Qual era o grau de convivência entre a autarquia da Ditadura e os oposicionistas em Dezembro de 1973?
Participavam estes em diálogos com os edis conotados com a ANP e nomeados pelo Ministério do Interior?
Em 22 de Dezembro de 1973, o Dr. João Manuel Esteves Pereira recebe os media e os cidadãos para discutir.
Em causa o licenciamento duma unidade de celulose altamente poluente, a actual Altri.
Estiveram presentes, o médico Dr. Santana Maia, ligado à União Nacional desde os anos 30, Dr. José Vasco, um compagnon de route do PCP desde o final dos 40, o Dr. Correia Semedo ( compadre e familiar do Presidente da autarquia), que em 1973 eu não diria que estava conotado com o PC, mas que era do MDP e oposicionista de longa data e que fora impedido de seguir a Magistratura, por razões políticas, o Manuel Dias, aquele que teve o descaramento de dizer que a ''Oposição sou eu'' (nos 70), e finalmente o Dr.Eurico Consciência, ao tempo Director do ''Correio de Abrantes'' e que não andaria muito longe dos ''liberais'' como Sá Carneiro. Além deles, o Dr.Estrela, um ''ultra'' da situação
Transcreve-se a troca de opiniões:
Os Drs Consciência, José Vasco e Semedo opõem-se à construção da celulose.
O Manuel Dias pergunta sobre o preço do leitinho e sobre os eucaliptos, mudo fica.
Como sempre ficaria, face a uma situação crucial.
Três ou quatro meses depois, o 25-A e os que não tinham pejo em dialogar com a Ditadura eram os novos responsváveis políticos locais.
Isto é uma amostra da Oposição à abrantina, andavam aos abraços ''aos fascistas''.
ma
Armindo Silveira vota contra o Relatório sobre o respeito dos Direitos da Oposição, devido à recusa caciquista em o deixar falar com funcionários e lhe terem vedado a entrada em serviços municipais, obra da cacique, referendada implicitamente pela seita caciquista.
E objectivamente pelo neo-liberal que votou ao lado dos caciques, como vem sendo hábito.
ma
Ao lado de destacados vultos da Oposição, desde anarquistas (Campos Lima), maçons da velha linha republicana (Nuno Rodrigues dos Santos, Dias Amado) , comunistas (o escritor Mário Sacramento, Alberto Vilaça, etc), profissionais de várias especialidades, deixem-nos destacar o capitão Augusto Casimiro, que se cobrira de glória em La Lys, comandando tropa abrantina da Infantaria de S.Domingos, aparece o Advogado Vergílio Godinho, com banca em frente da Santa Casa.
Só duas mulheres, uma delas é a belíssima escritora Natália Correia, que tinha trazido um vendaval de vanguarda à rotineira vida cultural lisboeta, então partilhada entre oficialistas e estalinistas do neo-realismo.
É uma chamada às hostes oposicionistas, para preparar as eleições legislativas e as presidenciais de 1958.
mn
retirado do colega Silêncios e Memórias com a devida vénia
É o cúmulo. Pelas necessidades da senhora e para fugir ao controle da oposição deixou de haver reuniões semanais no mandato passsado. A cacique ficava atacada dos nervos sempre que via Santana Maia.
Depois foi ganhando o costume de tomar sozinha as decisões que lhe dava na cabecinha, usurpando competências dum órgão colegial e a vereação que as ratificasse na reunião seguinte.
E houve decisões, como pagar umas massas a Carrilho da Graça tomadas à revelia da Vereação, que só foram à sessão, porque Santana Maia descobriu.
Neste mandato com uma oposição muito disciplinada e ordeira, o poder subiu-lhe à cabeça e a arrogância barata subiu de tom.
Aprovar uma moção que é um protesto político, necessita debate político. Pois não, a cacique debateu consigo mesma (coisa que nos dá poucas garantias, porque uma das vezes em que debateu consigo própria comprou umas oliveiras por 60.000 euros) e por despacho aprovou o ''protesto''.
Depois mandou-o à sessão para ser ''ratificado''. Onde o PSD se absteve.
A monarquia absoluta de Luís XIV que dizia
era melhor, ao menos o francês discutia com Richelieu...
Não consigo perceber como é que os edis da Oposição deixam que os tratem assim...
ma
A Comissão para o Livro Negro do Fascismo funcionava no âmbito da Presidência do Governo e era composta entre outros por José Carlos de Vasconcelos, Raul Rego, etc.
Publicou uma séria de estudos e recolha de documentos em edições baratas e cuidadas que são imprescindíveis para estudar a Ditadura.
Foi extinta por Cavaco Silva por razões que ele saberá, quando chegou ao Governo. Economicismo barato.
Numa dessas edições:
Presos Políticos no Regime Fascista IV – 1946-1948, 1985s
foi publicada a ficha policial da dirigente oposicionista abrantina, Fernanda Silva, de que aqui já se falou.
Era imprescindível pegar nesses livros e nos arquivos da PIDE-DGS e militares e retratar os abrantinos que estiveram presos por razoes políticas.
Retirou-se, com a devida vénia, a ficha de Fernanda Silva, do blogue Silêncios e Memórias do investigador e Prof. universitário João Esteves
Para terminar só dizer que o marido de Fernando Silva, o dr. Orlando Pereira é um dos únicos ''abrantinos'' (com o General Marques Godinho e de alguns membros dessa família perseguidos por levarem Santos Costa aos tribunais, devido à morte do General) mencionados por Mário Soares, no '' Le Portugal Bailonnée'', que ainda hoje é a melhor história da Oposição à Ditadura.
ma
Orlando Pereira era natural de Alenquer, Fernanda Silva de Beja, Marques Godinho das Galveias, abrantinos para nós são todos os que atrabés duma permanência larga entre nós ajudaram a tecer esta comunidade
Entrevista a Daniel Augusto António, histórico marçalista laranja, realizada por JGV a 22-1-98
foto do amigo Zé Luz
Acho que por esta época não era directora do clerical boletim nenhuma fidalga....
A Anabela chamava-se Matias
O Daniel também diz que era grande amigo do Dr. Nelson (a malta já sabia, notou-se sempre) e do Dr.Rolando (que nunca notámos)
O Daniel também diz que distribuía o Jornal República, ora nunca a Havaneza o vendeu, vendia-se na Ourivesaria do Sr. Abílio Monteiro, o Comércio do Funchal também não se vendia na Havaneza, vendia-se na Livraria Académica, a Seara Nova também não, vendia-se na Casa Portugal, que era propriedade da família do eng.António Silva Martins (que espero ver, juvenil e se calhar com o Guterres de braço dado no Concurso Hípico do Vimeiro.......e espero que o Sampaio não se atrele..)..
Que se vendia então na Havaneza?
Certamente a Nova Aliança onde o Cónego Freitas fazia editoriais garantindo que o Caudilho era o melhor católico da Ibéria (ver nº 1) e que o Bispo do Porto, pérfido cismático, nunca tinha existido...
A política e a memória em Abrantes são assim....
mn
não me digam que as iniciais JGV significam José da Graça -Vigário...
O ex-deputado à Constituinte de 1975, Manuel Dias, dá uma estranha entrevista à Zahara, nº 23 sob o título ''Oposição ao Estado Novo em Abrantes''.
A entrevista é de Alves Jana,subdirector do boletim.
O Dias começa por dizer que se lembra da actividade oposicionista local ''a partir de uns anitos antes de 1950.''
Começa a falar da candidatura Norton de Matos, que data de ''1948-1949.'' Estranhamente não ouviu falar do homicídio do General Marques Godinho em 1947 e dum enterro que deu brado em Abrantes.
Assim não tem de falar do alegado responsável Santos Costa, Adriano Moreira dixit.
Diz o Dias que ''Abrantes era uma terra politicamente pacata''. Pois, onde os Generais abrantinos eram mortos pela Ditadura e os oposicionistas como o Dias não davam por isso.
Na introdução o Jana diz que o Dias anda com falta de memória, nota-se....
No entanto se o Jana se tivesse dado ao trabalho de estudar a cronologia e ajudar o entrevistado, talvez a coisa saísse menos caótica e absurda.
Como era a Oposição nos anos 40, em Abrantes?
Há dados ? Há, nos arquivos e publicados. E algumas coisas são chatas.
A carta do snr. Correia está na B.Nacional e não vou apresentar Barbosa de Magalhães.
in
Dou um salto em frente, depois de descobrirmos que havia bufos entre a Oposição local.
Quem eram?
O salto é longo, porque o Dias também não se lembra da candidatura de Delgado em 1958 e de quem estava lá, mas nós já aqui dissemos que à volta de outro Godinho, os democratas se organizam e combatem.
O herdeiro do ex-nacional-sindicalista e depois comunista dr.Vergílio Godinho, no seu escritório de Advogado, é o dr. Orlando Pereira.
Este é candidato da Oposição em 1961 em Santarém, mas o Dias também não deu por isso.
Depois o Dias salta para 1972 e diz que houve eleições. É falso.
As eleições foram em 1969 e aí a Oposição divide-se entre a CDE (mais ou menos influenciada pelo PCP) e a CEUD (controlada pela ASP).
Nos anos 70 o Dias cai na megalomania ''Nessa altura, anos 70, os rostos da Oposição era eu e pouco mais''.
O ''pouco mais'' era o Correia Semedo, o Duarte Castel-Branco e o Orlando Pereira, os clandestinos comunistas no Tramagal, de que sabemos o nome, etc.
Antes dos 70, no Chave de Ouro é metido na grelha o estudante Jorge Pessoa Santos Carvalho, como o atesta a respectiva ficha da PIDE, mas o Dias também não se lembra.
Acontece que o Doutor Jorge Santos Carvalho teve de viver no exílio em Belgrado, enquanto o Dias metia tesouras e alfinetes na política abrantina, e também foi o peticionário nº 4, e isso é subversivo.
Continua o Dias a trocar coisas e diz que a D.Fernanda Pereira, mulher do Dr.Orlando era comunista (ou seja muito perigosa como o Santos Carvalho) e não podia sair de casa, que era nesta avenida.
A ''residência fixa'', que o Dias diz que a PIDE teria aplicado à Drª Fernanda, a ter existido, não implicava obviamente que a estimada Senhora não pudesse sair.
Acontece que eu a costumava a ver tomar a bica no ''Pelicano'' com a D.Maria da Luz Semedo, Presidente da organização ''Antigas Alunas do Colégio de Fátima''.
Não vou negar nem a actividade anti-fascista da D.-Fernanda, que vem do MUD, nem a sua vastíssima cultura, nem o seu assanhado sovietismo, mas era uma pessoa simpática e amável com quem dava gosto conversar, excepto sobre a URSS.
Finalmente o artigo oferece-nos boas fotos, porreira uma com o Mário Semedo na varanda da CMA ( o Mário era afilhado do dr. Esteves Pereira), mas algumas como a da Drª Maria Barroso são posteriores ao 25 de Abril, onde o Dias alega que os ''terríveis comunistas'' lhe quiseram dar umas chumbadas em Alpiarça.
Sobre tudo isto, remete-se para este artigo do dr. Eurico Consciência.
Finalmente com o tempo o Manuel Dias vai recuperando alguma memória, agora já vai admitindo que o dr. Eurico foi o principal fundador e homem essencial do PS cá na terra em 1974-1975.
De tanto falar no dr. Orlando e misturar o antes e depois do 25-A, o Manuel Dias esquece-nos de contar que o Advogado se candidatou contra ele em 1975 pelo MDP-CDE.
MN
Representantes do Distrito de Santarém no Comissão Nacional do 3º Congresso da Oposição Democrática (Aveiro-1973)
Santarém
Álvaro Brasileiro (Camponês)
Álvaro Manuel Ferreira Maia (Emp. comercial)
António da Conceição Jorge (Agricultor e comerciante)
António Dias Pereira
António Farinha da Rosa (Operário)
António Tó (Agricultor)
Antunes da Silva (Advogado)
Arlindo Tavares (Emp. Escritório)
Armindo da Silva Fernandes (Comerciante)
Arnaldo Gonçalves Santos (Proprietário)
Augusto Neves (Emp. comercial)
Carlos Bana (Advogado)
Carlos Trincão Marques (Advogado)
Dilina Ferreira Baudouin (Estudante)
Faustino Bretes (Jornalista)
Fernando dos Santos Barreiro
Francisco Perreira Godinho (Empreiteiro)
Francisco Veríssimo Ribeiro
Franklim Soares de Matos Torres (Engenheiro)
Gabriel Feijão Coelho (Operário agrícola)
Humberto Lopes (Advogado)
Jaime Dias (Comerciante)
João José Lopes (Comerciante)
José Alves Pereira (Estudante)
José António Martins Leitão (Advogado)
José Coutinho Lopes (Estudante)
José Faustino Rodrigues Pinhão (Comerciante)
José Fidalgo Pereira (Médico)
José Joaquim Ferreira Boudoin (Comerciante)
José Manuel Bento Sampaio (Médico)
José Manuel Fortunato Raimundo (Emp. escritório)
José Maria Mendes Godinho (Médico veterinário)
Leonardo Cardoso Ramalho (Industrial de carpintaria)
Manuel Cadafaz Matos
Manuel M. Colhe (Camponês)
Olímpio de Oliveira (Marceneiro)
Orlando Pereira (Advogado)
Rafael João (Regente agrícola)
Fonte (PCP-aqui)
Por causa das dúvidas o dr. Humberto Lopes não tem nada a ver com o seu homónimo abrantino. O célebre anti-fascista Armando Fernandes não figura como é óbvio. Devia estar na clandestinidade escondido numa das bibliotecas-panzer do dr. Azeredo Perdigão.
foto epicureu.blogspot.com
Como se verifica o peso do PCP é esmagador. Assinale-se que o advogado de Torres Novas, dr. Carlos Trincão Marques terá um papel essencial na montagem do PCP legal em Abrantes.
De Abrantes, o único nome que surge assinalado é o do Advogado Dr.Orlando Pereira.
Encontramos mais um ou dois nomes relacionados com Abrantes representando outros distritos:
António Reis, ligado ao Mação, hoje Grão-Mestre da Maçonaria (o GOL) por Lisboa
Francisco Lino Neto, do Mação, nome ligado aos católicos-progressistas, por Lisboa
O arq. Keil do Amaral, com vasta obra no Tramagal e muitas ligações à família Duarte Ferreira, por Lisboa.
Vergílio Godinho, advogado nos anos 50 em Abrantes e escritor (de que falámos ontem, num artigo do Mário Semedo) e personagem com um percurso curioso por Castelo Branco..
Agradecemos a quem nos possa informar sobre a biografia e a estadia abrantina do dr. Vergílio Godinho que o faça para o nosso e-mail
porabrantes@hotmail.com
Miguel Abrantes com apoio da Loja Raul Rego
História
grândola- escavação Igreja São Pedro
montalvo e as ciência do nosso tempo
Instituto de História Social (Holanda)
associação de defesa do património santarém
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