''Referir-me hei tambêm ao que o Sr. Dr. Ramiro Guedes se referiu: à falta de professores primários nas escolas, à dificuldade de se criarem tantas escolas quantas são precisas, por isso que os recursos não chegam.
Não compreendo que havendo escolas e havendo professores diplomados, se dê o caso de, numa freguesia do concelho de Abrantes, S. João Baptista, apenas porque um dos candidatos requereu ser provido no lugar, o concurso ser anulado.
Não houve qualquer razão especial.
E possível que alguma razão superior tenha havido, mas permitam-me dizer ao Senado que tenho graves apreensões acerca dos serviços de instrução secundária e tambêm primária, da regularidade com que os serviços da Direcção Geral Superior vão correndo, pois tendo eu já tido interferência numa colocação aliás justa e moldada pelos princípios reguladores da justiça e da lei. tive ocasião de observar que ali se punham sempre dificuldades quando os indivíduos indigitados não tinham lâmpada acesa.
É preciso evitar que todos êstes processos que caracterizavam o regime deposto, não continuem a usar-se no regime republicano.'
Ou temos moralidade ou então não valia a pena que tantos se tivessem sacrificado, pedindo justiça e cumprimento da lei.
Pedia ao Sr. Ministro da Justiça o favor de comunicar ao seu colega do Interior as minhas considerações, a fim de que não seja desrespeitada a lei em qualquer das suas manifestações.''
Palavras do Senador Abrantino, José Maria Pereira, em 2 de Dezembro de 1911
Ou de como se anulavam concursos porque o candidato não era da cor, ou seja do Partido Democrático.
A seguir, o Eusébio Leão bradou que '' que a República Portuguesa era um exemplo para o mundo''; frase que o Américo Tomaz e o Salazar copiaram.
Concursos à maneira, como em 1911, são o pão nosso de casa dia...
Foi deputado à Constituinte de 1911. Militou depois no Partido Unionista de Brito Camacho. Foi senador durante a República. Deu especial atenção ao associativismo abrantino, designadamente ao Montepio Soares Mendes.
Era natural de Abrantes, de família pobre e graças ao seu esforço tinha nas vésperas da República, uma posição destacada na Companhia de Tabacos.
Biografia a desenvolver quando houver mais tempo.
Mas já agora deixemo-lo fuzilar Afonso Costa:
(...) ''No ano da graça de 1916-1917, quando o país se encontra na miséria, quando se verifica que há falta de pão, que há fome, nós verificamos este caso extravagante do Sr. Ministro das Finanças apresentar ao Parlamento um superavit, ou no dizer de S. Ex.a, visto que o termo já vai estando desacreditado, um excesso de receitas sobre as despesas!
Eu não quero proferir a frase que está no meu espírito, para não faltar ao respeito que devo à Câmara, mas isto não passa duma mistificação e dum insulto atirado à miséria pública.
Nós verificamos a miséria em que todos se debatem, estamos comendo um pão detestável, e em alguns pontos da cidade já se fez sentir a falta dele, o que originou várias colisões entre o povo e a polícia; nós vemos, pelo que respeita ao decreto da iluminação, que se tem levantado protestos por parte de todos; nós vemos que todos esses problemas que afectam a economia pública estão por solucionar por parte do Governo, e é neste' momento que o Sr. Ministro das Finanças apresenta um Orçamento, que não discuto, porque não está em discussão, apresentando um saldo positivo de 50 e tantos contos.
Sr. Presidente: eu não me quero alongar em mais considerações, pois muito mais teria a dizer, mas careço estudar detalhadamente os motivos que determinaram estes gastos com despesas de guerra.
Careço de saber detalhadamente as razões desta venda.
Não tenho dúvida que os contribuintes estão dispostos a fazer todos os sacrifícios, mas é bom considerar as circunstâncias angustiosas em que eles se encontram'' (...)
30 de Janeiro de 1917
mn
bibliografia: artigo de Diogo Oleiro
postal da época da República
caricatura via Almanaque Republicano
discurso: ortografia da época
in ''As Constituintes de 1911 e os seus Deputados'', Lisboa, 1911, obra que saiu com autoria de ''um oficial da secretaria do Parlamento''
Anote-se a sua contratação para a Companhia de Tabacos pelo escritor Oliveira Martins, que politicamente defendeu um regime ditatorial como único remédio para os males que afligiam Portugal em finais do século XIX.
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