O Martinho Gaspar dispara '' (...) A Metalúrgica Duarte Ferreira (MDF), de Tramagal, é uma realidade especialmente curiosa, porquanto se afasta daquilo que os historiadores defendem a propósito do desenvolvimento industrial português na transição do século XIX para o século XX: fábricas criadas por famílias abastadas ou por estrangeiros. O pioneirismo de Eduardo Duarte Ferreira fez deste um fenómeno único (...)''
no Médio Tejo
Dentro das suas proporções a MDF é um fenómeno industrial importante, mas o capitão de indústria Eduardo Duarte Ferreira está longe de ser um fenómeno único.
Narciso Ferreira revolucionou o Vale do Ave
Como dizia Filomena Mónica '' "Começara vendendo os panos que ele próprio fabricava pelas feiras dos arredores de Riba de Ave onde tinha nascido." Com o dinheiro que foi poupando montou uma pequena fábrica manual de tecidos. Deu-se bem e quando morreu ostentava o título do maior industrial português do ramo têxtil. '' (citado no DN)
O filho também Narciso era o mais rico de Portugal nos anos 60. O irmão dele, Raul era proprietário da Quinta das Amendoeiras em Abrantes, comprada aos herdeiros de Senhora D. Clemência Dupin.
O Narciso II era na prática o dono do BPA.
Se procurar mais empresários que vieram de famílias pobres, self-made-men à lusitana, lembro-me de outro logo, ainda no dezanove, um que vendia lotarias e que está na origem do BES.
Finalmente diz o Gaspar que a MDF teve problemas com a Ditadura nos anos 30, ora os problemas foram com a crise económica de 1929.
A Ditadura acarinhou e protegeu a MDF e algum Duarte Ferreira foi membro activo da UN.
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foto da Fundação Narciso Ferreira
vídeo do Tiago Carvalho tudo com a devida vénia
Cada véspera de 1º de Maio, o Gaspar e o poder autárquico procedem ao rito canónico de canonizarem Eduardo Duarte Ferreira, já tornado Comendador pela Ditadura.
Toda a gente sabe que o homem foi um grande industrial, saiu duma família remediada (o suficiente para mandar estudar o filho mais velho que foi boticário no Rocio d'Abrantes, em Farmácia que ainda leva o seu nome), foi um patrão paternalista e que na política alinhou com o grupo estado-novista de Manuel Fernandes ou seja foi adversário de Henrique Augusto Silva Martins.
Por isso quando explicam que a luta entre o clã do Martins e o clã dos Moura Neves foi uma guerra entre ''industriais'' e ''agrários'', estão a fazer o ridículo, porque com Manuel Fernandes estavam os patrões da MDF e das Fundições do Rossio, os Soares Mendes.
Também me explicam que os herdeiros do Comendador continuaram unidos a saga industrial, quando houve ainda em vida dele uma monumental guerra de partilhas, que andou pelos tribunais.
Terei pachorra para a abordar, hoje?
Com documentos na mão?
Não sei.
Quais foram as relações do Comendador com a PVDE?
Boas ou más? Caso a estudar
Mas o que abordo já é isto:
Diz o Senhor Dr.Martinho Gaspar. sábio e eloquente.
Ora, um homem com relações familiares com Abrantes, fez muito mais inovação que o Duarte Ferreira, empregou muito mais gente, marcou todo o Norte, e ganhou muito mais dinheiro e naturalmente foi muito poderoso.
Foto : CM de Vila Nova de Famalicão
O Narciso Ferreira saiu duma família pobre de rurais minhotos e chegou a ser um dos grandes capitães da indústria lusa. O filho, o Delfim, 1º Conde de Riba d'Ave foi dono do BPA e seguiu a saga. Ambos ( o Narciso e o Duarte Ferreira) montaram um sistema de paternalismo operário à moda do catolicismo social pregado pela Igreja do tempo.
Embora nenhum tenha tido um filho tão rico, como Delfim Ferreira, Conde de Riba d'Ave. O outro filho dele o Raul Ferreira, que tinha uns jardineiros de Casais de Revelhos, morreu na Casa de Saúde de Abrantes. Falei com a viúva do jardineiro, a Soledade, ainda prima da Menina Pintasilgo.
Lembra-se do Patrão Raul?
Lembro-me muito bem.
Já agora a foto do sócio tramagalense do Raúl.
Onde? Nuns coutos de caça abrantinos. A foto é de 1959.
ma
fotos CM de V.N, de Famalicão, Património Industrial do Vale do Ave; Grémio da Lavoura de Abrantes (Lavrador Bairrão)
A Drª Helena Bandos, ex-deputada municipal, resolveu cantar loas a este livro.
Fomos comprá-lo.
Há meia dúzia de páginas abrantinas sobre D.Clemência Dupin, grande industrial e política fascista e ainda sobre o seu marido, o Coronel Alfredo Balduíno de Seabra.
A autora, a distinta ovnilóloga, Fina da Armada, sustenta que a D.Clemência era muito revolucionária porque não usava chapéu.
Mas a D.Clemência foi à C.Corporativa enchapelada, pela época qualquer Senhora saía à rua sempre com o chapéuzinho.
O livro tem coisas interessantes, a Fina teve para a investigação histórica a colaboração da Srª Drª Maria Santiago, formada em Germânicas, da Anadia.
Disserta a Fina sobre uma propriedade rural, a Quinta das Amendoeiras, no Rocio, que foi da D.Clemência e onde morreu o Coronel Alfredo Balduíno de Seabra, em 1938.
A descrição que faz a D.Fina é absurda. Não se pode dizer que uma propriedade é muito grande porque tem muitos artigos matriciais. Pode-se dizer que uma propriedade é extensa porque tem muitos hectares, e a dita quinta teria ao tempo da Clemência uns 50 ou 60 hectares.
Para a parte sul do Concelho não é uma grande propriedade, nem sequer média. Na Bemposta ou em S.Miguel são vulgares Herdades de centenas de hectares e há alguma a ultrapassar o milhar de hectares.
Mesmo no Norte do Concelho, já zona de propriedade mais repartida, as terras do Conde de Alferrarede ultrapassam as centenas de hectares e a família Pais do Amaral vendeu e deu muito (por exemplo 5 hectares ao CRIA) ao longo do último século.
Descreve depois a Dona Fina a dita Quinta, como tendo um edifício senhorial, capela, etc e atribui essas construções à D.Clemência.
Acontece que, como está publicado, desde os anos 50, por Diogo Oleiro, tudo o que se encontra de notável naquela Quinta, é obra dum importante empresário nortenho, o Comendador Alfredo Ferreira,
um grande industrial têxtil, que se apaixonou por Abrantes, mais exactamente pela caça às lebres em corricão´, com galgos e cavalos.
Alfredo Ferreira associou-se a outros caçadores abrantinos (e não só) e manteve um importante couto de caça na Bemposta. Um dos sócios dele, nesta actividade era o lavrador Luís Bairrão do Tramagal.
Alfredo Ferreira, era um barão do têxtil de Riba d'Ave, filho do homem que modernizou aquela região em finais do dezanove, revolucionando a paisagem industrial, o Narciso Ferreira.
Foi ele o pai da indústria têxtil e da electrificação no Norte de Portugal.
Não saber quem foi o Narciso Ferreira, é não saber nada de história económica portuguesa, especialmente grave quando se é do Norte.
Qualquer pessoa de lá, sabe que o Narciso foi tão importante (ou mais), que o Cupertino de Miranda ou o Amorim.
Por curiosidade, direi que o Alfredo Ferreira escolheu como seu capelão particular um dos melhores copos da região, o meu amigo Padre Oliveira.
Outras personalidades conhecidas desta família foram Raul Ferreira (irmão mais novo do Comendador Alfredo), 1º Conde de Riba d'Ave (título papal) e outro dos seus irmãos, Delfim Ferreira, que quando morreu em 1960, era só o homem mais rico de Portugal e quase o dono do BPA-Banco Português do Atlântico.
Alfredo Ferreira vinha de Sevilha para Abrantes, em 1958, quando teve um problema cardíaco. Foi internado na Casa de Saúde e transferido para o Porto, foi morrer à sua Riba d'Ave..
Portanto à Dona Clemência o que lhe cabe, ao Comendador Ferreira o que construiu.
Abrantes, o Nosso Concelho, coordenação de Diogo Oleiro
Finalmente como é dia de São Martinho, publicamos foto da cacique, em traje regional, visitando a dita Quinta, para um magusto.
Estava mais nova, era 2009.
ma
créditos:
Livro de Fina D'Armada
Helena Bandos: Rádio Oficiosa
Comendador Ferreira: página de genealogia
Cacique: Escuteiros do Rocio
Informação sobre o Sr. Ferreira: Maria Soledad Ruivo da Silva
Luiz Bairrão : foto divulgada no facebook/grupo Tramagal
Abrantes, o Nosso Concelho, coordenação de Diogo Oleiro
D.Clemência: Torre do Tombo/o Século
Caça: Mundo Canino, 1972
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