O Artur Portela Filho na ''Funda'', sarcásticas crónicas da vida portuguesa dos finais dos anos 60 e que foram continuadas até quase 1980 (1), chamava às carrinhas do Azeredo Perdigão, as ''Bibliotecas-Panzer.''
A Tia Madalena Biscaia disse-me que ao segundo esposo não lhe fizera nenhuma graça a brincadeira.
Digo segundo esposo porque o primeiro marido da Tia Madalena foi um professor de Coimbra de família abrantina, morto precocemente pouco depois de se doutorar, deixando a jovem Madalena viúva.
Casou depois a Madalena Biscaia com o sr. dr. José Azeredo Perdigão, ilustre Advogado e que se tornara Presidente vitalício da Fundação Gulbenkian.
Vem isto a propósito, porque um genealogista meu amigo estava a fazer a árvore do ilustre fidalgo abrantino José de Almada Burguete, pai daquela senhora nossa amiga que vendeu o Casal Curtido muito bem vendido, a Tia Jean e nos arquivos de Cascais encontrou registo que o sr.Burguete mandou aí entregar um projecto de arquitectura para uma vivenda em 1935, com risco do arq. António Rodrigues da Silva, numa rua que tinha um nome que devia ofender os brios realistas do abrantino, porque se chamava António Granjo.
Vai dai o genealogista descobriu mais coisas no arquivo municipal de Cascais, os arquivos são um perigo público, havia lá uma colecção de versos que a obscura poetisa Cacilda Celso mandara pró Jornal de Abrantes e ao inquirir se havia mais poetas relacionados com esta terra, deu com uma carta de José Régio, aliás há lá muitas cartas do Régio, fica o aviso para quem se interesse pela história do movimento presencista.
As cartas que lá estão de Régio são dirigidas a Branquinho da Fonseca, escritor mais conhecido por ser filho do fundibulário anti-clerical Tomás da Fonseca que pela sua obra, apesar de ter algum texto neo-realista interessante, embora prejudicado na sua qualidade pela fidelidade aos espartilhos mecanicistas deste movimento. Ou melhor jdanovistas, como diria o António José Saraiva, na fase pós Maio-68, quando desprezava tudo o que cheirasse a estalinismo literário.
O Fonseca encontrou um emprego cómodo na Fundação, na secção dos Panzers, bem como alguns outros saídos do movimento Filosofia Portuguesa, incluindo o filho do empresário publicitário de Salazar, António Ferro, ou seja o António Quadros.
A carta abrantina do dr. Reis Pereira dirigida ao Branquinho, boss dos panzers,
é de 8-4-1963 e nela o Poeta pede ao amigo Fonseca que se interesse pela nomeação de certo antigo funcionário da Fundação Calouste Gulbenkian como encarregado da Biblioteca Itinerante em Beja ou Abrantes.
Não a reproduzo aqui, devido à avançada idade da criatura por quem se interessava José dos Reis Pereira. Mas é um documento histórico que através deste link e dalgum contacto com a CMC podem obter os fanáticos de Régio.
Para mim apenas me interessa porque é um pormenor na história das bibliotecas abrantinas e me confirma outra confidência que me contou há muito tempo a Tia Madalena, que em paz descanse.....
MN
(1) as actuais estão no I e no link citado.
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