Hoje pouca gente se lembra, fora do Tramagal, de quem foi o falecido Sr.Mário Bastos, da direcção da MDF e familiarmente ligado à família Duarte Ferreira.
Não vou fazer aqui a árvore genealógica da família referida, nem fazer o organigrama da direcção da MDF, nem sequer rebuscar jornais velhos, nem discutir se a homenagem é merecida ou imerecida.
É óbvio que aqui se protestaria se passasse pela cabeça de alguém criar o arruamento Afonso Campante, o Vereador do PCP alegadamente envolvido em distribuições de G-3 aos ''camaradas'' em 1975.
Somos intolerantes? Somos.
No Tramagal há um forte descontentamento com a atribuição decidida pela Assembleia de Freguesia (tecnicamente é uma mera sugestão, que a edilidade deverá aprovar) de dar a certo local o nome deste senhor, parece que pelas suas conotações salazaristas e não só.
Alguém sarcasticamente dizia que no Tramagal todas as ruas homenageiam a família Duarte Ferreira e a família Bairrão.
Nos anos 50, numa publicação subsidiada pela CMA houve um entusiasta que chegou a sugerir a mudança do nome de Tramagal para Vila Duarte Ferreira.
Estamos a regressar ao passado?
Bem preferimos a sugestão dos anos 50, a que a Vila tenha um nome japonês.
Nunca se sabe....
Mas bolas, não podiam ter sensatez e consultar o povo antes de andar a baptizar as ruas????
MN
e se alguém mudasse o nome de Abrantes para Bentopólis?????
Uma tese sobre a Exposição do Mundo Português de Rosana Nascimento, numa Universidade brasileira, para saber como como foi um momento estético único de celebração do fascismo salazarista.
E Abrantes é evocada nesta foto da Torre dos Doze Castelos, entre quais estão os de Santarém, Torres Novas e Abrantes.
na parede exterior do Pavilhão da Formação e da Conquista, coordenado pelo arquitecto Raul Rodrigues de Lima e por Luiz Pastor de Macedo.
As ogivas que aparecem à vista são de Cotinelli Telmo.
mn
leiam a tese
O nosso amigo e peticionário nº4 Jorge Santos Carvalho, historiador abrantino residente em Belgrado, desde os duros tempos do exílio (1965) está a realizar, como bolseiro da Fundação Gulbenkian, um profundo trabalho de pesquisa nos arquivos do que foi a Jugoslávia e da Liga dos Comunistas (o partido do lendário Marechal Tito, o líder partisan que esmagou os nazis nos Balcãs e depois construiu um regime político socialista não-alinhado face a Moscovo) sobre as relações entre Portugal e aquele país e ainda sobre as relações entre o PCP e o titismo.
Tito foi ainda um dos fundadores do Movimento dos Não-Alinhados (com Nehru da Índia, Sukarno da Indonésia, Nasser do Egipto, o Imperador da Etiópia Hailé Selassié, etc) e distinguiu-se pelo apoio concedido à luta dos nacionalistas africanos contra o colonialismo salazarista.
Neste livro, que acho que é o primeiro em língua portuguesa a ser editado em Belgrado, retrata a Conferência de Belgrado e as posições da diplomacia do Marechal Tito face a Portugal, aos oposicionistas portugueses ( desde Delgado a Mário Soares) e aos dirigentes nacionalistas das colónias (de todas as facções passando por Holden Roberto, Jonas Savimbi a Agostinho Neto).
O Jorge teve a gentileza de oferecer o livro aos ''Cidadãos por Abrantes''.
foto: Tubucci
O livro encontra-se à venda, cá na cidade, no Senhor Chiado, na Praça Raimundo Soares.
Vamos ler esta obra com a atenção que merece e posteriormente talvez haja tempo para novas abordagens.
MA
a primeira foto é do Centro 25 de Abril da Universidade de Coimbra
Primeiro as fontes das listas dos dignos funcionários:
E agora lamentar que tenhamos dois membros desta corporação que são de Abrantes, mas não temos dados da naturalidade, em relação à freguesia
É o caso do agente António Canas de Oliveira e ainda de um homem muito mais importante na hierarquia o chefe de brigada Caldas
Agora era preciso realizar trabalho sobre fontes primárias para os identificar e descobrir a naturalidade e claro verificar se não há falsificação de papéis. Há alguns que falsificaram papéis, caso de António Rosa Casaco que falsificou papelada para esconder uma filiação ilegítima.
Também haveria que ler a bibliografia secundária começando por Irene Flunser Pimentel http://www.esferadoslivros.pt/autores.php?id=9 para verificar quais destas criaturas se destacaram na ''profissão'' e de ler memórias como as do Inspector Rosa Casaco. Já agora o único membro da PIDE natural do Rossio e certamente o mais talentoso 007 do concelho, não esquecendo um agente de Vila Nova da Barquinha importante na estrutura do ELP......
sn
Depois de lida a lista temos de chegar à conclusão que somos um concelho pouco florescente na produção de polícias secretos. Até temos mais anti-fascistas que agentes da polícia secreta. Comparada Abrantes com um concelho mais pequeno e com mais pides (Vinhais) ou mesmo com o Sardoal é uma desgraça. Há poucos 007 (s) do salazarismo. A freguesia com mais Pides é as Mouriscas e só encontrámos 2. Aliás o distrito de Bragança é florescente em agentes secretos (e naturalmente parco em anti-fascistas). Só nesta página há vários e um de Constância
a seguir vão dois dignos agentes secretos naturais das Mouriscas
Como a Junta das Mouriscas é da CDU, acho que por motivos óbvios não haverá alteração na toponímia local.
SN
Se bem me lembro o falecido Advogado abrantino Dr.José Rasquilho de Barros vivia no ''caixote'' onde estava o ''Pelicano'', coisa chata porque o causídico tinha uns cães de caça que vinham à varanda inspeccionar o pessoal quando queria entrar no café.
Era um homem extremamente simpático e em boa hora a Ordem dos Advogados lhe prestou homenagem em 2005, juntamente com outros causídicos entre os quais quero destacar o Dr. Luís Cruz e Silva, de Santiago de Cacém, pai dum rapaz do mesmo nome que durante 5 anos honrou o Colégio La Salle com a sua presença. Tás bom, Luís?
''Comemorações do Dia do Advogado - Fotografias
No âmbito das Comemorações do Dia do Advogado o Conselho Distrital de Évora vai proceder à Homenagem aos Advogados indicados pelas diversas Delegações da Ordem e pertencentes à área do CDE, no dia 25 de Maio de 2005.
Colegas Homenageados:
Dr. Mário Guerreiro da Cunha - A. D. de Évora
Dr. Manuel Ginestal Machado, a título póstumo - A.D de Santarém
Dr. José Rasquilho de Barros, a título póstumo - A.D. de Abrantes
Dr.Luis Maria Cruz e Silva, a título póstumo - A.D. Santiago do Cacém
Dr.ª Odete Santos - A.D. de Setúbal''
in ttps://www.oa.pt/cd/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?sidc=31996&idc=31995&idsc=32076&ida=53384
Nas fotos da Ordem está o nosso amigo e Advogado abrantino Dr.Velez, inconfundível,
foto ttps://www.oa.pt/cd/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?sidc=31996&idc=31995&idsc=32076&ida=53384
Todo o post começou quando se procurava umas coisas sobre a História da Vila de Nisa e encontrei um Dr.Rasquilho de Barros, natural da Amieira do Tejo, a defender um preso político, na remota era de 1943. Segue o post que conta a História, retirado com a devida vénia, do blogue Memória Nisense. O post é assinado pelo Sr. Mário Mendes:
Já passaram 67 anos, mas o episódio da “Revolta ou Greve do Pão” no dia 12 de Dezembro de 1943, uma das páginas mais negras e sangrentas da história de Nisa continua viva na memória daqueles que presenciaram ou tomaram parte no acontecimento.Manuel do Rosário Carita ou Manuel Bugio como é
Domingo de festa e de tragédia
“Era domingo e havia baile no “Benfica”. Estive a namorar uma cachopa na “vila” e quando vim de lá deparei-me com uma grande algazarra no Rossio e pus-me a observar o “panorama”.
O povo dizia que tinha vindo o Manuel Vigora com o pão para a padaria do senhor João Mendes na Porta da Vila. O padeiro meteu o pão dentro da padaria e depois não o venderam a toda a gente, só a quem queriam. O pão estava quase todo encomendado, pois estavam lá as bolsas e aí o povo conspirou. Foi ali que começaram o barulho. Alguns, mais exaltados tentaram forçar a porta e sacar o pão que pudessem. Daí vieram para o Rossio onde o povo se juntou. A multidão era cada vez maior e logo ali a GNR prendeu o ti Simplício Tristão e levou-o para o posto. O homem não tinha nada a ver com o protesto e alguém se lembrou de tocar os sinos a rebate, enquanto outros falaram com um vereador da Câmara para que o ti Simplício Tristão fosse libertado, o que veio a acontecer.Mas isso não impediu que o povo acalmasse a sua revolta. O movimento engrossou e do Rossio as pessoas dirigiram-se à “fábrica” ao fundo da Devesa de onde tentaram trazer pão.Depois subiram a Devesa de Traz e dirigiram-se para a Estrada de Alpalhão. Havia baile no “Benfica” e alguns ficaram-se por lá, mas os outros foram em frente e dirigiram-se à padaria do Vigora. É ali, a meio da Estrada de Alpalhão, junto à padaria que se dá o desfecho sangrento. De um momento para o outro, surgem guardas e polícias vindos de Portalegre que começam a disparar sem qualquer aviso. Cada um fugiu para onde pôde. Houve feridos ligeiros e dois feridos com gravidade. Um deles, o João Louro, que nada tinha a ver com aquilo, foi ferido numa perna que teve de ser amputada. Outro, o ti Alfredo Mourato “Galacho” foi ferido nas “partes” (órgãos genitais) sofreu muito e acabou por falecer ao fim de uns meses.”
Não houve presos nessa noite, mas no dia seguinte, a repressão abateu-se sobre inúmeras pessoas, a torto e a direito, tivessem ou não participado naquilo que a acta da sessão da Câmara de 16 de Dezembro descreve como “alteração da ordem pública”. Uma simples suspeita, um nome ouvido à socapa ou a denúncia de alguns dos comerciantes alvo da indignação popular, bastaram para que, em pouco tempo, a cadeia se fosse enchendo de gente que mais não fizera do que pedir um pouco de pão para os seus. Manuel Charrinho, trabalhava nas minas de volfrâmio no Mato da Póvoa. Foi o primeiro a ser preso, ainda o sol não nascera, nessa fria manhã de 13 de Dezembro. Preparava-se para partir, de fatada aviada para mais uma semana de trabalho, mas a PSP de Nisa deu-lhe como primeiro destino a cadeia comarcã. Outros se seguiram nesse dia e durante toda a semana.Manuel Bugio, o nosso interlocutor, não escapou às “boas graças” das autoridades policiais da vila.
“Andava a fazer lenha e vim buscar água à “Sucata” (uma serração onde está hoje a secção de Finanças). Nessa altura vinha o Vigora trazer pão à padaria e diz-me: “Tu ainda aí vens?” e eu respondi-lhe – “ Atão onde é que devia estar? Passado pouco tempo veio a polícia buscar-me. Alguém tinha dado o meu nome e sem saber porquê fui “engavetado”, levado para o pé do ti Manuel Charrinho. Durante a semana foram chegando mais presos, ao todo perto de 40 homens, ali despejados a monte, sem condições, cada um dormia como podia, uns no chão outros de pé. Estávamos incomunicáveis, as famílias iam-se revezando durante a madrugada para saber se nós ainda lá estávamos. Não podiam contactar connosco e iam deixando alguma coisa, contando com a benevolência do carcereiro, o ti Manuel Ramos. Ao fim de 10 dias vieram 2 camionetas de Portalegre que nos levaram para os calabouços do Governo Civil. Estivemos lá 41 dias, incomunicáveis, e todos os dias havia interrogatórios. Queriam saber quem era o “cabecilha” do movimento, coisas da política, e todos nós dizíamos o mesmo: não percebíamos nada de política, eu muito menos, porque só tinha 17 anos e que aquilo que acontecera fora apenas uma revolta por causa da falta de pão, feita extemporaneamente, sem cabecilhas ou lá o que fosse. Era domingo, único dia da semana em que os trabalhadores rurais e assalariados tinham livre e aproveitavam para se juntar e beber uns copos. Nos calabouços do Governo Civil estávamos a “monte”. As necessidades eram feitas no mesmo sítio. Não recebíamos visitas. Os familiares iam lá mas não podiam ver-nos, deixavam o que levavam para nos ser entregue. Eram tempos de muita miséria e o Natal de 1943 com os principais activos das famílias presos foi uma tragédia, com muita dor e tristeza.Os interrogatórios no Governo Civil fizeram uma selecção e ainda hoje não sei porque fui “escolhido” para me juntar aos 17 homens que fomos para Caxias. Atravessámos a cidade de Portalegre a pé e a pé, em pelotão, continuámos até à estação, vigiados por polícias armados como se fôssemos uns criminosos. Foi das coisas que mais me doeu e marcou, o ter de atravessar a cidade sob o olhar das pessoas. Mais tarde compreendi que isso fazia parte da estratégia do regime para mostrar o medo e o terror e apontar-nos como maus exemplos. Seguimos de comboio para Lisboa, sempre rodeados de polícias até à sede da PIDE onde houve mais interrogatórios e daí fomos levados para o forte de Caxias. Fomos fotografados, um a um e de novo interrogados. Estivemos um ano em Caxias e só depois é que fomos julgados no Tribunal da Boa Hora. Sete dos que ficaram em Nisa também lá foram para ser julgados.
O doutor José Rasquilho de Barros, de Amieira do Tejo, foi o nosso advogado oficioso e testemunharam a nosso favor, os doutores Carlos Bento e Aniceto Ferreira Pinto, farmacêutico na Porta da Vila. Todos eles disseram o mesmo, que éramos pessoas de trabalho e nada tínhamos a ver com políticas. O dr. Rasquilho de Barros pediu por Deus ao Juiz que nos pusesse em liberdade e que desse a pena como cumprida àqueles que tinha vindo de Nisa, pois que para sofrimento das famílias já chegava. Saímos do Tribunal direitos a Caxias onde dormimos mais uma noite. Os nossos camaradas que tinham vindo de Nisa tiveram de cumprir uma pena de sete meses e foram ocupar os nossos lugares. No dia seguinte saímos em liberdade e cada um ficou entregue à sua sorte. Para mim, acabara um grande drama. Tinha uma boa “cunha” para ir para a polícia, tal como outros para funções públicas, entre eles o Vasco Barra que já tinha o exame feito para entrar e a partir dali ficou chumbado.”
Os meses no Forte de Caxias
“Não posso dizer muito mal de Caxias, o que não aconteceu com outros que foram maltratados. Era faxina dos próprios guardas que nos guardavam a nós e também fazia trabalhos de jardineiro. Os outros iam trabalhar para o forte em trabalhos mais pesados. Tínhamos 2 horas de recreio e estávamos separados dos outros presos políticos, na sala 9, a sala dos nisenses.
As famílias em Nisa sofriam, as mulheres e os filhos tinham os homens e os pais presos, os seus únicos sustentos e não os podiam ajudar. Os dois homens solteiros no grupo, era eu e o António Veredas. Não posso dizer mal dos guardas de Caxias. Sabiam que não estávamos ali por motivos políticos, muitos deles eram pobres como nós e tinham passado pelas mesmas situações de miséria. Fomos dados como “faxinas” do forte e pessoas honestas.”
O regresso a Nisa
“ No regresso a Nisa fomos bem recebidos, com muita alegria e lágrimas à mistura. O pesadelo para nós, não para todos, tinha acabado. Os que trabalhavam no campo continuaram a trabalhar, sem problemas. Aqueles que esperavam entrar para um trabalho no Estado, anos mais tarde foram para França, como eu fui e acabaram, através de muito esforço, por ter direito a reformas dignas que, se calhar, cá não tinham conseguido.”
O que foi a “Revolta do Pão”
Greve do Pão ou Revolta do Pão, o episódio sangrento de 12 de Dezembro de 1943 marcou, por muitos anos o imaginário dos nisenses. O que se passou nesse dia foi sendo esquecido por muitos daqueles que nele participaram. Poucos quiseram avivar a memória e, quando o faziam, contavam, apenas, fragmentos e pequenas histórias do que acontecera. Manuel Bugio tem a sua própria versão dos factos e não teme contá-la.
“Não houve nenhuma revolta ou greve do pão. Nada foi organizado. Era domingo e dia de mercado. O povo juntou-se no Rossio e na Porta da Vila e os populares, com um copo a mais, indignaram-se quando viram chegar o pão a uma das padarias. As pessoas naquele tempo viam-se “negras”. Os pobres eram “massacrados”, estávamos em plena guerra mundial, vivia-se à míngua de tudo e o pão foi o “rastilho” para que as pessoas dessem largas à indignação. Política? A maioria das pessoas eram analfabetos e com a miséria que havia quem é que se metia em política? Quem fez disso um caso político foram as autoridades e a repressão a tiro na Estrada de Alpalhão. Eu perdi um ano da minha mocidade, mas ganhei outros e fiquei a perceber melhor a podridão que existia em Portugal. Mas, o que lá vai, lá vai. Quero é acabar os meus dias em paz e sossego, vir até aqui ao Rossio e rir-me de muitas das histórias que os meus amigos me contam.”
Mário Mendes in "Fonte Nova" - 4/1/2011
FOTOS
1) Manuel do Rosário Carita (Bugio)
2) Porta da Vila (Anos 40) – Local onde se iniciou a “Revolta do Pão”
3) Senha para a tristemente "famosa" Bicha do Pão'' in
http://jornaldenisa.blogspot.com.es/2011/01/nisa-gente-da-minha-terra.html
Era o o Advogado Abrantino? Não sei, porque aqui encontrei outro Dr.José Rasquilho de Barros, também para os lados de Nisa, como Presidente da União Nacional lá do burgo. Eram familiares?
Foi o Advogado de Abrantes que defendeu os presos, ou foi o homónimo da União Nacional que defendeu os seus conterrâneos???
Só uma busca aos Arquivos da PIDE-DGS, ou a outro Arquivo poderá confirmar as hipóteses.
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