A prisão do dirigente comunista Guilherme da Costa Carvalho na estação de Abrantes, relatada pelo Inspector da PIDE, Fernando Gouveia (Memórias de Um Inspector da PIDE, A Organização Clandestina do PCP, Lisboa, 1978 ).
Carvalho foi denunciado por uma passageira, que o acusou de lhe ter roubado a carteira, coisa falsa.
ma
Segundo esta entrevista de M.João Avillez à abrantina, a sua saída dos Governos provisórios foi imposta pelo PCP, porque ela estaria a seduzir muitos militantes de base comunistas.
Terá sido assim?
Parece-me que a engenheira era demasiado optimista acerca do seu prestígio entre a ''muralha de aço''.
ma
Tiro ao Soares
jornal alemão 1975
mn
Que querem o rosto dum jovem abrantino, o Faustino das Fragatas ou um rosto curtido pela perseguição e pela tortura fascista?
O primeiro é este:
O segundo é este, passara pelos Açores e por Angra, pelo Tarrafal , onde longos anos de cadeia e a tortura da frigideira deixou marcas, mas onde não vergou. (1)
Joaquim Faustino de Campos, de Rio de Moinhos, marítimo, foi preso em 1935 como comunista, transferido para o Aljube. E, em 1936, nova prisão, Aljube, transferido para Angra, no ''Carvalho Araújo''. Condenado a 540 dias de cadeia é mandado para o Tarrafal. E aí, desde 1936 a 1945, resiste ao Campo da Morte.
Libertado em 1945.
Em 1958, nova prisão, vários meses em Caxias.(2)
Na cadeia, no Tarrafal, o Faustino, conhecido pela sua força hercúlea, não se priva de dar uma sova-mestra no pide Seixas, um dos algozes da Ditadura,.
'' Seixas aproximou-se e com vagares e ares divertidos foi dizendo:
- Tiveram sorte. Chegaram estas cinco. E para o camarada Faustino, que havia muito andava provocando: - Tu não merecias isto...
Mas, mal lhe tocou com a carta no queixo logo foi esbofeteado e com tamanha gana que cambaleou.
Como não trazia arma, pois não era permitido andar-se armado dentro do Campo -não fôsse-mos nós arrancar-lhes as pistolas -, correu para
o guarda do portão. Estava de serviço o Cardoso que, justiça lhe seja feita; lha recusou e lhe virou as costas.
Joaquim Faustino foi levado à coronhada para a frigideira e ali foi espancado por seis guardas.'' (3)
ma
(1)- Comissão do Livro Negro sobre o Regime Fascista ''Presos Políticos no Regime Fascista, 1932-35'', Lisboa, 1981
(2) Ficha Prisional, Torre do Tombo
(3) Título: TARRAFAL-Testemunhos, Autor: Vários,
Editorial Caminho, SARL, Lisboa, 1978
Foi reeleito para o CC do Partido da Classe Operária, o Camarada Octávio Augusto, operário, da Direcção regional de Santarém e muito ligado à nossa terra, segundo sublinhava Mário Semedo.
Já agora pedimos ao Camarada que faça o possível por ressuscitar a CDU local que anda adormecida.
Já temos saudades de saídas criativas destas:
Filho dum milionário, um corretor da bolsa nortenho e da indómita D.Herculana, será uma personagem lendária dentro do PCP e animará duas das mais espectaculares fugas de Peniche e Caxias. Cumprirá 16 anos de cadeia, depois dos esbirros da GNR fascista, o terem prendido em Abrantes. ( Para os dados biográficos-Helena Pato-Anti-Fascistas da Resistência.)
Tempos depois, já adiantados os anos 50, é assassinado na esquadra da GNR de Abrantes, um preso com motivações políticas. O Advogado Aníbal Martinho denuncia a situação e será vítima de perseguição graças aos cuidados do mais célebre bufo abrantino, Ferro Alves.
O Dr.Martinho fora um dos vultos do MUD, cá no burgo.
mn
fonte :ANTT
Em 1949 era enviado para Caxias o serralheiro tramagalense Eleutério Dias Pinheiro.
Já tinha sido condenado a pena leve, nos anos 30, no âmbito do desmantelamento duma célula comunista e dum grupo alegamente armado, em Abrantes, cujo principal vulto era o operário da MDF, de Rio de Moinhos, Zeferino Seabra Esteves, que foi condenado a dez anos de deportação para Angra do Heroísmo, como já se viu.
Conseguiu-se a informação sobre o processo dos anos 30, graças a um recorte hoje publicado no face pelo sr. dr. Octávio de Oliveira, a quem se agradece.
ma
Outro dia referiu-se aqui, a propósito da desmemória do Manuel Dias, a presença de activistas clandestinos comunistas no Tramagal desde muito cedo. Os nomes quando houver tempo.
Mas já se pode dar (e já se sabia) o nome dum dos importantes controleiros dos anos 50.
O ''corticeiro'' José Vitoriano, algarvio, chegou a Vice-Presidente da Assembleia da República e teve importante papel no Ribatejo e no Tramagal nos anos 50.
E em Paris onde acolheu Zita Seabra.
Ele próprio contou a história aqui.
O Vitoriano foi nessa altura preso pelo Pide abrantino Rosa Casaco, em Alcanena (1953).
Tudo neste livro, que se recomenda.. O extracto reproduzido é da 2 ª parte da tese da autora citada : ''Estratégias e Evolução da Oposição silvense na Consolidação do Regime Salazarista (1935 1949) ''
Havia mais coisas para dizer mas só duas curiosidades,dada a longa tradição silvense de indústria corticeira e também a abrantina, houve algarvios a trabalhar aqui e abrantinos a trabalhar lá. Laços e intercâmbios que se criaram.
Uma das personalidades silvenses biografadas é o Advogado dr.Neves Anacleto, que se bem me lembro é o Avô do Francisco Louçã e que depois do 25 de Abril deu um contra-revolucionário. Um homem curioso e de forte personalidade.
MA
créditos: Avante e edições Colibri e tese da autora citada
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