Está aqui publicada a Comissão Distrital do MUD de Santarém. O representante abrantino era o médico de Alvega, João Marques de Matos.
O Dr. Matos fará parte em 1958 da Comissão da candidatura de Arlindo Vicente
Pouco a pouco faz-se a história da Oposição Democrática.
Se alguém tem alguma achega biográfica sobre este médico, agradece-se.
mn
e prisões em Alferrarede
O ''Ribatejo'' era um jornal clandestino ligado ao MUD, este nº é de 1948
Não vimos nada disto na ''historiografia'' oficial cá do burgo......
Deve ser propaganda bolchevique.....
mn
Ps- Era ....o Ribatejo era escrito quase todo por Soeiro Pereira Gomes e teve colaboração de Álvaro Cunhal . Ver aqui
Já se falou aqui muito da Drª Maria Fernanda Corte-Real Silva, como dirigente local da Oposição, resistente, única mulher dirigente do MUD-Juvenil (com Octávio Pato, Mário Soares, etc), presa política, mas faltava um pormenor a passagem à clandestinidade.
Leiam este livro
da Historiadora e ex-deputada do Bloco, Cecília Honório. Há uma parte que está disponível aqui
(imagem retirada do Silêncios e Memórias-Ficha da Pide- publicado num dos livros sobre Presos Políticos da Comissão do Livro Negro sobre o regime fascista.)
extracto do livro citado...
ORLANDO PEREIRA (1924 - 2016)
Cidadão da Resistência contra a Ditadura durante décadas, muito respeitado em Abrantes, é considerado o líder da Oposição Democrática nesse concelho, nas décadas de 50, 60 e na primeira metade da década de 70 do Século XX. Em 1975, foi candidato a deputado, pelo MDP/CDE.
1. Nasceu a 24 de Março de 1924, em Alenquer (Merceana), onde o seu pai desempenhava o cargo de secretário da Câmara. Licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito de Lisboa. Na Faculdade conhecera a mulher com quem iria casar em 1950, Maria Fernanda Corte Real Graça e Silva, uma activa militante da Oposição, julgada em Tribunal Plenário (1).
Pertenceu à direcção do MUD Juvenil e esteve preso no Aljube, em 1949, juntamente com outros antifascistas, entre os quais Mário Soares. Mantinha, então, ligação ao Partido Comunista.
Foi para Abrantes em 1951, pela mão de Armando Martins do Vale, advogado de renome, para dar continuidade, como advogado, ao escritório do advogado João de Matos, quando este foi para juiz.
Mais tarde, em 1955, depois de ter feito estágio para “ Registos e Notariado”, em Mação, e concorrido para o notariado, foi-lhe vedado o acesso à função pública e impedido de ocupar o lugar de notário do Cartório de Albufeira, a que tinha direito ao ficar colocado em 1º lugar: tinha sido alvo do famigerado Decreto-Lei nº 25317, de 13 de Maio de 1935, que bania da Função Pública quem não desse garantias de fidelidade ao regime ditatorial do Estado Novo. Assim, não chegou sequer a tomar posse do cargo e foi advogado em Abrantes, durante um quarto de século, entre os primeiros anos da década de 50 do século XX e o princípio do ano de 1977 (2).
Orlando Pereira participou activamente em todas as campanhas eleitorais e, em 1961, foi candidato da Oposição, no distrito de Santarém. Em 1973, integrou a Comissão Nacional do 3º Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro.
Como advogado, defendeu vários presos políticos julgados nos Tribunais Plenários.
Desempenhou diversos cargos na Ordem dos Advogados: delegado às assembleias-gerais, entre 1963 e 1971, e delegado na Comarca de Abrantes, entre 1968 e 1971.
2. Foi candidato do MDP/CDE a deputado, nas primeiras eleições democráticas realizadas e 25 de Abril de 1975, para a Assembleia Constituinte.
Na sequência da revolução de Abril de 1974 veio a ser reintegrado na Função Pública, mediante a simples prova do seu afastamento por motivos políticos, que estava patente no “Diário do Governo” em que fora publicada a deliberação do Conselho de Ministros que o demitiu; e, em princípios de 1977, Orlando Pereira era nomeado notário do 13º Cartório Notarial de Lisboa, um importante cartório na Baixa lisboeta, onde terminaria a sua carreira profissional. Faleceu no dia 21 de Junho de 2016, em Lisboa, com a idade de 92 anos.
(1) Maria Fernanda Silva (Pereira) fez parte do MUNAF; em 1945, com 19 anos, aderiu ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas; no ano seguinte, integrou a primeira Comissão Central do MUD Juvenil (sendo a única mulher), com Mário Sacramento, António Abreu, Francisco Salgado Zenha, José Borrego, Júlio Pomar, Mário Soares, Nuno Fidelino Figueiredo, Octávio Pato, Óscar dos Reis e Rui Grácio. Conheceu Orlando Pereira, estudante do 2.º ano e dirigente estudantil ligado ao Partido Comunista, e data de então a sua adesão a este partido, fazendo-se a intervenção no âmbito daquela organização juvenil. Foi enquanto dirigente do MUD Juvenil que foi presa por duas vezes, o que fez com que não concluísse imediatamente o curso: a primeira, em Évora, juntamente com Júlio Pomar, a 27 de Abril de 1947, foi libertada quatro meses depois; tornou a ser detida, desta vez em Beja, em 24 de Abril de 1948, recolhendo mais uma vez ao Forte de Caxias. Saiu em liberdade condicional passados três meses, em 29 de Julho. Julgada inicialmente pelo Tribunal Plenário de Lisboa em 15 de Março de 1949, seria condenada a 40 dias de prisão correccional e suspensão de todos os direitos políticos por três anos, mas a sentença seria agravada para 100 dias de prisão correccional, por acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 19 de Julho de 1950.
(2) Testemunho do advogado abrantino José Amaral: “Foi com ele que fiz o meu estágio, entre Março de 1976 e 30 de Setembro de 1977. Após o Dr. Orlando Pereira ter pedido a suspensão da sua inscrição na Ordem dos Advogados, quando foi para Notário (...) continuei no escritório do Dr. Orlando, pelo qual fiquei responsável, a tempo inteiro, a partir do dia 12 de Agosto de 1976, que é a data que marca o início da minha vida activa. Ele só vinha ao fim-de-semana, e nem sempre. Aprendi muito com ele». (facebook)
Biografia da autoria de Helena Pato
http://silenciosememorias.blogspot.pt/…/1016-maria-fernanda…
http://amar-abrantes.blogs.sapo.pt/faleceu-orlando-pereira-…
Candidatos da Oposição à Assembleia Nacional do Estado Novo (1945-1973). Um Dicionário, de Luís Reis Torgal e Mário Matos e Lemos.
Pedro Ramos de Almeida, no Militante, 2006 com a devida vénia
ma
O dr. João Esteves, dedica um 3º post à biografia da dirigente comunista e resistente Maria Fernanda Corte Real Graça e Silva e tem a bondade de se referir simpaticamente a este blogue.
O post tem mais algumas preciosas achegas biográficas sobre a jurista abrantina, em parte com base no livro ''Mulheres Portuguesas contra a Ditadura, de Cecília Honório, e revela por exemplo que um bufo abrantino (que espero que não tenha sido aquele que eu penso) enviou para a sede distrital da PIDE/DGS, em 1972, 2 fotos da mulher do Dr.Orlando Pereira, acompanhadas de referências ao filho, o meu amigo, Orlando.
Aqueles que na revista Zahara sustentaram a inactividade política da Drª Fernanda, nas décadas de 60 e 70, têm aqui o desmentido. A Pide seguia com atenção o que fazia... e o que fazia o Orlando...que também seria preso político depois do 25 de Abril. Essa é outra história.
Ainda não li nem o referido livro da Cecília Honório, nem o outro da Vanda Gorjão onde há uma entrevista de Fernanda Silva, onde fala sobretudo do MUD.
Não será demais recomendar que a Biblioteca António Botto compre esses livros, nem que o PCP faça justiça a Orlando Pereira e a Fernanda Silva.
Por mais que esteja nos antípodas ideológicos daquilo em que acreditaram, é naturalmente claro que enquanto Maria de Lourdes Pintasilgo medrava nos corredores do marcelismo, entre entrevista com diplomata ianque e beija-mão ao Cardeal António Ribeiro, a resistência, uma longa resistência à ditadura apostólica e beata, foi realizada por mulheres da fibra da mãe do Orlando.
Já chega de hagiografia beata e também já chega que a história do PCP tenha de ser feita (e muito bem) por historiadores como Pacheco Pereira.
Que problemas têm com o passado os comunistas de Abrantes?
ma
veja aqui o vídeo sobre o livro de Cecília Honório onde fala de Fernanda silva
Com a devida vénia do Blogue -Silêncios e Memórias
''Filha de Emília de Mascarenhas Corte Real Graça e Silva, com raízes numa família abastada, monárquica e conservadora do Algarve, e do republicano Henrique Augusto da Silva, advogado e conservador do registo civil de Beja, nasceu em Setúbal a 1 de Outubro de 1925.
Acaba e bem a CM do Sardoal de homenagear o farmacêutico local, Sr.Dr. Passarinho falecido recentemente com mais de 90 anos pelos bons serviços ao concelho.
Quem conheceu o homem de bem e o cidadão divertido que foi o benemérito Dr.Passarinho sabe que a homenagem é merecida.
Alem da sua profissão, foi Provedor da Santa Casa, Presidente da Câmara e depois do 25 de Abril militante do CDS.
Já não me lembro se chegou a candidatar-se ou a ter algum cargo político depois do 25 de Abril.
Para saberem essas coisas remeto o leitor para os sítios especializados como o magnífico blogue ''Sardoal com Memória'' ou para o interessante boletim municipal da CM Sardoal, onde podem pesquisar.
Apesar do dr.Passarinho estar ligado pela família materna a ilustres militares, algum dos quais desempenhava funções governamentais no último governo de Marcello Caetano e ter sido presidente deste a primavera caetanista até ao 25 de Abril, tinha sido salvo erro membro nos anos 40 do MUD-Movimento de Unidade Democrática, estrutura frentista da Oposição anti-fascista, a que pertenceram também no caso abrantino: dr. Correia Semedo, arq. Duarte Castel-Branco (que também terminou no CDS), Afonso Campante (que terminou em Caxias, depois do 25 de Novembro e era próximo do PCP), médico dr. João de Matos (, dr. Costa e Simas (fundador do PPD de Abrantes), dr. José Vasco e mulher (próximos do MDP), dr. Vergílio Godinho, advogado e escritor, dr. Orlando Pereira e a mulher drª.Fernanda Pereira (próximos do PCP. O dr. Orlando foi derrotado em 25 de Abril de 1974 quando era candidato do MDP pelo PS do dr.Eurico Consciência, que fez eleger deputado Manuel Dias), Roberto Palma, Moisés Feijão (que acho que foram conhecidos comerciantes da praça abrantina) e surpresa das surpresas o causídico dr. Aníbal Ribeiro Martinho, a quem já conheci como o mais tonitruante anti-abrilista da praça (Raimundo Soares, porque vivia lá ao lado) abrantina e também filiado no CDS.
Prova da costela anti -fascista do dr. Passarinho é a saborosa crónica que se publica, retirada do Mirante, com a devida vénia:
II Congresso da Casa do Ribatejo, realizado no sábado, foi pródigo em gaffes e ideias peregrinas |
o Mirante 6-7-2005
Marcello de Noronha
Créditos: Para a lista dos filiados do MUD servi-me parcialmente do publicado pelo Eduardo Campos na Cronologia de Abrantes no Século XX. E ainda Mário Semedo, artigo no Ribatejo sobre a Oposição em Abrantes na época de Delgado, já aqui reproduzido.
Um dia destes espero conseguir a lista completa, graças à memória do ar. Duarte Castel-Branco e a papelada dispersa que tenho de organizar. E se escrevesse ao dr. Mário Soares para me ajudar????
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