É 1905. Concurso público para pároco de S.Vicente. Achamos que ganhou o Padre Raposo do Tramagal, que depois seria um vigoroso adversário das medidas anti-clericais do Justo da Paixão, a quem o difamador Valente da Pera, chamava nos pasquins onde escrevia, Justo das Inclusas. (1)
Dadas as ligações familiares ( era da família do Silva Martins, célebre dinastia de padres do Sardoal) é provável que tenha ganho por influência do Partido Progressista, a quem eram afectos.
Já o paróco anterior, o Dr.Manuel Martins era um notório influente eleitoral da força de José Luciano e no caso local do Visconde do Tramagal.
Safou-se a Igreja de ter a vergonha de ver como pároco, o padre Neves que terminaria excomungado nas Mouriscas, por bailar ao som da Portuguesa, tocada pela Filarmónica do Rossio, que também ficou excomungada. Como o senhor meu Avô, que tocava lá e também foi excomungado.
Levantaria a excomunhão, D.Domingos Frutuoso, mas o meu Avô seria excomungado outra vez.
Laos Deo
(1) O difamador Valente só passou a este nível de insulto quando deu num dos piores fascistas da Cidade.
O Jornal do Brasil de 13 de Novembro de 1904 dedicava vasta atenção à Mãe-Pátria.
E também ao assasinato no Sardoal da mãe do Cónego Silva Martins, assunto já aqui tratado via Sardoal com Memória.
Reproduz-se o recorte :
A principal novidade para mim é que o P.Raposo era ao tempo pároco do Tramagal. Já é uma ajuda para perceber certas coisas da época.
mn
A história do crime regional também tem direito de cidade. Era 1904 e o padre António Silva Martins apanhou certamente o maior desgosto da sua vida.
Boletim CM Sardoal
Estava em Abrantes quando lhe telefonou o primo, padre Dr. Manuel Martins, homem dado à política (era da facção progressista liderada por Solano e foi ele que se enfrentou ao Dr.Bairrão do Tramagal quando este analfabeticamente demoliu o Convento da Graça)
A família Martins dera muitos padres e eles tiveram uma influência política e religiosa enorme na região desde finais do século XIX até meados do século XX. Entre eles o padre Raposo, tão injustamente caluniado pelo Martinho Gaspar naquele opúsculo em que fala da República abrantina.
Sardoal, zona demarcada de produção de padres e seminaristas, casa da família Martins
Que disse o P.Manuel Martins ao primo?
Anda depressa pró Sardoal!
Chegou lá e descobriu que o irmão, o Sr. Dr. José Silva Martins, digno secretário do Governo Civil de Portalegre (certamente para lá nomeado com sonora cunha clerical-progressista), atacara a mãe à machadada.
O Echo do Tejo fez larga reportagem do assassinato
Dizia o jornal progressista que o Dr. José Martins já estivera internado no manicómio, para onde fora levado pela comissão clerical local (ou seja pela família, que na prática era um soviete de padres) e que estava chateado com isso.
A versão do ''Echo'' é que tivera novo ataque de loucura e que pegara no machado e pumba, decapitara a mãe!!!!
Tudo o que se conta foi publicado no excelente blogue ''Sardoal com Memória'',da autoria do estudioso e investigador Sr.Luís Manuel Gonçalves. Para conhecer a história do século XIX na região é a melhor fonte. Luís Gonçalves é autor de vários livros sobre História do Sardoal.
O padre Martins depois seria Pároco de São Vicente de Abrantes, elevado ao Cabido da Sé de Portalegre, fundador dum colégio de freiras franciscanas na R.Actor Taborda (onde está a Casa de Santa Maria) entre cujas alunas temos entre nós, frescas e juvenis, a Senhora Dona Maria Ramiro Godinho e a Senhora Dona Ermelinda Coelho.
Mais tarde as Franciscanas deram o fora e o Cónego, juntamente com Manuel Fernandes e outros, fundaram o actual Colégio de Fátima, que confiaram às Doroteias, que ainda não descobriram quem fundou esse Colégio.
Falo das actuais, conhecidas promotoras imobilárias, e não doutras como a Rev.Madre Borghi ou a minha amiga Rev. Madre Moutinho, que fora aluna do David Mourão Ferreira e que contava histórias deliciosas como o poeta engatatão apareceu envolvido num estranho caso duma tese universitária de autor incerto.
O Cónego Silva Martins foi um homem duro, piedoso, culto, empreendedor, nacional-clerical (longe andavam os tempos em que politicara com o boémio Solano, às ordens de José Luciano de Casto....), sério e certamente marcado pela tragédia familiar.
Comparar Silva Martins com o borra-botas José da Graça é como comparar Deus com o Diap.
A Igreja de Abrantes anda hoje, não pelas ruas da amargura, mas pelas secretarias do DIAP.
MN
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