sr. Oliveira Matos, entrará propriamente no assumpto para que pediu a palavra.
O Sr. Presidente do Conselho de Ministros não pode continuar a conservar nas cadeiras do poder o austriaco Driesel Suhrõter.
A situação em que se encontra o Sr. Schrõter aggrava toda a maioria, porque, se todos os Deputados d'aquelle lado da Camara podem, como portugueses, occupar aquelle logar, tal direito não tem o Sr. Schrõter, quer como naturalizado que era quando foi chamado aos Conselhos da Coroa, quer como austríaco que hoje é, visto que, em virtude da ultima providencia do Governo, voltou á sua primitiva posição, que de austriaco era. (Muitos apoiados).
A situação em que se encontra o Sr. Schrõter aggrava todos os Deputados da minoria, que lhe teem demonstrado com a lei na mão que S. Exa. não pode occupar de direito aquelle cargo, porque lho veda e prohibe expressamente a Constituição do Estado. (Apoiados).
A situação em que se encontra o Sr. Schrõter aggrava o país inteiro, que se tem manifestado, quer por uma imprensa unanime, quer quando milhares e milhares de pessoas vieram a esta Camara pedir aos representantes da nação que não consentissem que em Portugal governasse um estrangeiro, quando em Portugal portugueses ainda ha. (Apoiados).
E se o povo português não quer que um estrangeiro lhe lance impostos, despache, tome providencias ás quaes elle terá á força de se submetter, mal avisado anda o Sr. Presidente do Conselho em continuar inabalavel na sua teimosia.
E se o povo não quer que o administre e governe um estrangeiro, e tem por seu lado justiça e a letra expressa da lei, mal faz o chefe do Governo em continuar firme no seu proposito de impor o "quero, posso e mando" sobre a Constituição do Estado. (Apoiados).
Respeite a lei o chefe do Governo. Respeito a opinião publica. (Apoiados).
Pois não nos tem dito S. Exa. que foi chamado ao poder por uma forte onda de opinião publica, porque quasi todo o país era regenerador-liberal, e para viver com. a lei, dentro da lei, e só com a lei?
Respeitador da lei o Sr. Presidente do Conselho, e o primeiro acto que pratica é calcar, esfarrapar, espesinhar a Carta Constitucional! (Apoiados).
Chamado ao poder por uma forte onda de opinião popular!
Onde se manifestou, e como?
Conhece o orador factos - que, como monarchico, sente e deplora - mas serão estas as concludentes manifestações da opinião popular?
Serão aquellas que se produziram quando S. Exa. chegou á estação do Rocio, para tomar as redeas do Governo?
Serão aquellas que se produziram, quando S. Exa. subia pela primeira vez as escadas do seu Ministerio?
Serão as que se produziram, quando S. Exa., nos centros de Alcantara, renegava o seu passado politico, e a multidão cá fora lhe fazia uma tão significativa oração, que S. Exa. exclamou, heroico: "aqui, eu jogo a vida"?
Serão estas?
Quasi todo o país é regenerador-liberal, tem ousado dizê-lo o Sr. Presidente Conselho, uma e muitas vezes!
E, para fazer uma eleição, teve de ir mendigar o apoio de um partido contrario, teve de ir recrutar todo o pessoal administrativo a um partido que tão extraordinariamente combateu ainda ha dias, e tem tido a necessidade de ir esmolar diaria lição ao chefe d'esse partido, a quem, ha tão pouco ainda, offendeu por forma nunca vista em politica! (Muitos apoiados).
Obedeça o Sr. Presidente do Conselho á opinião publica, não consentindo nas cadeiras do poder o Sr. Driesel Schrõter. (Apoiados).
(...) in Debates Parlamentares
A seguir decapita o Presidente do Conselho João Franco:
''O Sr. Presidente do Conselho tem poder para tudo, no meio da indifferença d'este povo sem nervos.
Elle pode affirmar que só o povo dá e tira o poder com honra, mas pode recebê-lo só e unicamente das mãos de El-Rei.
Elle pode decretar a fome a 50 % de legalidade.
Elle pode classificar de ignobil porcaria a lei eleitoral, mas pode eleger por ella os seus amigos, ficando puros e limpos.
Elle pode dizer-se um sabio, e declarar officialmente a sua ignorancia, como no caso da abertura dos lyceus.
Elle pode censurar as nomeações illegaes feitas pelos rotativos, e pode nomear illegalmente amigos para o caminho de ferro ultramarino.
Elle pode consentir, em nome da moralidade triunfante, que se jogue em Cascaes, no Estoril, em Cintra (ao pé da casa de S. Exa.), isto até á1s eleições e pode, em nome dos mesmos principios, determinar que não se jogue depois das eleições.
Elle pode declarar que venera o poder judicial, e usurpar-lhe as funcções, como no caso Schrõter.
Elle pode declarar-se um respeitador do poder legislativo, e, mal chegado ao poder, dissolver um Parlamento, que ainda nem se achava constituido.
Elle pode tudo.
Mas então, dispa-se o Presidente do Conselho d'esse liberalismo hypocrita, largue esse postiço respeito pela lei, apresente-se tal como é: um absorvente de
ideias, leis, Carta Constitucional, tudo.(....)'''' fonte citada
A seguir ao deputado regenerador, falou Afonso Costa sustentando teses semelhantes.
Com oradores destes não admirava que o Parlamento fosse uma casa viva, ao contrário de agora, que costuma estar às moscas.
mn
Apesar da sua amizade com o ditador João Franco Castel-Branco, dizem as más línguas da imprensa republicana da época, que o dr. Campos Mello aderiu à Republica em meados de Outubro de 1910, enquanto João Franco passava a ser um homem a abater.
Ainda não encontrámos nenhum desmentido do Campos Mello acerca da sua adesivagem.
mn
D.Ilustrado, 1908
Diário Ilustrado, um dia 13 de 1905
Em 1905 havia problemas de abastecimento de água às Barreiras do Tejo e ao Rocio....e começaram os protestos....
Vindos do movimento anti-oligárquico
A Oposição pôs-se a bradar contra a oligarquia local e nacional, fuzilando o ''avellarismo'' que tinha no Visconde da Abrancalha, o seu principal vulto local.
Quem era a ''oligarquia'' em 1905?
Presidente: Dr. António Bairrão, Vice- Guilherme Henrique Moura Neves,
Vereadores: Guilherme Motta Ferraz, João José Soares Mendes, José dos Santos Ruivo....etc
Era Administrador do Concelho: outro ''oligarca'' Luis Falcão Pacheco Mena (que de oligarca tinha pouco, porque o encontro tesoureiro da Fazenda Pública em Elvas, em 1911), ....
Quem foram os responsáveis destas furiosas críticas????
A esquerda local, que seriam os progressistas do Solano e Severino Santana-Marques mais o PRP do Ramiro Guedes & Farinha Pereira, porque em 1905, o Valente das Mouriscas ainda era um simples moço de recados....???
Não a crítica contra os ''oligarcas'' veio da extrema-direita, porque o Diário Ilustrado tinha passado de ser regenerador a regenerador-liberal, ou seja era o órgão dos amigos políticos do João Franco.
O autor da notícia deve ter sido o Frazão
Quem eram os franquistas locais anti-oligárquicos?
O eng e militar Jacinto Carneiro e Silva, dr. Campos Mello (Coriscada de título familiar e de raízes marranas), o militar Abel Hipólito e o solicitador Almeida Frazão...
Eram estes os regeneradores-liberais abrantinos (faltarão alguns)
Os três primeiros deram excelentes ''adesivos''. O Frazão não sei. Mas a troika anti-oligárquica (Carneiro, Hipólito e o Campos Mello) não teve vergonha na cara para se tornar republicana ''histórica'' de primeira apanha.
Só que a sua história republicana começou a 6 de Outubro de 1910.
Os anti-oligárquicos costumam dar mau resultado.
Ouvi a dr Isilda Jana garantir, pela Rádio, que o Monteiro de Lima tinha uma estátua em Abrantes. Aonde fica?
ma
créditos: Eduardo Campos para os cargos políticos de 1905, na Cronologia
Fábrica de Água, demolida pelo Carvalho do Cria, Cidadão Abt
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Antologia feita pelo abrantino Almeida Frazão, de quem esperamos tratar,
devida vénia a Arquipélagos, assim não destroço o meu exemplar
mn
Em 7-10-2010 o Martinho Gaspar escreveu um artigo na Barca sobre a República proclamada em Abrantes. Não identificou o papel essencial do Martins Júnior.....mas identificou o adesivismo franquista. Mas não foi capaz de dizer o nome do Carneiro da Silva. Porquê?
Não me diga o douto historiador que foi para não ofender os escassos parentes do oportunista Carneiro e Silva.
O respeitinho é muito bonito. Um dia destes identificaremos as críticas do Gaspar ao Prof. Fernando Catroga. Que falta de respeito!
mn
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