O ex-deputado à Constituinte de 1975, Manuel Dias, dá uma estranha entrevista à Zahara, nº 23 sob o título ''Oposição ao Estado Novo em Abrantes''.
A entrevista é de Alves Jana,subdirector do boletim.
O Dias começa por dizer que se lembra da actividade oposicionista local ''a partir de uns anitos antes de 1950.''
Começa a falar da candidatura Norton de Matos, que data de ''1948-1949.'' Estranhamente não ouviu falar do homicídio do General Marques Godinho em 1947 e dum enterro que deu brado em Abrantes.
Assim não tem de falar do alegado responsável Santos Costa, Adriano Moreira dixit.
Diz o Dias que ''Abrantes era uma terra politicamente pacata''. Pois, onde os Generais abrantinos eram mortos pela Ditadura e os oposicionistas como o Dias não davam por isso.
Na introdução o Jana diz que o Dias anda com falta de memória, nota-se....
No entanto se o Jana se tivesse dado ao trabalho de estudar a cronologia e ajudar o entrevistado, talvez a coisa saísse menos caótica e absurda.
Como era a Oposição nos anos 40, em Abrantes?
Há dados ? Há, nos arquivos e publicados. E algumas coisas são chatas.
A carta do snr. Correia está na B.Nacional e não vou apresentar Barbosa de Magalhães.
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Dou um salto em frente, depois de descobrirmos que havia bufos entre a Oposição local.
Quem eram?
O salto é longo, porque o Dias também não se lembra da candidatura de Delgado em 1958 e de quem estava lá, mas nós já aqui dissemos que à volta de outro Godinho, os democratas se organizam e combatem.
O herdeiro do ex-nacional-sindicalista e depois comunista dr.Vergílio Godinho, no seu escritório de Advogado, é o dr. Orlando Pereira.
Este é candidato da Oposição em 1961 em Santarém, mas o Dias também não deu por isso.
Depois o Dias salta para 1972 e diz que houve eleições. É falso.
As eleições foram em 1969 e aí a Oposição divide-se entre a CDE (mais ou menos influenciada pelo PCP) e a CEUD (controlada pela ASP).
Nos anos 70 o Dias cai na megalomania ''Nessa altura, anos 70, os rostos da Oposição era eu e pouco mais''.
O ''pouco mais'' era o Correia Semedo, o Duarte Castel-Branco e o Orlando Pereira, os clandestinos comunistas no Tramagal, de que sabemos o nome, etc.
Antes dos 70, no Chave de Ouro é metido na grelha o estudante Jorge Pessoa Santos Carvalho, como o atesta a respectiva ficha da PIDE, mas o Dias também não se lembra.
Acontece que o Doutor Jorge Santos Carvalho teve de viver no exílio em Belgrado, enquanto o Dias metia tesouras e alfinetes na política abrantina, e também foi o peticionário nº 4, e isso é subversivo.
Continua o Dias a trocar coisas e diz que a D.Fernanda Pereira, mulher do Dr.Orlando era comunista (ou seja muito perigosa como o Santos Carvalho) e não podia sair de casa, que era nesta avenida.
A ''residência fixa'', que o Dias diz que a PIDE teria aplicado à Drª Fernanda, a ter existido, não implicava obviamente que a estimada Senhora não pudesse sair.
Acontece que eu a costumava a ver tomar a bica no ''Pelicano'' com a D.Maria da Luz Semedo, Presidente da organização ''Antigas Alunas do Colégio de Fátima''.
Não vou negar nem a actividade anti-fascista da D.-Fernanda, que vem do MUD, nem a sua vastíssima cultura, nem o seu assanhado sovietismo, mas era uma pessoa simpática e amável com quem dava gosto conversar, excepto sobre a URSS.
Finalmente o artigo oferece-nos boas fotos, porreira uma com o Mário Semedo na varanda da CMA ( o Mário era afilhado do dr. Esteves Pereira), mas algumas como a da Drª Maria Barroso são posteriores ao 25 de Abril, onde o Dias alega que os ''terríveis comunistas'' lhe quiseram dar umas chumbadas em Alpiarça.
Sobre tudo isto, remete-se para este artigo do dr. Eurico Consciência.
Finalmente com o tempo o Manuel Dias vai recuperando alguma memória, agora já vai admitindo que o dr. Eurico foi o principal fundador e homem essencial do PS cá na terra em 1974-1975.
De tanto falar no dr. Orlando e misturar o antes e depois do 25-A, o Manuel Dias esquece-nos de contar que o Advogado se candidatou contra ele em 1975 pelo MDP-CDE.
MN
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