A vila de Constância (antiga Punhete) e a sua antiga Torre emblemática andarão ligadas à história prodigiosa da Restauração de 1640. Simão Coelho, Deputado do Santo Ofício, revela-nos um episódio dito prodigioso ocorrido em Punhete possivelmente ainda no final do século XVI (?) de que teve conhecimento através de seu irmão, Nuno Coelho. Do Tejo terão surgido vozes proféticas de meninos invisíveis a aclamar o duque de Bragança: «Real, Real, por Dom JOAM M Alto Rey de Portugal».
O «homem Santo» a quem as vozes se destinavam era, nem mais nem menos, Frey António de Sande, dominicano, sacerdote de «esclarecidas virtudes», bem conhecido no reino pelo seu «Santo exemplo». Em Constância, na Torre do antigo Castelo e então Palácio dos Sandes, terá testemunhado o caso raro da profecia da restauração…Este caso, registado pelo deputado do Santo Ofício, Simão Torrezão Coelho (1) , foi ouvido por este a seu irmão, Nuno Coelho, contador do mestrado de Cristo. Acontecera que Nuno Coelho, vindo a Lisboa em 1642 «beijar a mão a El Rey nosso senhor, que Deus guarde», lhe referiu o episódio «que mais de vinte anos antes da feliz aclamação de El Rey Nosso Senhor» lhe contara a mulher. Dissera então Nuno Coelho a seu irmão, o seguinte: que soube por sua mulher , Dona Luiza de Sande, que o tio dela – passa-se a transcrever – «Padre Frey António de Sande, Religioso da Ordem de São Domingos, e de vida mi exemplar, estando uma vez na Vila de Punhete com suas irmãs Dona Antónia de Sande, e Dona Joana de Andrada, se fora para uma torre das casas de seu irmão Dom Francisco de Sande, em que viviam, e onde o dito religioso costumava ir, as mais das tardes, rezar o ofício divino, e encomendar-se a Deus, e descendo da dita torre, pouco antes das Avés Marias, lhes dissera muito espantado, a ela Dona Luiza e às ditas suas irmãs:«Venho senhoras, assombrado do que agora aconteceu, estando rezando na torre (verdade é que tinha Portugal no coração), ouvi muito claramente para junto ao Tejo vozes de meninos, que por três vezes, disseram Real, Real, por Dom JOAM M Alto Rey de Portugal, e chegando à janela da torre, para ver o que aquilo era, não vi pessoa alguma: vede vós agora, que Dom JOAM há aí que haja de ser Rey deste Reino?».
Simão Coelho, que também era da Cruzada, acrescenta ao caso o seu testemunho: «E indo eu o Outubro passado por ordem de Sua Majestade a Tomar, falando com a dita Dona Luiza de Sande minha cunhada nesta matéria, ela por várias vezes me tornou a contar o que acima tenho referido, o que juro in verbis Sacerdotis, Lisboa. 28.de Fevereiro de 1642. Simão Torrezão Coelho. Deputado da mesa da consciência do santo Ofício e da Santa Cruzada».
O homem do Santo Ofício achou um mistério digno de ponderação, ter o Padre Frey António ouvido estas vozes em forma que pareciam de meninos. E, sem entrar «na relação destes mistérios», dirige-se a Jesus, o Senhor, dada a grande estimação que Este fez das vozes das crianças de peito pois, «aperfeiçoam os louvores». Prodígios semelhantes terão sido relatados ao Bispo de Viseu, então Reitor da Universidade de Coimbra, Manuel de Saldanha. Deu-se o caso de uma criança «que não falava nem falou depois disso». Estando nos braços de sua mãe, dissera em voz clara e inteligível: «Viva El Rey Dom João IV» (testemunho de Frey Philipe Moreira, 1642).
Palácio da Torre. Foto de Arnaldo Fonseca. No trem de navegação vem El Rei Dom Carlos e o seu séquito.
Nesta sua carta de 1642, Simão Coelho, tratando das qualidades de Frey António de Sande, fala em «haver mais de trinta anos que passou desta a melhor vida». A ser assim, então a profecia dos meninos invisíveis do Tejo pode ter ocorrido ainda no século de Camões. Ou na primeira década do seguinte.
José Luz
(Constância)
PS – não uso o dito AOLP. Mais um dominicano, Frey António de Sande, no caminho de Camões…
Não me vou dar, por enquanto, ao trabalho de comparar as outras páginas da ''História Breve'' com as outras produções do Candeias.
'' (...)Fosse como fosse, é indubitável a ânsia do município abrantino em se libertar das peias estrangeiras, que nos últimos anos da monarquia dualista tanto a amarravam já'' (....) História Breve de Abrantes, p.79
'' (...)Fosse como fosse, é indubitável a ânsia do município abrantino em se libertar das peias estrangeiras, que nos últimos anos a monarquia dual tanto a amarravam '' (....) '' Abrantes e a Vila e o seu termo no tempo dos Filipes 1580-1640'', p.109
Onde é que já tinha visto coisas destas?
Sugiro ao Candeias que não nos dê gato por lebre. Isto é livros novos, com textos velhos.
mn
Em 1642, Naper (o capitão-mor) nomeou contra a opinião da Câmara um meirinho-mor da companhia de ordenanças da Vila.
Mesmo assim os soldados dedicaram-se a roubar os abrantinos, lembrando uma tropa espanhola que aqui estivera mandada por Filipe IV e que os comandantes definiam como ''a pior escória do reino''.
As tropas eram muitas vezes formadas pelo ladrões e outros marginais do piorio, que eram soltos das cadeias e incorporados à força.
O próprio meirinho-mor oprimia os povos pelas ''insolências, roubos e descomposturas '' que fazia, desautorizando os magistrados e oficiais da câmara
Ia-se nisto quando o meirinho-mor foi metido nas enxovias, não por ser autoritário, mas por questão religiosa. Foi o Santo Ofício que o prendeu, chamava-se Diogo Gomes Soares.
Para resolver o assunto, nomearam as autoridades militares João Gil Bocarro.
Seriam idiotas?
Como o apelido indica, o novo meirinho-mor pertencia a uma família abrantina de conversos, que povoara os cárceres inquisitoriais e alguns dos quais tinham passado ao estrangeiro, judaizando abertamente nas esnogas de Hamburgo, Londres e Livorno.
Também um deles, António Bocarro, o historiador do Estado da Índia, tinha denunciado toda a família.
Portanto quando o nomearam estavam a provocar o Santo Ofício, couto dos encadeados pelo oiro de Madrid, para que na próxima devassa o encarcerassem e o metessem a tratos de polé.
Oficiou a Câmara que não queria meirinhos da tropa e o Conde de Cantanhede escreveu ao Desembargo do Paço, dizendo que os da Câmara eram ''gente indómita e trabalhosa e falta de toda a obediência'' e que o meirinho era necessário para dirigir a fortificação do Castelo e da vila, porque senão as obras nunca avançariam.
ma
morreu em combate contra o castelhano no século XVII na fronteira alentejana. Venha agora o nosso leitor de Cernache dizer que este Nuno Álvares também era de Cernache...
Tinham-no dado como desertor mas quando foram ter com os seus pais para o prender, já tinham estes a certidão de óbito.
O mesmo aconteceu a outros:
''(...) Alguns soldados constavam na lista dos desertores, mas os seus pais ou fiadores tinham em sua posse certidões que comprovavam o falecimento do militar. Foi assim que D. Álvaro de Ataíde descobriu que Manuel Jorge, de Beselga (Tomar), tinha morrido em Olivença na ocasião de Julho [Junho] de 648, pelejando honradamente (ou seja, foi uma das cerca de 20 baixas sofridas pelos portugueses nessa ocasião). O mesmo acontecera a Manuel Duarte, das Olalhas (Tomar), falecido no hospital de Olivença. Também por certidão ficara comprovado que Nuno Álvares, do Sardoal, morrera no Alentejo. Outros eram dados como mortos nas suas terras de origem, com ou sem instrumento de justificação.''(...)
Mas muitos outros, incluindo abrantinos, tinham desertado para não sofrer as agruras da guerra.
Leia aqui a história da deserção e ainda muitas coisas interessantes sobre a campanha da Restauração num blogue de Jorge Penim de Freitas, investigador consagrado sobre este tema.
uma das obras do Autor com a devida vénia
Abrantes foi uma praça importante nesta guerra.
Um blogue com outras histórias abrantinas
MN
Foi assim, não temos culpa que para salvar Portugal haja que matar!
As pistolas servem para isso, para abrir as gargantas dos traidores que bradam por Castela! ou pelo diabo que os carregue!
D. António Caetano de Sousa in
Suzy de Noronha
Crédito: foto da Net
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