O então major Alfredo Baptista Coelho comandava interinamente, no Castelo, a Artilharia. Teve de se enfrentar ao golpe de Machado Santos (1916). Oficial de dilatada carreira colonial, distinguiu-se em campanhas em Moçambique no início do século XX e finais do dezanove . Foi um dos companheiros de armas do lendário Mouzinho de Albuquerque e seu amigo. Desempenhara o cargo de Governador Geral dessa colónia. Foi ainda Ministro das Colónias (1919) , já coronel, depois da queda de Sidónio.
O site Santo Tirso com História, que o biografa, relata a acção em Abrantes:''(...) Quando regressou de vez do Ultramar, e antes de partir para França, foi colocado no regimento de Artilharia aquartelado em Abrantes. Dirigiu-se para ali. Não estando o comandante, e como não havia oficial de patente superior (era major), teve de assumir o comando do regimento.
Atravessava-se uma época de agitação política, com graves reflexos na disciplina militar.
No próprio dia da chegada, foi chamado ao telefone pelo comandante do regimento de Infantaria aquartelado na mesma povoação. Esse oficial queria sondá-lo sobre a atitude que tomaria na hipótese de se dar certo movimento de que se falava. Baptista Coelho, mostrando estranheza pela pergunta, respondeu que em qualquer circunstância, a sua atitude, como certamente a do seu interlocutor, seria o cumprimento dos regulamentos militares. E desligou o telefone. Mas ficou apreensivo, receando alguma surpresa. Caiu a noite. Não se deitou, e manteve-se de ouvido à escuta. Em certa altura, ouviu um estranho ruído, que era o do arrastar de peças de artilharia. Desceu, de pistola em punho. Ordenou que as peças voltassem ao seu lugar. E foi obedecido. Deu voz de prisão aos sargentos que dirigiam o movimento. E foi obedecido também. A sua voz e a sua atitude mais uma vez fascinavam os seus subordinados.
De madrugada, soube que o almirante Machado Santos chegara de noite a Abrantes, à frente dum regimento que sublevara, e se acolhera ao quartel de Infantaria, cujo regimento aderira também ao movimento.
Apareceu pouco depois o coronel comandante do regimento de Artilharia, a quem relatou o acontecido.
Esse oficial, que conhecia o valor de Baptista Coelho, procurou convencê-lo a ir prender Machado Santos!
A ideia parecia de louco. Mas o coronel insistia e converteu o pedido em ordem. Baptista Coelho, embora julgasse ser esse o último dia da sua vida, não hesitou.
Dirigiu-se ao quartel de Infantaria e fez-se anunciar ao almirante, que pouco depois o recebia.
As primeiras palavras travadas deviam ter sido verdadeiramente dramáticas. Baptista Coelho nem tinha força material, nem autoridade legal para prender um oficial que era de patente mais elevada. O almirante, estupefacto, ao ouvir-lhe que vinha ali, em obediência a ordem superior, para o prender, sentiu o impulso, como logo anunciou, de lhe dar um tiro na cabeça. Mas, em face da heróica serenidade de Baptista Coelho, conteve-se e convidou-o a entrar numa sala. Conversaram demoradamente, a sós. E, por mais inverosímil que o facto pareça, daí a pouco Machado Santos acatava a ordem de prisão e entravam os dois no quartel de Artilharia.
O movimento revolucionário estava gorado e o Almirante mostrava-se agradecido pela maneira correctíssima e nobre como tinha sido tratado por Baptista Coelho.
Apesar das instâncias deste, a atitude do coronel para com o almirante foi diferente. Telegrafou comunicando a grande nova (sem falar de Baptista Coelho!), de que tinha sob prisão Machado Santos e de que partia com ele para Lisboa. Ali tiveram os dois a recepção que era de esperar: o coronel, pouco depois general, foi recebido como herói; e o fundador da República, exposto à fúria da populaça, que fora prevenida da sua chegada, sofreu os maiores vexames e enxovalhos.(...)''
publicado originalmente:
Prof Dr.António Augusto Pires de Lima in O Concelho de Santo Tirso – Boletim Cultural - Vol. II - N.º 1 - 1952
Edição da Câmara Municipal de Santo Tirso
Ou seja o coronel Abel Hipólito puxou para si os galões da vitória que eram de Baptista Coelho.........
devida vénia Arquivo Histórico Ultramarino
mn
ver Memórias de Gonçalo Pimenta de Castro
Recomenda-se a visita a este programa da RTP que evoca o golpe Machado Santos (1916) que partindo de Tomar terminou no Convento de S.Domingos, com a rendição dos sublevados a Abel Hipólito, que chegou a ameaçar bombardear Abrantes com ''aeroplanos''.
No site está disponível imprensa da época, em parte censurada (havia censura prévia) e a lista dos presos. Entre eles vários militares e civis abrantinos....sendo à primeira vista o mais conhecido Abel Malhou Zúniga.
devida vénia ao Coisas de Abrantes
(Arquivo Histórico Militar-pub pela RTP)
Zúniga tinha estado na Rotunda em 5 de Outubro de 1910, sob comando de Machado Santos.
O programa é da responsabilidade da jornalista Sílvia Alves, que fez um trabalho excelente.
mn
A RTP evocou o golpe Machado Santos, durante o qual Abel Hipólito ameaçou bombardear o Convento de S.Domingos.
'' Chegados a Abrantes sem energia, dirigiram-se ao quartel de infantaria 22 esperando encontrar aí o batalhão de infantaria 21. Mas tal não aconteceu. Pouco depois o comandante de artilharia 8, coronel Abel Hipólito, notificou Machado Santos de que queria parlamentar com ele . Sob a ameaça de o quartel ser bombardeado até à sua derrota caso não houvesse uma rendição completa, sua e de toda a sua gente, Machado Soares, fardado de capitão-de-mar-e-guerra e de grêvas, rendeu-se, sob condição de garantia da sua vida e da dos revoltosos. ''
Texto RTP
(...)
(...)
Um grande livro e um panfleto à antiga de António de Albuquerque, com a colaboração do anarquista e comunista Manuel Ribeiro, que depois da conversão seria um ''famoso'' e medíocre romancista católico. Outro dos convertidos famosos desta leva foi o pai do Senhor Dr.José Miguel Júdice.
António de Albuquerque ajusta contas, sem piedade, com Sidónio Pais e defende Machado Santos. Se quer saber história da república leia on-livre o livro,
E como as coisas dão trabalho deve-se citar quem fez o favor de colocar on-line a edição:
António de Albuquerque é este.. Um fidalgo à antiga.
mn
Abel Hipólito começou a trair a 5 de Outubro de 1910, quando adesivou em Abrantes
Trai Machado Santos em Abrantes, que revoltara S.Domingos, em 13 de Dezembro de 1916
Pode ler aqui um esboço deste livro
João Chagas, o representante diplomático luso em Paris, chama assim ao Hipólito,
Os Diários do João Chagas estão on-line. Pode lê-los aqui
DIÁRIO. DE. JOÃO. CHAGAS igi5 1916. 1917. % 3 1. PARCERIA ANTONIO MARIA PEREIRA ...... lhes hão de ficar atraz! disse o coronel Abel Hipolito. E todos .... O homem era de dias, algumas vezes dizia bem do Hipólito. O que não pode conter é o ódio a Bernardino Machado, esse é reiterado.
ma
ANTT O SÉCULO 1936
A poderosa empresária abrantina não seduziu apenas aquele que seria, nos papéis, porque na letra da lei seria outra coisa (1), o seu 2º marido Balduíno de Seabra, militar, político republicano, deputado às constituintes de 1911, adido militar em Paris com Sidónio
Candeias Silva, Zahara,. 2010
governador civil fascista do Porto, usou do sua influência pessoal, de poderosa empresária, das ligações políticas do Seabra, para que políticos influenciassem os Governos em apoio às suas pretensões. E quem sabe, usou do encanto feminino.
Temos a prova,
TÍTULO: Carta do deputado do Congresso da República José Barbosa
DATAS DE INÍCIO: 1917-07-05
DATAS DE FIM: 1917-07-05
LOCAL DE PRODUÇÃO: Lisboa
RESUMO: Carta do deputado do Congresso da República José Barbosa intercedendo por D. Clemencia Dupin (Casa Dupin), que lhe pretende falar de problemas com o seu negócio devido a proibições da 1ª Guerra..
AUTOR: José Barbosa
TRADICAO DOCUMENTAL: Original
IDIOMA/ESCRITA: Português
(texto do Arquivo do Ministério de Estrangeiros)
Quem era o Barbosa? Era um cabo-verdiano, o único dessas Ilhas que fora eleito (com o Balduíno) nas listas quase únicas de 1911. Era este
O Barbosa era importante
Na foto, ao lado esquerdo, acho que está Machado Santos e do lado direito, o segundo parece ser o latifundiário da Golegã, José Relvas
(...) diz esta excelente página genealógica da sua família. (2)
Era unionista, dos amigos de Brito Camacho, que apoiariam Sidónio, como o Balduíno.
A carta a pedir favores para Dupin & Cª é de 5-7-1917.
Já dissemos que a Casa Dupin cresceu com negócios de guerra.
Em Dezembro de 1917, os unionistas como o Barbosa, os integralistas como o Pequito Rebelo, os militares descontentes, os monárquicos liberais (contrariando ordens expressas de D.Manuel II), os anarquistas da CGT, os católicos, todos unidos, elevam Sidónio, ex-chefe da representação lusa em Berlim, junto do Reich, ao poder.
Restam perguntas: a esta legítima actividade de lobby do Barbosa, corresponderam apoios económicos da Casa Dupin ao Partido Unionista????
É uma pergunta legítima e talvez tenha sido assim, mas no estado da questão não conheço provas. Mas sei que a política está relacionada com o dinheiro das empresas. Perguntem a Jeff Bush.....
mn
(1) Foi bígama Clemência Dupin? Provavelmente.Fica para outro dia
DE MACHADO SANTOS A SALAZAR DE TENENTE A ALMIRANTE MACHADO SANTOS
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