O Rev.Padre Gonçalo Portocarrero de Almada vem defender o Vigário.
O ''Vigário'' foi o título dum livro de Rolf Hochhuth sobre Pacelli e a sua actuação em relação ao III Reich e aos judeus.
O volume escandalizou os católicos e ainda me lembro como a ''boa imprensa'' reagiu à denúncia.
Não vou dizer que Pacelli foi um nazi, é falso. Mas....
O senhor gordo e baixinho, à direita, do Pontífice, chamado Giovanni Roncalli, filho duns camponeses do Veneto (ao contrário de Pacelli, que vinha da ''nobreza negra'', isto é os nobilitados pelos seus serviços ao Vaticano na burocracia romana), desodedeceu ao Papa.
Mandou Pacelli que não se entregassem as crianças judias, que estavam sob a égide de instituições católicas, aos pais.
Que queria o Papa?
Baptizar os miúdos e torná-los ''bons católicos'' e que não regressassem à Lei mosaica.
Teminara a guerra e os pais queriam os filhos de volta.
E Pacelli não os queria entregar.
Há maior crueldade-que negar a uns pais a tutela dos filhos?
E Roncalli, núncio do Vaticano, desobedeceu e entregou-os.
O ''Haaretz'', o grande jornal liberal de Eretz Israel, contou a história.
O Padre Gonçalo cita um montão de testemunhos para defender Pacelli, já agora:
Todos sabem que Roncalli foi o sucessor de Pio XII.
E foi o homem que mandou terminar com as orações que diziam que os judeus eram os ''assassinos de Cristo''.
mn
A secção de hagiografia católica costuma caracterizar-se pela imbecilidade mais fracturante. Mas como esta biografia apologética de D.Manuel Mendes da Conceição Santos há poucas.
Conceição Santos foi Bispo de Portalegre e depois Arcebispo de Évora. E chegou a ser candidato a Cardeal Patriarca, mas Salazar sabotou a coisa e nomeou o Cerejeira.
Entrou na Diocese e arranjou logo um programa de acção.
Era um homem com a obsessão sadia da castidade
Queria a Diocese casta:
'' O novo Bispo veio encontrar a diocese de Portalegre inteiramente desarticulada, sem Paço Episcopal e sem Seminário, de que o seu sucessor D. António Moutinho fora esbulhado, sofrendo mesmo o exílio. Desde logo, porém, devotou-se, com toda a paixão do seu primeiro amor de Bispo à amada esposa, a Igreja Portalegrense, que quis « entregar virgem e casta a Jesus Cristo », conforme se lê nas notas que escreveu durante o retiro para o episcopado.''
Estava tão alarmado com o impudor que: '' Na modéstia e no contacto com senhoras era cheio de delicadeza e de prudência. Assim, quando uma senhora de grande respeitabilidade, em cuja casa ficaria hospedado numa localidade da Arquidiocese, lhe enviou o seu automóvel para o transportar, ao saber que vinha nele uma senhora nova, filha da sua anfitriã, mandou agradecer, pediu desculpa de não aproveitar o carro e solicitou o empréstimo de outro automóvel, porque ainda então o Prelado eborense não tinha carro e socorria-se dos que lhe emprestavam os diocesanos generosos. A sua delicadeza não impedia de manifestar desacordo com as modas imorais, chegando a ponto de recusar a Confirmação a filhas dos donos da casa onde se encontrava hospedado, mandando-as às mães para que as vestissem mais modestamente. Contava o seu sucessor D. Manuel Trindade Salgueiro que, ainda nas últimas conferências episcopais em que participou, insistiu para que o Episcopado publicasse uma nota contra as modas menos decentes.
O zelo pela castidade dos seus padres mostrou-o na insistência com que nos retiros a inculcava nos retiros e revela-se neste episódio : pedira a um secretário para lho comprar determinado diário vespertino de Lisboa e, como reparasse que o jornal apresentava uma figura feminina pouco decente, procurou ocultá-la aos olhos do jovem secretário.''
in
Queria o Episcopado nomear um homem destes para Patriarca e a coisa alarmou Salazar.
Quem sabe se numa recepção o angélico arauto começava a fulminar os decotes das senhoras ???
Salazar manobrou e bem para nomear um homem menos rico ( Conceição Santos era duma família rica de Torres Novas), mas mais liberal e mais actualizado e
certamente mais evoluído. Saiu Gonçalves Cerejeira que por muito salazarista que fosse esteve sempre aberto à Cultura, capaz de ler Sartre e Camus e que nunca censurou os decotes das mulheres dos Embaixadores ou das Rainhas.
.Resumamos a diplomática actividade de Oliveira Salazar, mas antes convém contar que Conceição Santos fora colega de universidade do aristocrata negro Eugenio Pacelli, que seria Pio XII.
De triste e negra memória.
Mas em 1929 quando é preciso substituir o Cardeal Mendes Belo, Pacelli é já um importante diplomata, o núncio na Alemanha
e já financiara pessoalmente o partido nazi, em Munique, onde conhecera um agitador chamado Adolf Hitler.
O Papa nomeia-o Secretário de Estado em 1930, e a partir daqui é o responsável pela política externa do Vaticano. Se fosse ele Secretário em 29 teria ido mais sorte o Arcebispo de Évora. Quem sabe?
Salgado de Matos o melhor especialista destas coisas explica assim a sucessão. Leiam aqui
A obra de S.Matos sobre as relações entre a Hierarquia e o Estado é extraordinária.
Mas já vai longo o post. Resta dizer que o hagiógrafo comenta que Conceição Santos também tinha um santo e justificado horror às gralhas. Espero que não haja nenhuma por aqui. Finalmente convém anotar que quando Conceição Santos entra em Portalegre, encontra uma Diocese dizimada pela perseguição republicana
E o pilar da Diocese vai ser José Adriano
Pequito Rebelo, o mesmo que na década de 50 conspirará com D.António Ferreira Gomes contra Salazar.
O mundo dá muitas voltas.
ma
citação de Luís Salgado de Matos na Análise Social
Os bispos portugueses: da Concordata
ao 25 de Abril — alguns aspectos**
Arauto do Evangelho
Obra citada
Apesar de homens valentes como o Dr.Baptista, a Igreja de Portugal teve perante a Ditadura, que era uma criatura sua, este papel, abençoá-la.
Tudo no livro de
Carta do Núncio Giovanni Beda a Pacelli, o tipo que como Núncio em Munique financiou o partido nazi e que pela época era Secretário de Estado, o futuro PioXII
in
O Dr.Baptista era António Alçada Baptista que viu como os católicos portugueses se recusavam a formar um partido democrata-cristão para se enfrentarem a Salazar e por isso se sentia envergonhado do catolicismo português.
As ratas de sacristia abrantinas da época eram más, as de hoje piores...
mn
Parece que o Sr. Moleirinho é um novato na política e que o seu conselheiro espiritual e político Anacleto Baptista também. Mas os dois andam nela há demasiado tempo (especialmente o 2º) para não saberem as consequências de certos actos.
Houve uma altura em que o filho da D.Francelina Chambel teve de deixar o comando dos bombeiros do Sardoal.
E os seus amigos políticos não o deixaram órfão nem a ele nem à mãezinha (cuja liderança na vila dos Lagartos merecia um ensaio sobre o que é o caciquismo feito à moda matriarcal).
Sempre é bom ter amigos.....
Hoje, o Sr. Chambel manda na protecção civil no Distrito. E é acaso mais poderoso que o Sr.Baptista mais o Sr.Moleirinho, juntos.
O poder em política é para se usar.
As contas para se fazerem.
E os ajustes de contas devem ser ponderados, considerando as suas consequências no futuro.
Por isso os canários voaram para a Borda de Água e o Pinhal ficou sem canários.
O Sr.Baptista que é super-católico talvez perceba com uma parábola:
Pio XII tinha um animal doméstico. Desmente-se assim a mentira que circula pelos media que Ratzinguer é o primeiro Papa a tê-los (tem 3 gatos e gosta de dar de comer a gatos vadios).
Sua Santidade, Pio XII
Pio XII tinha um canário. Abria a porta da gaiola, o canário voava pelo escritório do Papa, pousava no dedo dele, falavam disto e daquilo, o Papa punha-se a escrever, por exemplo uma Encíclica ou uma carta ao Doutor Salazar, dizendo que Portugal era o país mais moral da Europa, o
canário voava e quando se cansava voltava pacificamente para a gaiola.
Os canários do Sardoal voaram para a Borda de Água, está visto que o Provedor da Santa Casa do Sardoal e o Sr.Moleirinho não têm o talento para domesticar bichos de Suas Santidades.
Por muitas Semanas Santas que promovam.
Miguel Abrantes
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