Na Monarquia Liberal os padres eram metidos nas paróquias por concurso público, coisa que significa que eram colocados através de cunhas e de acordo com os interesses do governo.

Já se viu que Avellar Machado colocava os párocos de acordo com os interesses eleitorais do P.Regenerador, coisa necessária porque os tonsurados eram influentes eleitorais e conduziam o disciplinado rebanho a votar acertadamente.

De forma que para ser nomeado pároco era essencial ter boas relações e estar alinhado com a maioria parlamentar.

 Um padre abrantino   recorreu a Alexandre Herculano, para ser colocado....

Embirrava com o sacerdote....o Cónego Martens Ferrão, depois Bispo de Portalegre.....

que protegia outro.

Herculano informa que o padre devia ir procurando outro destino, porque aquele que almejava....já estava reservado.

Noutra carta desta série (publicadas por Vitorino Nemésio, que no Arquivo da Casa Palmela as encontrou) diz que todos os esforços foram baldados, junto do Procurador da Coroa.....que era o irmão do Cónego Ferrão.

A cunha do maior escritor português da época, homem influente no Paço, foi insuficiente para tornear a desfaçatez do Cónego.... cujo irmão, um dos mais importantes políticos regeneradores,   depois o despachou Bispo de Bragança......e mais tarde para que fugisse do frio .....lhe conseguiu a Sé de Portalegre...

As cartas de Alexandre Herculano têm algumas referências a Abrantes........entre elas a curiosa preferência do historiador por criadas abrantinas.

Lendo-as aprende mais o leitor sobre a vida no dezanove, que em muitos manuais de história. 

mn

fonte :A.Herculano, Cartas de Vale de Lobos ao 3º Duque de Palmela e a José Cândido dos Santos, prefaciadas e anotadas por Vitorino Nemésio, Livraria Bertrand,