Leia esta reportagem sobre o MFA a culturalizar o bom povo do Sardoal
Nas Memórias Sardoalenses, onde se resgata a obra de Luís Gonçalves.
O nosso obrigado.
A única nota: o povo era mais culto que a tropa
O MFA não tirou fotos ao Anacleto por este ser ''fascista''
Morreu o Sr.Coronel Casanova Ferreira, oficial destacado quer pela sua ligação ao Movimento dos Capitães, como à ala spinolista do MFA. Foi em Abrantes Comandante do extinto RI2 e chegou a ser convidado por sectores ultra-direitistas do PSD para candidato à CMA contra o Zé Bioucas.
Teve um papel importante nas negociações com a Frelimo e entrou em confronto com Melo Antunes
Oficial destacado e polémico, nunca pactuou com os abandalhamentos das Forças Armadas na época do PREC.
Um discurso que fez no RI2 chegou a provocar uma enorme polémica junto dos círculos eanistas e melo-antunistas, barricados em torno do Conselho da Revolução.
Transcreve-se o recorte disponível na Imprensa Internacional de referência. El País de 5 de Agosto de 1978. Se bem me lembro, Nicola Guardiola, que assina o texto, sabia bem sobre o que escrevia.
Foi bom amigo do Capitão Ferrão, grande abrantino a quem negaram sepultura cristã nos Cabacinhos.
O seu amigo Sr. Coronel Joaquim Evónio de Vasconcelos evoca aqui a sua peculiar forma de combater os pirómanos em Abrantes: '
'(...)Quando, mais tarde, Casanova Ferreira assumiu o
comando do Regimento de Infantaria de Abrantes,
a região era pasto de incêndios florestais criminosos.
Conta-se que o Comandante terá feito apenas constar
que o primeiro incendiário apanhado seria amarrado
a uma árvore e ninguém o tiraria de lá!
Terá sido por isso? Nesse ano não houve fogos dolosos
na sua zona! Eu só tenho um comentário: o
símbolo da paz não deveria ser uma pomba,
O funeral é amanhã em Lisboa e era de boa educação que as autoridades municipais e militares abrantinas estivessem presentes.
a redacção
Véspera da Páscoa de 1975. Sábado de Paixão para o Cónego Albano Vaz Pinto. Sábado de Paixão para o Povo de Castelo de Vide. Sábado de desonra para o Exército Português. Sábado de Vergonha para as Forças Armadas de Portugal.
O Cónego Albano Vaz Pinto sabe que tem uma saúde atribulada, uma doença pulmonar que lhe corrói as entranhas, sérias dificuldades em conseguir respirar e começa a pensar que a sua hora se aproxima. Está preocupado com o rumo do país onde campeia o golpismo gonçalvista e onde o PCP e a ala do MFA, comandada por um demagogo demente e imbecil, um incapaz, um tal Camarada Vasco quer à viva força impedir a realização de eleições livres marcadas para daí a uns dias, a 25 de Abril.
foto Terras do Alentejo
O Alto Alentejo revela-se um osso difícil de roer para o PCP, uma região heterogénea do ponto de vista social, onde a estrutura da propriedade barra o avanço das récuas de mercenários recrutados nas alfurjas da Margem Sul ou no bando de delinquentes que transformara Avis numa coutada russa.
O Exército desintegra-se, cada vez mais há unidades onde se perdeu a cadeia de comando, onde entre a anarquia e a cobardia medra o PCP, de quem ‘’objectivamente’’ dependem as hostes da tropa que em vez de manterem a Ordem, escoltam os marginais e a canalha que se dedica ao roubo, à ocupação de herdades e à intimidação manu militari do povo para que não possa escolher livremente.
Badajoz está cheia de refugiados políticos portugueses e o fracasso da absurda aventura golpista de Spínola veio dar um pretexto de mão-cheia à escumalha que quer escravizar Portugal.
Albano Vaz Pinto é pároco de Castelo de Vide desde 1948, data em que chegou de Abrantes. Uma enorme obra social, uma longa vida de dedicação a esta terra que teme que em breve tenha o seu epílogo. Quem sabe se a sua atribulada saúde lhe permitirá gozar de algum tempo de descanso na sua Beira natal .
A Pátria ensandecida, o velho Império prestes a desabar, na própria Diocese se propaga a desordem, em Castelo de Vide são homens vis que manejam os cordelinhos da política. À Igreja falta a autoridade e a dureza de António Ferreira Gomes, que D. Domingos Frutuoso preparara com zelo e devoção para ser o grande Bispo que continuara a sua acção. À Igreja falta a palavra profética de D.António tão firme a falar a Salazar como a dizer depois do 25 de Abril ao lado de Spínola, com a torre dos Clérigos no horizonte, que não se devia permitir uma nova ditadura.
Os abusos multiplicavam-se, envolvendo fiéis e sacerdotes na Diocese e D.Agostinho de Moura, um beato e um fraco, sempre pronto a adular o poder seja ele qual fosse, era manifestamente incapaz de estar à altura da situação.
Jornal de Abrantes
Tudo isto perturbava o sacerdote. Dias antes mandara retirar do Santuário da Penha, que restaurara na Serra, uma imagem preciosa da Virgem não fosse o Diabo tecê-las. Neste Sábado que devia ter sido de Aleluia, mas que seria de Paixão, Albano Vaz Pinto marcara as cerimónias religiosas para as 8 da tarde. Já não é capaz de dizer a missa sozinho. Não aguenta tanto tempo em pé. Combina com os leigos que ele só intervirá nas partes litúrgicas em que era imprescindível a intervenção dum sacerdote. Assim se fez.
Terminada a cerimónia, o abrantino eng. Manuel Coelho, há muito colaborador e amigo do Cónego Albano e residente na vila, parte para casa. Acompanha-o a família. Tinham convidados e o dia seguinte, era Páscoa de Ressurreição. Havia muita coisa para tratar.
Pouco depois alguém lhe bate à porta.. É avisado que uma turba de MFAs, não digo soldados, porque os soldados de Portugal honram a sua farda e aquela chusma desonrava-a, comandada por um alferes miliciano (cujo nome me reservo o direito de não escrever aqui) e alguns miseráveis à civil, tinham invadido a Igreja, num dia sagrado para um Povo de tradição cristã e prendido o velho sacerdote, naturalmente sem culpa formada e quem sabe se acenando com um mandato de captura em branco, assinado por algum traidor com divisas da laia do ex-legionário Otelo Saraiva da Carvalho.
Pegaram num homem respeitado, roído por uma doença quase terminal, humilharam o povo de Castelo de Vide, fazendo chicana com o que há de mais sagrado: a liberdade de consciência, a dignidade dum homem, a honra dum povo ultrajado na Fé por miseráveis que vilmente agiam a soldo do estrangeiro.
Não havia nenhuma acusação contra Albano Vaz Pinto, tudo aquilo era apenas para intimidar e condicionar o resultado dumas eleições decisivas para o futuro de Portugal
Queriam dizer o poder é nosso e quem se opuser terá o mesmo destino de Vaz Pinto, ser sequestrado ao cair da noite e levado com destino incerto.
abrupto
A mensagem era: se votais contra nós, as cadeias e quem sabe o pelotão de fuzilamento são o que vos espera.
Manuel Coelho sai sozinho de casa, recolhe informações, mete-se no carro, atalha pela Serra, vai cortar o caminho à soldadesca, ao alferes de aviário, aos aprendizes de pides vermelhos.
Manuel Coelho vai sozinho, mas para parafrasear um poema de Rodrigo Emílio, saberia decerto que muitos estavam com ele. Todos aqueles que em Portugal estavam prontos daí a uns dias a humilhar nas urnas a hidra totalitária. Há momentos em que um homem está sozinho, o coração certamente cheio de raiva, mas a inteligência a dizer-lhe que a fúria nunca é boa conselheira, em momentos em que a cabeça tem de estar fria.
aventar
A história que me contaram narra que os encontrou a meio da serra e cortou o passo àquela coluna e se enfrentou ao triste palhaço que fazia de alferes, ao controleiro de serviço e àquele afandangado exército.
Manuel Coelho nunca quis contar o diálogo que manteve com o patife que comandava aquela escória. Tão seguro do que fazia e tão valente estava o alferes, tão quentes estavam as suas costas, aquecidas por um friso de mfas tão ajagunçados que o Coronel Ramiro de Ilhéus dispensaria os seus serviços, por falta de porte marcial, que o militar de Abril se rendeu.
A rendição do bravo foi acompanhada pelo unânime içar da bandeira branca por parte da milícia civil. Ah Valentes!!!!
Berrou o alferes : leve o Padre. Disse Manuel Coelho: Não levo. Metam-mo vocês no carro à minha frente. Não me arrisco a virar-vos a costas, porque não quero que me abatam a mim e ao Cónego pelas costas..
Estou a imaginar a cara do alferes, com quem me voltei a cruzar outro dia, o brilhante revolucionário, Che Guevara da Parvónia, Fidel da piolheira, Otelo à alentejana, Agostinho Neto do chaparral, Rosa Casaco do goulag.
Santuário da Penha-Castelo de Vide - Panorâmio (foto)
Pálido de espanto, aparvalhado pela valentia de Manuel Coelho, humilhado na frente do bando de marginais que capitaneava pela ousadia do abrantino. Manuel Coelho arrancou com o carro e foi levar o velho Padre à sua casa em Póvoa de Rio de Moinhos. Aí dormiram. No dia seguinte quando voltou com ele a Castelo de Vide ao entrar na ruela em que estava a casa do sacerdote, encontrou a tropa acampada à porta do Sr.Cónego, todos aquecendo-se à volta duma fogueira.
Lá estava o Alferes de alma pequena e descaramento grande. A rua era pequena e o carro de Manuel Coelho não tinha espaço para inverter a marcha. Sem hesitar acelerou o veículo sobre a tropa que em pânico debandou com tanto brio como o demonstrado por Mário Tomé a chicotear um preto num quartel moçambicano.
Manuel Coelho só parou quando pôs o padre em sítio seguro.
O Sr.Cónego Albano morreu no ano seguinte. Manuel Coelho, o abrantino destemido, o salvador do padre, o homem que sozinho humilhou um esquadrão de ‘’’gentalha’’já entregou a sua alma a Deus.
O triste Alferes de cujo nome não me quero recordar, como diria o maneta de Lepanto, anda por aí. Estiveram na homenagem ao Sr.Cónego Albano alguns dos participantes na sua tentativa de linchamento. Foi contra eles, contra a canalha, ou para ser exacto contra a’’gentalha’’ que falou e bem o Sr.Presidente da Câmara de Castelo de Vide.
Agrupamento Escolas D.Miguel de Almeida
Está por enquanto entre nós, em Abrantes, a irmã do Sr.Eng. Coelho, a nossa querida Dona Ermelinda Coelho, a quem este blogue manda um grande beijo. Digo por enquanto, porque aquela que foi o pilar da Igreja de Abrantes ao longo de 50 anos, aquela que é a memória viva do que foi a História (como todas, com as suas partes gloriosas e vergonhosas, com santos e pulhas e pecadores vulgares como eu) Católica de Abrantes vai viver para um lar de professores em Cascais, para estar perto da família.
Marcello de Noronha
O Sr. Dr. Marcello de Noronha pede-me para pedir desculpa aos leitores e aos nossos amigos comentadores, porque se atrasou a compor o texto sobre a tentativa de liquidação física do Sr. Cónego Albano por um bando de magalas, armados de G-3, escoltados por uns rufiões armados em jagunços revolucionários, certamente para impedir que o pobre Cónego Albano pusesse em debandada o braço armado do povo, partindo o focinho ao alferes de capoeira que comandava a coluna......
O texto vai-se chamar-se ''Páscoa Vermelha em Castelo de Vide'' e focará não só a corja de arruaceiros que a mando do PCP e do MFA gonçalvista praticou a façanha, mas a personalidade do heróico abrantino que desbaratou a tropa, honrando as gloriosas tradições de valentia da nossa cidade.
Como aperitivo algumas imagens actuais duma Páscoa mais calma e menos vermelha em Castelo de Vide.
Uma Páscoa sem chaimites e G-3
Com anjinhos e não sabemos se com estercorários comunistas reciclados entre os fiéis.
Uma Páscoa em que as Forças Militarizadas portuguesas, neste caso a histórica e prestigiada GNR, honraram o Povo vestindo fardas de gala que por acaso lembram as da Guarda Municipal de Lisboa, no tempo de D.Carlos.
As fotos da Páscoa de Festa, da Aleluia em que o povo na Procissão de Ressureição em 2008 exerceu o seu direito cívico a rezar sem ser incomodado pela canalha são retiradas do blogue Terras do Alentejo, com a devida vénia.
Andei à procura de ver se descobria uma foto da querida amiga do Dr.Noronha, a abrantina D.Ermelinda Coelho que acho que estava lá.
Em 1975 e em 2008. Não a descobri nas fotos, mas aqui vai um beijo.
Suzy de Noronha
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