Presidente do Partido Social Democrata
Assunto: Pedido de demissão de militante
Venho por este meio apresentar a minha demissão libertária de militante do partido social democrata dado que as últimas direcções do partido se têm afastado quer na prática quer formalmente, a saber, dos princípios que nortearam a fundação do mesmo o que, por estar demonstrado até à saciedade dispensa comprovação adicional.
Nos últimos vinte anos organizei três candidaturas autárquicas do PSD em terreno do PCP sem que tivesse qualquer apoio institucional considerável. Todas as estruturas locais e distritais falharam essa missão e lá iam bater-me a porta sem que eu tivesse qualquer militância activa ou responsabilidade no partido.
Anoto para os incautos observarem que as estruturas do PSD locais, aquando das últimas autárquicas, se haviam deslocado para o CDS-PP sem qualquer pudor político sem se terem demitido do PSD o que nunca teve consequências disciplinares. Vale tudo, não há valores, não há coerência, não há princípios.
Nas últimas autárquicas só herdei dívidas das autárquicas anteriores em que não tinha participado sequer, tendo conseguido resolver todos os problemas. Nunca tive cargos eleitos no PSD.
Sempre procurei que o PSD se organizasse em Constância mas nunca fui convocado para uma reunião de militantes para esse efeito.
Todas as propostas e sugestões que dirigi às estruturas distritais e nacionais nunca tiveram eco. Nem positivo nem negativo. Por outro lado, pelos contactos que faço com regularidade com outros militantes sei que mais uma vez o PSD irá no alcance de novos «bombeiros» para as autárquicas de 2017. Não acreditam nas pessoas nem nas suas capacidades. Utilizam-nas para cumprir calendários perseguindo objectivos e estratégias mais gerais?
Nestes últimos anos o PSD não só se afastou do centro-esquerda como se divorciou da social democracia pura afastando-se de todo do caminho duma sociedade socialista preconizado na nossa Constituição originária.
As posições titubeantes do PSD sobre o direito à vida de qualquer ser humano (é uma hipocrisia dar liberdade de voto nesta matéria) para mim revelaram um partido de cristãos «só de boca» que fazem o contrário do que dizem defender.
As ofensivas do PSD contra os direitos dos trabalhadores (a inqualificável requalificação profissional e outras medidas discriminatórias) foram a gota de água que me levou a equacionar a minha decisão de sair do PSD. Com mágoa.
A destruição da escola pública tentada pelo anterior Governo deixou claro que o PSD não quer nada com o socialismo e que atenta contra a actual Constituição a qual pretende alterar a fundo.
Nada tenho a fazer no meio deste partido quando outros solicitam os meus préstimos e a minha camaradagem há tanto tempo.
Não me identifico com medidas neoliberais em que o mundo é sempre dos mais fortes, por mero determinismo e em que a democracia é um jogo formal táctico.
Com V Excia Portugal tornou-se num campo fértil de experiências neoliberais que conduziu a mais desigualdades. Este capitalismo mata, diria o Papa Francisco.
É verdade que o PSD sempre foi um partido mais pragmático do que ideológico conseguindo adaptar-se às circunstâncias, missão que ia cumprindo ao sabor das lideranças. Contudo, a social-democracia apresentava-se sempre como um meio para atingir o socialismo e não um fim em si mesma.
As guinadas do actual PSD no sentido do liberalismo são da responsabilidade de V Exª.
Não me revejo nesse PSD nem no capitalismo enquanto fim em si mesmo.
O capitalismo é um sistema no qual predominam os interesses sem limites das empresas e uma certa racionalidade económica de tipo instrumental que tem por único objectivo o aumento do lucro.
Precisamos de dinâmicas anti-capitalistas e o PSD não tem nada a oferecer nesse sentido.
Eu sou pela unidade internacional dos trabalhadores e tenho uma opção preferencial pelos pobres o que é incompatível com a defesa do actual sistema financeiro.
O PSD «mata» os militantes que pensam pela sua própria cabeça e não seguem os interesses instalados. Silenciando-os, ignorando-os e instrumentalizando-os.
Que esta missiva possa ajudar V Excia a arrepiar caminho na sua liderança.
Que pelo menos uma vez na vida alguém «diga não» a Passos Coelho com frontalidade.
Entrei para o PSD pela mão de Leonor Beleza e saio pelo meu pé, autonomamente.
Atentamente
O ex-militante 138120
Prof José Maria Horta Silvares Alves da Luz»
Nota:
História
grândola- escavação Igreja São Pedro
montalvo e as ciência do nosso tempo
Instituto de História Social (Holanda)
associação de defesa do património santarém
Fontes de História Militar e Diplomática
Dicionário do Império Português
Fontes de História politica portuguesa
história Religiosa de Portugal
histórias de Portugal em Marrocos
centro de estudos históricos unl
Ilhas
abrantes
abrantes (links antigos)