O Guerra Junqueiro dedicou não ao Soriano, mas à sua porra descomunal, um poema célebre
há outra edição relativamente recente, da magnífica e desaparecida editora E ETC. Junqueiro quis fazer desaparecer o poema, mas não conseguiu. Para além de figurar noutras recolhas, a Natália Correia publicou-o na famosa ''Antologia da Poesia Erótica e Satírica'.
O Manuel Ferreira, excelente alfarrabista do Porto oferece uma edição clandestina do século XIX, que pensa ser a original
aparentemente editada sem licença do Junqueiro, mas também oferece outra edição de 1882
Que diz o poema?
Eu canto do Soriano o singular mangalho ! Empreza colossal ! Ciclopico trabalho ! Para o cantar inteiro e o cantar bem Precisava de viver como Mathusalem. Dez seculos ! Enfim, n'esta pobresa métrica Cantemos essa porra, porra kilometrica, d'onde pendem os colhões de que dão ideia vaga as nadegas brutais do Arcebispo de Braga.
*
Sim, cantemos a porra, o caralho iracundo que, antes de nervo crú, já foi eixo do Mundo ! Mastro do Leviathan ! Iminencia revél ! Estando murcho foi a Torre de Babel ! Caralho singular ! É contemplal-lo É vel-o tezo ! Atravessaria o quê ? O sete estrelo !! Em Thebas, em Paris, em Lagos, em Gomôrra juro que ninguem viu tão formidavel porra ! É uma porra, arquiporra ! É um caralhão atroz que se lhe pódem dar trinta ou quarenta nós e, ainda assim, fica o caralho preciso para foder da Terra, Eva no Paraizo !! É uma porra infinita, é um caralho insonte que nas roscas outr'ora estrangulou Le Comte*.
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Oh, caralho imortal ! Gloria d'estes luzos ! Tu poderias suprir todos os parafusos que espremem com vigor os cáchos do Alto Douro ! Onde ha um abysmo, onde ha um sorvedouro que assim possa conter esta porra do diabo ??! Marquez de Valadas em vão mostra o rábo, em vão mostra o fundo o pavoroso Oceano ! - Nada, nada contém a porra do Soriano !!
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Quando morrer, Senhor, que extraordinaria cóva, que bainha, meu Deus, para esta porra nova, esta porra infeliz, esta porra precita, judia errante atraz de uma crica infinita ?? - Uma fenda do globo, um sorvedouro ignoto que lhe ha-de abrir talvez um dia um terramoto para que desagúe, esta porra medonha, em grossos borbotões de clerical langonha !!!
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A porra do Soriano, é um infinito assumpto ! Se ella está em Lisbôa ou em Coimbra, pergunto ? Onde é que começa ? Onde é que termina essa porra, que estando em Braga, está na China, porra que corre mais que o próprio pensamento, porque é porra de pardal e porra de jumento ?? Porra ! Mil vezes porra ! Porra de bruto que é capaz de foder o Cosmos n'um minuto !!!
(a) Guerra Junqueiro.
(retirado do blogue http://users.skynet.be/manel/pedrosorianoversos.htm com a devida vénia)
Pode ouvi-lo aqui declamado
O que nos interessa é que o Pedro Soriano veio viver para Abrantes
Pode ler aqui a apresentação da edição da Tinta da China, que foi organizada pelo Prof. António Ventura, um dos maiores eruditos lusos sobre o século XIX e um grande bibliófilo, onde conta toda a história do Soriano, incluindo a sua estada abrantina, quando apesar de se encontrar relativamente bem abonado, começa a suspeitar que Maria Eugénia, uma menor que seduzira e conduzira a um casamento simulado, o engana. Tudo isso vai conduzir ao assassinato do ''amante''.
Segundo indicação nuns apontamentos que vi de Diogo Oleiro as duas edições contemporâneas de Junqueiro constavam da biblioteca do Dr.Solano de Abreu, que tinha uma secção abundante de obras ''galantes''. Onde é que elas estarão???'.
MN
esta obra (a porra bem como a citada pelo António Ventura, que conta a ''biografia'' do Soriano são das mais raras referentes a Abrantes do século XIX em relação a obra impressa)
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