Quarta-feira, 23.06.21
'' (..) Quanto à largura, esta não ultrapassava os oito metros. "Em Portugal, apenas a ponte de Alferrarede excede este valor (8,5 metros), mas possui uma explicação plausível: exerceu uma dupla função, como ponte e como dique". (..)
diz Paulo Mendes Pinto, que coordenou '' Pontes Romanas de Portugal'', entrevistado por Ana Vaz Milheiro, Um guia para as pontes romanas, Público, 1-5-1999
imagem da DGMN ver ficha aqui
Quinta-feira, 01.04.21
Descoberto em Constância presumível
altar da igreja de São Julião
A descoberta recente de possíveis elementos de um altar da antiga paroquial de São Julião de Punhete (actual Constância) levou a Mesa Administrativa da Misericórdia a projectar um núcleo museológico e expositivo. Está um curso uma candidatura à Tagus, tendo o Montepio provido uma carta de conforto para esse efeito, segundo o Provedor, António Paulo Teixeira.
Ao que apurei junto daquele responsável, os técnicos superiores envolvidos na restauração da Igreja da Misericórdia (empresa de Conservação e Restauro de Torres Vedras) terão equacionado a hipótese dos elementos em causa descobertos (ver fotos) serem estranhos aos altares, retábulo e características da igreja da Irmandade, em cujo seio se fez a fascinante descoberta. Anote-se que este património encontrava-se num sótão da sacristia desde há muito tempo. A imagem do senhor dos Aflitos será também anterior à construção da Igreja da Santa Casa, sendo atribuída aos século XV ou XIV o que poderá provar a sua origem distinta.
Os restos do altar enigmático terão sido guardados pela Irmandade, crê-se, desde pelo menos 1822, data da transladação da antiga paroquial de São Julião (situada na actual Praça Alexandre Herculano) para a Igreja de Nossa Senhora dos Mártires (1).
A instalação de um núcleo museológico e expositivo na sacristia da igreja da Irmandade da Misericórdia de Constância irá contemplar artefactos e peças várias do espólio da igreja da Irmandade e ainda da antiga paroquial ( origem a comprovar-se, é certo, segundo a hipótese em estudo).
A antiga paroquial de São Julião terá sido arruinada pelos invasores franceses, na primeira e terceira invasões (2). O saudoso Cónego José Maria Rodrigues d’Oliveira dizia que a Pia baptismal da actual Matriz tinha sido transladada da igreja de São Julião e contava com pelo menos oito séculos. A expressão «antiga igreja» constante do despacho régio (1) vem corroborar esta conjectura.
Um outro dado muito relevante vem juntar-se a este puzzle alegadamente quinhentista, do altar descoberto. Segundo o testamento dum antigo Provedor da Misericórdia, Dom Francisco de Sande (2) (3), o seu corpo deveria ser sepultado precisamente «em sepultura de meus Avós, que era em a Capela maior da Paroquial Igreja de S. Julião, de Vila de Punhete, ao longo do primeiro degrau; e aos lados estão muitos Irmão e Primos e Tios meus».
Sabemos que a avó dos amigos de Camões (Heitor da Silveira e João Lopes Leitão), do célebre «Banquete das Trovas» terá morrido em 1544 e foi sepultada na Igreja de S, Julião de Punhete (4)
Será que estes restos do altar não serão da Capela maior da velhinha paroquial?
Manuela de Azevedo, saudosa fundadora da Associação da Casa-Memória de Camões em Constância escreveu um dia a «Mágica visão» em que via o poeta a rezar ali na velhinha paroquial de São Julão, paredes meias com a Casa dos arcos e, o palácio da torre onde teria sido prisioneiro.
Será este altar contemporâneo de Camões? Têm a palavra os técnicos e especialistas. À Santa Casa, os agradecimentos pelas informações e fotos.
José Luz (Constância)
PS – não uso o dito AOLP
(1) «Manda El Rei, pela Secretária de Estado dos Negócios de Justiça, que o Reverendo Bispo de Castelo Branco, em conformidade da sua informação, sobre o requerimento do Juiz Presidente e Oficiais da Câmara da Vila de Punhete, faça expedir os despachos necessários, para que a Paróquia da dita Vila, seja transladada, para o Templo dedicado a Nossa Senhora dos Mártires, em razão de estar arruinada a própria, e antiga igreja de S. Julião da dita Vila, combinando-se as horas para que diariamente, os Capelães daquela igreja celebrem as Missas solenes e privadas, e o Pároco da de S. Julião todos os Ofícios Divinos, e administre os Sacramentos: sem perturbação daqueles a que são obrigados os ditos Capelães: fazendo-se Termo, com as devidas declarações, assinado pelo Pároco, Câmara, Mesários da Confraria, e mais Pessoas a quem competir. Palácio de Queluz, em 25 de Fevereiro de 1822. = José da Silva Carvalho.» - Diário do Governo, edições 77-151, página 670.
(2) «Logo na primeira invasão que se verificou nesta Vila no dia 24 de Novembro de 1807 data a ruína dos templos desta Vila (…) Nestes calamitosos dias sofreu o povo desta vila incalculáveis incómodos; foram as casas abertas à tropa, o que se apregoou com pena de morte; os templos franqueados, desacatados e delapidados, ficando este povo tímido, convulso e arruinado, o que totalmente aconteceu na última invasão de… Novembro de 1810 (…)Terra alguma do Ribatejo se pode comparar com esta ruína (…) Que a famosa igreja, obra dos mais remotos séculos, que a paroquial de S. Julião, «que era um monte de oiro», como dela disse o seu Comendador Forbes, que a nossa antiga Mãe, onde descansam os restos dos nossos tão dignos Antepassados, está reduzida à maior indigência, sendo antes decorada com belíssimos quadros e painéis de Grão Vasco, e de outros insignes autores, e o tecto da capela-mor, da mais preciosa arquitectura, e os cinco altares que tinha, enobrecidos com tronos todos doirados, e particularmente com imagens, as mais expressivas e devotas». - Descripção da Vila de Punhete, Verísismo José de Oliveira, 1830, Transcripção, Prefácio e Notas Complementares de José Eugénio de Campos Godinho, 1947.
(3)Testamento de D. Francisco de Sande, de 1 de Janeiro de 1620.
(4)Garcilaso, Principe de poetas, una biografia, Maria Del Carmen Vaquero Serrano, Centro de Estudios Europa-Hispânica, 2013.
Domingo, 14.03.21
Em 2018 foi aprovado o Programa Estratégico de Reabilitação Urbana (PERU), da ARU do Centro Histórico de Constância .
De repente surgiu pintada de azul a casa da antiga taberna na Rua de São Pedro. Sem que haja vestígios no edifício dessa pintura assim
Mais um…No caso do território do centro histórico de Constância há uma diversidade de intervenções previstas ao nível de infraestruturas e espaços verdes urbanos, que se encontram associadas ao programa de investimento público que abrange 25 acções/projectos especificamente ligados à reabilitação/regeneração do edificado e do espaço público urbano, e que totalizam um investimento total de cerca de 3,3 milhões de euros.. Para implementar até dez anos. Capacidade para projectar não falta, por coNo que se refere concretamente à esfera privada, e de acordo com o levantamento efectuado pelos serviços técnicos do município de Constância, foram identificadas cerca de 50 intenções de investidores. Este conjunto de intervenções ascende a cerca de 7,8 milhões de euros de investimento (valor previsional).
Grades recentes nas margens do rio agridem estética da paisagem.
Ao que sabemos há por aí um milionário que compra as casas velhas a cair e não faltam estaleiros na pacata e deserta vila
Durante a tomada de posse o novel presidente afirmou: «A reabilitação do património já edificado na vila e nas aldeias é outra prioridade, deixando de lado novas urbanizações.» Permitam-me um pequeno aparte:já no mandato da gestão socialista temos assistido à remoção de históricas trapeiras bem como ao surgimento de outras onde nunca existiram, assim como vimos aparecer casas pintadas de azul onde a cor reinante sempre foi o branco. Há dias apareceram grades de alumínio na zona do Zêzere a romper com a estética paisagística exigível Os técnicos é que sabem como contornar os regulamentos de salvaguarda e protecção do núcleo histórico. Essa habilidade não é para o comum dos cidadãos.
Remoção de trapeira histórica e característica da antiga praça do centro histórico da vila de Constância
Na origem da desertificação do centro histórico estão várias causas. Uma delas foi a opção errada de se destruir o pinhal D’ El Rey para construções urbanas. Destruíram o “pulmão” da vila. E deslocaram o investimento que deveria ter sido canalizado para o centro histórico, . Se fosse proibido construir nestas zonas (antigo pinhal e Chão da feira) o investimento acabaria por recair na vila.
Súbita construção de três trapeiras no edifício da mercearia do século XVIII, onde não havia nenhuma ( a terceira está no lado oposto).
A zona alta da freguesia e as varandas do Zêzere , bem como Preanes e outros casos pontuais são marcas indeléveis de um conceito errado de urbanismo que ofusca o belo, a estética do nosso velho burgo. Nada será como dantes. O progresso não é incompatível com a aposta na recuperação do centro histórico. Desde que seja essa a opção fundamental. Constância não precisa de ser um grande centro urbano. A vida própria de um dormitório traz consigo a destruição de hábitos societários que só uma comunidade com raízes locais pode garantir. A população local está cada vez,mais reduzida a algumas poucas centenas, se é caso. Somos poucos. Mas temos voz! Infelizmente temos muitos eleitos que nem conhecem sequer a nossa história, as nossas tradições, os nossos valores. Aquilo que fazem nas autarquias aqui fariam igual noutra localidade. Constância é, para muitos autarcas, um número. Não há paixão. Só nos lábios que não no coração. É uma desilusão. E cada vez será pior. Desta geração conhece-se a árvore, os seus frutos. Será difícil a uma autarquia ultrapassar tantos obstáculos. Mas não será completamente impossível. A cidadania organizada em autarquias tais terá de crescer e as máquinas partidárias terão de diminuir? Assim tenham a arte e o engenho. .Conquistado esse patamar terão a consagração popular. Será a personalidade, o carisma, o mérito pessoal que farão a mudança. Por cá já tivemos quem até rasgou o cartão de militante e ainda assim foi convidado a ficar como independente. Porque, apesar de tudo, era maior do que a soma das partes, defeitos à parte.
Mas eu não sou político sou apenas um simples cidadão que já viu a sua vila e o seu património em mãos melhores e com melhores dias.
Uma vila que nem uma ETAR própria tem e que deslocou os habitantes para uma zona afastada da rede de saneamento, não é exemplo de desenvolvimento estratégico sustentado. Ilusões que se pagam caro. Aliás, pagamos todos.
José Luz
(Constância)
PS– não uso o dito AOLP
Sexta-feira, 05.02.21
Como se viu aqui o Centro Social Interparoquial de Abrantes dispunha de 7 milhões de euros em contas bancárias.
O Centro depende das Paróquias.
A Igreja de S.Vicente é monumento nacional e propriedade do Estado, estando cedida à Paróquia, num circunstancialismo jurídico semelhante ao usufruto.
Ou seja a Paróquia é a usufrutuária.
Aplicando as regras jurídicas as obras estruturais de conservação são competência do Estado e as obras rotineiras para manter o templo, são competência da Paróquia, que é rica e milionária.
O recheio da Igreja é em parte propriedade do Estado e outra parte propriedade paroquial (as peças adquiridas depois da devolução do templo aos católicos, após a ''ocupação'' republicana'').
Já agora convém advertir que boa parte das peças que estão no D.Lopo, com origem paroquial, não pertencem à autarquia, mas às paróquias.
Há uns anos, o director da DGPC, depois de visitar a Igreja, advertia o burlão, que mudar umas telhas, era competência da paróquia e que era absurdo exigir à DGPC que o fizesse.
O burlão nem isso fazia em S.João e a Igreja está como está (é propriedade paroquial, segundo os registos), graças ao criminoso abandono do biltre.
Foto Tripadvisor 146vicentel (jun. de 2017)
Assim sendo, restaurar 2 estátuas em S.Vicente competia à Paróquia, mas é a autarquia que vai pagar, 5.650 € mais IVA.
Se uma Paróquia pobre não possui meios financeiros para preservar o seu património artístico, achamos muito bem que a autarquia a ajude.
Está dentro das competências dela.
Mas o que se verifica é que se ajuda quem não precisa e se abandonam templos e espólios artísticos relevantes.
ma
Domingo, 31.01.21
O ''Observador'' publicou uma matéria publicitária sobre Abrantes, patrocinada pelo Turismo do Centro. A CMA sintetizou a coisa assim:
Um leitor atento desmascara, na página da CMA, as palermices do resumo assim:
Na mouche
mn
Quinta-feira, 28.01.21
O Vereador Armindo Silveira interrogou a maioria sobre a situação das ruínas de Santo Amaro, imóvel classificado, destruídas criminosamente pelos vândalos.
A Outeiro das Mós era detentora do Alvará nº 82A, emitido pela Câmara Municipal de Abrantes, em 28-6-2017, para intervir no prédio fronteiro dessa rua (Marquês de Pombal), tendo as obras sido aprovadas por despacho de 24-11-2016.
O dr. Silveira afirmou que o espaço vandalizado, que contém pinturas murais inéditas e túmulos de abrantinos de Seiscentos, estava cheio de ervas e abandonado.
O Caseiro, aparentemente grande amigo dos promotores, afirmou que os pato-bravos tinham metido novo projecto a parecer da DGPC.
Mas calou sobre o resultado do processo de contra-ordenação que em Novembro de 2017, moveu à pataria a autarquia.
Estamos em 2021, o que aconteceu à contra-ordenação?
Levou sumiço?
Continua a andar a passo de caracol?
Como a metida contra o boticário Silva, que destruiu meia rua, ao lado dum imóvel de interesse público, a Casa da Câmara, edifício joanino do máximo interesse, apesar de ter sido abandalhada pelas obras do Bioucas?
Sobre os vândalos pende um processo-crime na comarca e a Judite, também vagarosa, investigava.
Toda esta situação, edis como o Caseiro, patos-bravos como os do Outeiro, Vereadores da Incultura como o neo-fascista Dias, serviços de urbanismo incompetentes como os da Sara Morgado, tornam a vida do património abrantino....um calvário.
Pelo menos desta vez sentaram-se disciplinados perante um magistrado.
Num processo-crime.
E outros também se sentaram no caso da Amieira.
É para aprenderem.
ma
Segunda-feira, 25.01.21
Frescos no Solar Caldeira, no Rossio, ´que está à venda por um pouco mais de 500 mil euros.
Que políticas há para classificar e defender os imóveis que marcam uma terra?
Imagens Portugal Rural com a devida vénia
Domingo, 24.01.21
O que é isto?
Um barracão a par de S.João.
Quem é a dona?
A Câmara de Abrantes (que o vendeu a um diplomata, em pouco transparente negociata, dizendo que era espanhol, quando era luso, também diziam que era para um atelier e como o negócio se gorou, recompraram-no)
Quem mantém um edifício destelhado e arruinado ao lado da mais velha Igreja da Urbe?
O Valamatos, fragilizando o tecido urbano, prostituindo uma área monumental, dando sórdido exemplo da regeneração urbana.
Só o Valamatos?
Todos os edis, excepto o Armindo que reiteradamente protestou contra esta vergonha, propondo a demolição, para valorizar o monumento.
Quem trata assim a Cidade de Abrantes, quem despreza os nossos monumentos, quem maltrata o património, quem fragiliza a nossa identidade colectiva, não merece governar.
Na Igreja, ouviu missa o Mestre de Avis antes de ir fragilizar castelhanos, massacrando-os em Aljubarrota.
Só por isso merecia respeito S.João. Mas nem sequer uma placa avisa, o turista ou o abrantino, da efeméride. Mas um barracão destelhado, avisa a todos, que isto é uma Câmara que despreza o património, desonra Abrantes e nos cobre de vergonha.
ma
foto: Imovirtual
Domingo, 27.12.20
Quinta-feira, 19.11.20
A oportunidade cria-se e destrói-se...
A Igreja da Misericórdia foi classificada pelo Estado português como de «interesse público» segundo o artigo 2º do Decreto-lei nº 95/78, de 12 de Setembro.
O conjunto e o pormenor do painel degradado do altar-mor da Igreja da Irmandade, de inspiração renascentista, pintado inicialmente de verde e amarelo, é de Domingos Vieira Serrão, pintor de Filipe I I que tem obra no Convento de Cristo e no Louvre.
Desde o início dos anos 90 que a Santa Casa procurou recuperar e conservar em especial o seu altar-mor. Sem sucesso! Nos anos 80 já tinha havido uma obra de recuperação da sacristia, do tecto e do interior do trono, parte de trás, era Provedor o sr Aurélio Nogueira.
O município de Constância deve contribuir para a recuperação deste património de uma vez por todas. Não adiando mais esse apoio. Cumprindo assim com uma das suas atribuições (Lei 75/2013, na sua versão actual).
É o que se espera dos autarcas pois apenas são gestores da coisa pública e bem pagos.
É lamentável que a actual força municipal maioritária tenha bloqueado uma proposta da Santa Casa quando eram força minoritária, em que a Irmandade propôs por exemplo a salvaguarda de património arquivístico, muito relevante e raro sobre o Concelho.
Quem exerce o poder público não deve seleccionar o calendário político mais propício para dar apoios.
A Dra Manuela de Azevedo, a Doutora Manuela Mendonça, eu próprio, o antigo Provedor Vasco Botelho de Souza, procurámos a defesa do património arquivístico a que atrás me refiro. A proposta de protocolo foi aprovada pela assembleia geral a que eu presidia. Mas o PS, na câmara, com os seus jogos de bastidores fez abortar os contactos que então tínhamos desenvolvido com o executivo, acaso da CDU. Fosse o que fosse, não importa.
Quem ama Constância de verdade, olha primeiro para o interesse público.
Nos últimos quatro anos várias vezes tenho alertado para a urgência da recuperação da Igreja da Irmandade. na linha do que sempre fiz. Não é demais recordar que o actual Provedor integrou os corpos gerentes no mandato em que nos anos 90 tentámos, sob iniciativa do seu pai, o antigo Provedor António da Silva Teixeira, levar a bom porto uma candidatura oficial de recuperação do altar-mor.
À Mesa Administrativa só posso desejar sucesso nos projectos que estão a desenvolver neste âmbito.
Aos autarcas fica uma palavra para que não sejam oportunistas. A Igreja está cada vez mais degradada porque os senhores querem. Quem tem o poder de gerir não tem desculpas eternas.
Sei muito, muito bem do que falo.
Boicotam umas e aprovam outras. Estimulam umas e desincentivam outras...
título e sublinhado nosso