Em Agosto de 1839 uma partida de guerrilheiros miguelistas batia e assaltava os arredores de Abrantes e da Ponte de Sor. A facção era composta por cerca de 30 homens armados.
Foram destacadas tropas da Vila para os dispersar e doutros pontos.
Os milicianos apostólicos,acossados por tropas regulares constitucionais, internaram-se no Alto-Alentejo, passando a raia em Badajoz, onde tiveram confrontos com o exército espanhol, que lhes fez vários mortos.
Os sobreviventes passaram a Portugal.
Tudo isto no ''Ecco'' (miguelista) de Agosto de 1839.
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Publica-se um texto importante de história de Abrantes, da autoria do dr.Paulo Falcão Tavares, referente ao fim do absolutismo em Abrantes
Tesouro Real miguelista em Abrantes ( I )
Como é sabido, o Reino de Portugal viveu uma sangrenta guerra civil em 1833, entre dois reis (D. Pedro “malhado” e S.M.F. Dom Miguel I “realista”) onde Abrantes foi palco.
Irei citar umas memórias de um monge cartuxo, que foi perseguido e teve que exilar-se em Itália no Mosteiro da Cartuxa de Calábria, onde foi Prior e escreveu diversas obras, falamos do Padre Fr. D. Francisco de Assunção Ferreira de Mattos.
“…no dia 12 [de Setembro de 1833] partimos para a villa de Abrantes, á cuja terra chegamos ás 2 horas da tarde. Procuramos no Convento de Santo António lugar para descansarmos hum pouco dos incómodos da viagem, e o Guardião nos conduzio para huma grande caza, na qual o ar entrava por todas as quatro partes; nos quatro ângulos da mesma estavam preparadas 4 camas, as quais, nos disse o mesmo Guardião estarem destinadas para 4 Religiosos, que deviam ser recebidos no seu Convento, por ordem do Exmo Governador: logo entendemos que aquele belo aposento estava preparado para nós, mas como o vimos mais próprio para nos acabar que para nos restabelecer, não obstante a grande dôr de dentes que me afligiu, roguei a D. Bruno [monge cartuxo português] que me acompanhasse a caza da Exma Senhora D. Francisca. Com efeito fomos ás cegas (porque não sabíamos nada das ruas da villa) procurar S. Excª; por acaso passamos pela caza do Exmº Governador o Sr. João Vieira Touvar e Albuquerque, o qual porque não tinha noticia do habito cartuxo, nos mandou perguntar, que religiosos eramos? Como soubemos da pessoa que nos fez esta interrogação, donde ella procedia, lhe rogamos nos fizesse a caridade de nos indicar a caza de S. Excª, o que não recusou. Fomos a sua caza e depois de havermos cumprimentado S. E. lhe expusemos o nosso triste estado de saúde, e a descómoda caza que julgamos estar destinada para nós. S. Excª logo reconheceu sermos nós os Religiosos por quem lhe tinha falado a Exmª Srª D. Francisca,
A Infanta D.Maria Francisca, Vicente Lopez Portaña
e se dignou mandar hum D. Alvaro [Tavares], seu Ajudante de ordens, ao Convento de S. Domingos, pedindo ao Prior, Fr. João de S. Jacinto, em seu nome alguma cella desocupada para nos accomodar. Mas o Prior, porque tinha ocupado todo o Convento com os creados da Real Caza, respondeu, não lhe ser possível acomodarnos no Convento, mas que sendo necessário punha à disposição de S. Excª o hospicio que tinha distante da villa, ¼ légua [em Alferrarede]. Como vimos que nada se podia obter naquela ocasião, despedimonos de S. Excª agradecendo-lhe a sua boa vontade, e nos dirigimos ao Paço [antigo solar da família Freire de Castro] para falarmos à Exma Srª D. Francisca. Já D. Ricardo e D. Manoel [dois monges] estavam no quarto de S. Excª, os quaes nos derão a boa nova, que o Guardião sabendo que nós estávamos a promover outro arranjo, desocupou 2 cellas, e na mesma tarde lhe deu as chaves dellas, com o que desistimos de fazer outras diligencias a este respeito. No seguinte dia 13 fomos cumprimentar toda a Real Família, que nos recebeu sempre, com as demonstrações do maior afeccto. A segunda vez que tivemos a honra de beijarmos a Real Mão do Senhor Dom Carlos [de Espanha],
D.Carlos de Borbón
nesta villa, se dignou dizer-nos: Saibão, Padres, que não os irei visitar a [Convento] Santo António porque sei de certo que o guardião do convento he muito malhado [liberal]. E parece que não se enganava, como depois o vimos por experiência. Nesta villa he que soubemos pela Serenissima Srª Infanta D. Maria da Assunção (que Deos a tenha em Santa Glória) que o sr. D. Pedro, seu irmão, tinha mandado publicar na Cronica de Lisboa hum decreto a respeito de nós os Cartuxos do [Mosteiro] de Laveiras, honrando-nos com o nome de rebeldes ao seu intruso e usurpador governo, por havermos abandonado excandalosamente o nosso mosteiro, passando para a parte do Legitimo Rei da Monarchia Portugueza o Senhor Dom Miguel Primeiro, e por isso declarava supreesos todos os conventos onde fossem recebifos, ou qualquer outro Religioso emigrado da capital. Por este mês de Setembro chegaram á villa de Abrantes os Generais Bromout e Clouet, com mais 30 ou 40 oficiais franceses, que infelizmente El Rey (por maus conselhos) dimitiu de seu Real Serviço.”
João do Carvalho Rosa, tenente-coronel de Infantaria 11, natural de Abrantes, há dez meses
Henrique António de Carvalho Rosa, alferes de Infantaria 11, natural de Abrantes, há dez meses
in '' o Eco'', jornal realista, 1837
Quem eram os dois caciques ''progressistas'' (1)? O Abreu era o pai do Dr.Eduardo Solano de Abreu e de Tiago Solano de Abreu, um dos homens mais ricos da terra, graças à herança de Brás Consolado, o sogro. O outro era o ex-miguelista Raymundo Soares, este
Entre os protagonistas há vários antepassados de muitos abrantinos actuais, uns pintados como ''bons'' (os amigos dos regeneradores) e outros como péssimos, os que sustentavam a candidatura de D.Miguel Pereira Coutinho.
Quando houver pachorra talvez se traçe a biografia de cada um. O José Sebastião de Almeida Beja nasceu em 1793 e casou-se com uma pessoa da família dos antepassados de D.António Castel-Branco, a D.Jacinta de Castro Ataíde. Era um liberal vintista e teve problemas com os absolutistas.....caso do Raimundo Soares.
Naturalmente deve ter-se em conta que isto é um artigo eleiçoeiro, que provém dos amigos do candidato Cunha Belém. A versão dos ''históricos'' deve estar no ''Diário Popular''.
Só uma achega mais, o Visconde da Abrançalha tinha sido convidado para candidato progressista e recusou. Como se sabe mais tarde seria um fiel partidário dos regeneradores.
Quando houver mais tempo tentar-se-á estudar este assunto com mais pormenores.
mn
Fonte: Diário Ilustrado-1874
(1) Partido Histórico Progressista, chefiado pelo Duque de Loulé. A cooperação política e militar entre a esquerda liberal e o miguelismo tinha marcado parte da política da época, veja-se a Maria da Fonte
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