Carta (extracto) de Martins Júnior ao Ministro do Interior, António José de Almeida, em 1911, em que denuncia como o cacique republicano do Mação, Samuel Mirrado,
fez desaparecer 400 eleitores ''inconvenientes''.:
'' (..)
(...) ''Confirmo o conteúdo do meu telegrama e peço a V.Exa que confirme as providências necessárias de que forma que o Sr.Dr.Samuel Mirrado não prossiga na arbitrariedade de cortar no recenseamento eleitoral 400 eleitores no concelho do Mação.
V.Exa sabe perfeitamente que o povo do concelho do Mação está divorciado do modo de proceder do Dr.Mirrado, que tem sido sobremaneira arrogante e desabrido.
V.Exa que sempre gritou contra as injustiças não permitirá que esta inqualificável acção vá por diante.
Eu vou ser proposto Deputado por este distrito e tenho absoluta certeza que serei eleito,por uma grande maioria, ora o corte dos 400 votos obedece somente ao Samuel saber que no concelho de Mação, terra do meu pai (1), conto em cada cidadão um dedicado amigo.
V.Exa sabe que apesar de não ser eleito ou sancionado pelo Directório, indo ao Parlamento serei tão republicano, como os confeccionados pelo Directório.
Disse ontem em Abrantes, diante de representantes de todo o concelho e concelhos diferentes apregoar a ideia e a crença que sendo as eleições livres (como espero que sejam) sem favores nem receio, vou ao Parlamento.
Para isto basta que V.Exa numa medida de honestidade briosa, como são todas as que lhe conheço, atenda às reclamações do povo do Mação, respeitando o direito dos votantes antigos, sem favor, apenas praticando mais um acto de plena justiça (...)''
Junta carta de um amigo monárquico que denuncia a chapelada do Mirrado e que foi irradiado também das listas de votantes.
Martins Júnior como António Maria Baptista foram candidatos republicanos dissidentes nas eleições à Constituinte, contra os candidatos oficiais do PRP, cujo chefe local e principal candidato era Ramiro Guedes.
O Guedes teve 2.559 votos, em Abrantes, e Martins Júnior 642. Os votos deste foram sobretudo no Rossio, mas mesmo aí foi batido por João Damas. O Baptista teve 491 votos no concelho.
ma
(dados eleitorais: Eduardo Campos, Cronologia do Século XX)
(1) O industrial de moagens João Augusto Silva Martins, dono da fábrica Afonso XIII, no Rossio. Era influente regenerador.
''Referir-me hei tambêm ao que o Sr. Dr. Ramiro Guedes se referiu: à falta de professores primários nas escolas, à dificuldade de se criarem tantas escolas quantas são precisas, por isso que os recursos não chegam.
Não compreendo que havendo escolas e havendo professores diplomados, se dê o caso de, numa freguesia do concelho de Abrantes, S. João Baptista, apenas porque um dos candidatos requereu ser provido no lugar, o concurso ser anulado.
Não houve qualquer razão especial.
E possível que alguma razão superior tenha havido, mas permitam-me dizer ao Senado que tenho graves apreensões acerca dos serviços de instrução secundária e tambêm primária, da regularidade com que os serviços da Direcção Geral Superior vão correndo, pois tendo eu já tido interferência numa colocação aliás justa e moldada pelos princípios reguladores da justiça e da lei. tive ocasião de observar que ali se punham sempre dificuldades quando os indivíduos indigitados não tinham lâmpada acesa.
É preciso evitar que todos êstes processos que caracterizavam o regime deposto, não continuem a usar-se no regime republicano.'
Ou temos moralidade ou então não valia a pena que tantos se tivessem sacrificado, pedindo justiça e cumprimento da lei.
Pedia ao Sr. Ministro da Justiça o favor de comunicar ao seu colega do Interior as minhas considerações, a fim de que não seja desrespeitada a lei em qualquer das suas manifestações.''
Palavras do Senador Abrantino, José Maria Pereira, em 2 de Dezembro de 1911
Ou de como se anulavam concursos porque o candidato não era da cor, ou seja do Partido Democrático.
A seguir, o Eusébio Leão bradou que '' que a República Portuguesa era um exemplo para o mundo''; frase que o Américo Tomaz e o Salazar copiaram.
Concursos à maneira, como em 1911, são o pão nosso de casa dia...
Pormenor do Manifesto da Candidatura Conservadora às autárquicas de 1918, onde se reúnem católicos como Guilherme Moura Neves, ex-regeneradores como o farmacêutico tramagalense Motta Ferraz (o vereador regenerador que trouxera a luz eléctrica), os históricos do PRP Manuel João da Rosa (1º Presidente da CMA em 1910), Ramiro Guedes, sidonistas, etc.
Estão naturalmente ausentes os integralistas de Henrique Silva Martins, que já andavam a conspirar com o Valente dos democráticos.
O bloco conservador está na origem do futuro Grupo de Manuel Fernandes
Sociológicamente há grandes lavradores (Rosa, Moura Neves, Burguete, Soares Mendes), grandes comerciantes (José Pedro Marques, histórico do PRP), médicos (Guedes e Oliveira). Alguns tinham tido cargos autárquicos regeneradores e outros tinham andado no P. Evolucionista (Guedes, fora o líder...)
Há um grande ausente: Solano de Abreu ou o velho monárquico progressista ainda se recusava a alinhar com regeneradores ou com os republicanos que o tinham saneado....da CMA em 1910....
ma
Uma das 180 moedas romanas, encontradas em Valhascos, em 1880, dentro de panelas, e oferecidas pelo Dr. Ramiro Guedes
ao Dr. Leite de Vasconcelos, que foi o fundador do actual Museu Nacional de Arqueologia.
Ficha do Museu:
Setembro foi um mês fatídico na vida de Teófilo Braga
Nesse mês de 1887 perdeu a filha e de novo em Setembro de 1911, perdeu a mulher D. Maria do Carmo Xavier de Barros Leite.
Todos os outros filhos já tinham falecido.
A falecida era filha de Júlio de Matos
Das duas vezes recebeu um telegrama de Ramiro Guedes dando-lhe os sentimentos.
No último telegrama, tinha acabado de abandonar a Presidência.
Percorro os arquivos do açoriano, lá está outro telegrama do abrantino dando os pesâmes pela morte doutro filho do fidagal inimigo de Antero de Quental.
Teófilo estava convencido que ia atingir a imortalidade, guardou a papelada toda.
ma
''Em Abrantes, foi pedida em casamento pelo sr António Augusto Correia de Campos, distinto cirurgião-ajudante de caçadores 8, a srº D. Maria Adelaide Guedes, gentil filha do sr. dr. Ramiro Guedes.''
Diário Ilustrado, órgão regenerador, 26 de Agosto de 1895
Pelos vistos o Avellar Machado não ficara ofendido pelo vibrante discurso do Guedes no comício liberal de Fevereiro
Os vencedores da jornada do 5 de Outubro em pose vitoriosa. O povo que se bateu em Lisboa contra os soldados de Paiva Couceiro com a galhardia que os portugueses costumam mostrar quando se batem pelo que acreditam, não está cá.
Estão cá os drs do PRP e os influentes eleitorais da Província. Incluídos os abrantinos. A maior parte deles homens de honra que em breve estará nas filas da oposição contra Afonso Costa.
Agora o agradecimento ao grande jornalista responsável por um dos melhores semanários lusos de todos os tempos, ''A Vida Mundial'' , Carlos Ferrão . Este número da V.M. de 2-10-70, onde saiu esta gravura, aquando do 60º aniversário da República, todo dedicado ao 5 de Outubro, ainda é hoje das melhores coisas sobre o evento. Era ele o director e a alma desta grande revista.
E o melhor para uma crónica abrantina, quais são os de cá que aparecem neste quadro de honra do PRP, que era também um mapa das relações de poder existentes no novo Portugal? Veremos a identificação, mas os rostos quase não são reconhecíveis, estão quase ignotos , sinal de que o P.R.P. de Abrantes pesava pouco em Lisboa.
Sinal de que o bonito conto que nos querem vender do peso de Abrantes no movimento republicano foi escasso.
Quais são os abrantinos? Identificamos Ramiro Guedes, Manuel João da Rosa, António Farinha Pereira e Justo Rosa da Paixão.
Mais nenhum.
Se o leitor descobrir mais algum agradecemos que nos diga.
mn
A botica podia ser a do Montepio, da qual o dr. Aurélio Netto, abrantino, com infância no Tramagal e estudos em Coimbra, foi director.
A revista é a madrilena ''Farmácia Española'' de Novembro de 1892.
Aurélio Netto foi um ferrenho republicano, director de ''O Abrantes'', folha radicalmente anti-dinástica e anti-clerical.
Em Abril de 92, o Administrador do Concelho era Emilio Joaquim Ferreira Segurado.
mn
A Capital, diário republicano, 4 de Dezembro de 1910
(gamado ao Zé Luz que no face faz um notabilíssimo trabalho de preservaçao da memória de Constância)
Inácio de Loyola, na Quinta de Santa Bárbara, antiga propriedade da Companhia, o medalhão escapou à sanha republicana porque a Quinta era em 1910, propriedade do deputado e médico abrantino Zeferino Falcão
Há uma gralha, o Jornal chama a Martins Júnior....José, chamava-se João
Martins Júnior diz ''Afonso Costa é o Marquês de Pombal do século XX''
'' O mais lídimo representante da raça latina''
A ''excursão'' do Martins Júnior parece ter sido feita um pouco à revelia da estrutura local e distrital do PRP
a excursão oficial do Ramiro Guedes fora a 6-11-1910
havia uma evidente rivalidade política, que se iria acentuar com os anos e que terminaria com Martins Júnior comandando golpistas armados contra a República....
mn
Brasil-Portugal 1900
Termina o jornal pedindo que a lepra da política não deite olho ao médico abrantino, ia tarde já vimos que o filho do político e médico Zeferino Benevenuto de Serpa Pacheco e de D. Maria Cândida Costa de Oliveira Falcão Pacheco.......
(o melhor cronista do liberalismo abrantino)
acabaria a carreira política ao lado de outro médico, aliados em 1895 contra Hintze, unidos no apoio a Sidónio, o Falcão, Presidente do Senado, o Guedes, Governador Civil de Santarém.
Os dois começaram à esquerda e terminaram na extrema-direita e os dois foram médicos ilustres.
E acho que no fim da vida os dois achavam que a política era uma lepra.
mn
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