Neste livro, Mário Soares conta a Joaquim Vieira, um episódio relacionado com a morte do General Godinho.
Soares está detido no Aljube juntamente com a cúpula do MUD J, quando lhe metem na cela Adriano Moreira, que era o Advogado da Família Godinho e apresentara queixa-crime por homicídio contra o tenente-coronel Santos Costa, Ministro da Guerra.
Também está detido o seu pai, João Soares, que era uma das cabeças civis da Abrilada de 1947.
Pouco dias depois entra também detido o dr. Alfredo Pimenta Beja Godinho, médico abrantino, filho do General Godinho.
O dr. Alfredo atira-se e ao Moreira e pretende dar-lhe uma sova.
Acusa-o de ter-se apoderado dumas cartas trocadas entre o General e Santos Costa, enquanto o General era Governador dos Açores e que delatariam as simpatias nazis do Costa e de as ter entregue ao poder '' em troca da liberdade''.
De forma que os outros presos organizaram uma espécie de tribunal popular para julgar o Moreira e resolveram cortar relações com ele.
O Moreira, ouvido pelo Autor, não confirma e conta outra versão.
wikipedia
A biografia de Mário Soares (832 páginas) do Joaquim Vieira, é um apaixonante livro sobre a nossa história contemporânea.
mn
Fernando Dacosta, em ''Máscaras de Salazar'' afirma que o General Godinho foi torturado e sublinha a crueldade de Salazar, mas também diz que era um homem culto e inteligente.
Temos ido editanto vários testemunhos sobre o General, é mais um.
Credível?
Na verdade o cadáver do oficial oferecia lesões de explicação difícil.
Devida vénia ao escritor citado
A editora pertence ao Conde de Alferrarede, Miguel Pais do Amaral.
ma
Todos conhecemos as teias tecidas entre futebol, política e negócios. Todos sabemos que são duvidosas e pouco transparentes e que às vezes descambam em delito, veja-se o Valle e Azevedo.
Histórias abrantinas da bola também andam pelos jornais.
Vale Guimarães, que foi cacique fascista de Aveiro, não resistiu a meter uma cunha valendo-se da sua autoridade de governador civil (que voltaria a honrar montando uma burla eleitoral a favor de Américo Tomaz), para favorecer o Beira-Mar, numa transferência dum futebolista do Tramagal, em 1957.
Com uma prosa delicodoce solicitava :
(1)
Numa tese de doutoramento em Sociologia, no ICS- Instituto de Ciências Sociais, ''A pureza perdida do desporto, o futebol no Estado Novo'', Rahul Mahendra Kumar, dissecou em 2014, os meandros às vezes sórdidos da bola durante o fascismo.
Vale a pena ler.
O texto reproduzido é de lá e está na página 274.
As condições de semi-profissionalismo dos anos 50 deram origem a cenas no mínimo caricatas: Carlos Gomes, que foi um notável guarda-redes do SCP quando pediu aumento de 5 contos mensais para 20, ouviu do Presidente: (....)''Para que queres mais dinheiro? Para putas e automóveis?''.(...)(2) Nas aventuras do Gomes até andou metido o General Santos Costa.
mn
(2) tese citada, pagina 278
imagem do cacique : Aveirenses Ilustres
Um dos objectivos do blogue tem sido o de recordar abrantinos injustamente desconhecidos e nalguns casos difamados na praça pública ou em publicações (algumas camarárias) e fazer com que se corrigisse injustiças históricas.
Recordámos Diogo Oleiro, o seu papel essencial na defesa do Património Histórico e na História abrantina e conseguimos forçar os caciques a homenageá-lo na praça pública.
Fizemos o mesmo com o General José Garcia Marques Godinho, morto pelo fascismo e que só tinha sido alvo duma homenagem pública cá na terra, salvo erro em 1974, por iniciativa de Francisco Correia Semedo.
Na Zahara, nº 16, Candeias Silva evocou o General como republicano, esquecendo-se o seu papel como anti-fascista e a morte sob prisão no Hospital da Estrela, a prisão da viúva e de alguns filhos.
Ilustrou a coisa com uma foto retirada deste blogue.
Crismou Fernando Godinho como engenheiro técnico agrário, quando era regente agrícola e sempre dizia, cáustico, que daria duas bofetadas a quem o promovesse a ''engenheiro''.
Na Zahara, nº 25, o dr. António Alpalhão evoca o percurso de Marques Godinho de forma interessante e conta a história, já aqui referida, da sua morte polémica bem como a adesão do oficial à Maçonaria, publicada pelo Prof. António Ventura.
O autor cita muita bibliografia aqui divulgada e tem a bondade de nos referir e a outros blogues, designadamente para os locais ao ''Coisas de Abrantes'', do sr. José Vieira e ao ''Coluna Vertical'' do Dr.Santana-Maia.
As imagens publicadas já as conhecia excepto esta
que na net anda publicada neste blog.
Marques Godinho é o 2º a contar da direita..
À morte do oficial-general andam associadas as cartas trocadas entre ele e Santos Costa, que a família e Adriano Moreira consideravam ser prova das simpatias nazis do Ministro.
Diz o dr. Alpalhão que nas cartas conhecidas ''(...)não há nada de muito significativo que comprometa Santos Costa''. (...) . Contudo, o autor de ''Salazar, uma Biografia Política'', Filipe Ribeiro de Menezes, citando um documento da Torre do Tombo, mostra que o Ministro deu ordens explícitas a Godinho para se opor ''manu militari'' a um desembarque americano.
Era isto que o Governo queria impedir que se soubesse. A resistência a tiros aos ianques teria atirado Portugal para o campo do ''Eixo'', contrariando a política de neutralidade de Salazar.
Agiu nesta carta S.Costa por iniciativa própria, sem conhecimento, do Ditador?
E por isso, Salazar fechou as cartas à chave?
Provavelmente.
O despacho à margem nega que elas sejam apensas ao processo.
Gostámos do artigo.
Só falta que outro autor venha agora na ''Zahara'', desmentir as ligações à Ditadura do Prof. Duarte Castel-Branco, que o director da publicação lhe atribuiu, quando o arquitecto foi um homem activíssimo no MUD.
ma
ps- Muito interessante o artigo, no mesmo número, do Armindo Silveira sobre o ''Mercado Municipal''
Documentos:
extracto de ''Salazar. Uma Biografia Política'' de Ribeiro de Menezes.
extracto de documento da Torre do Tombo
imagem do blogue C.Blogue-Ilha Terceira
Memórias de Raul Brandão, 1925
''Chegaram a dar ordens para a mobilização de forças, e o general Primo de Rivera afirmava que vinha até Abrantes com vinte mil homens sem disparar um tiro.''
(.p.150)
O perigo do ataque militar a Abrantes por parte de forças espanholas era tomado tão a sério, que o Plano de Defesa do Continente , encomendado em 1943 pelo tontinho do tenente-coronel Santos Costa
designava como principal ameaça ''o perigo espanhol'' e nele estava traçado que as forças do Generalíssimo atacariam Abrantes:
Extracto da excelente tese do Doutor Jorge Silva Rocha
Estamos a imaginar conquistavam Abrantes ( em 1945 o exército espanhol nem gasolina tinha para fazer movimentar 2 regimentos de Blindados) e a primeira coisa que faziam era uma sessão destas no ''Latas'', o cinema da Misericórdia
e nomeavam Presidente da Câmara, o abrantino Rosa Casaco (1), grande amigalhaço do Embaixador Nicolas Franco.
No entanto, havia falangistas como o futuro liberal Conde de Motrico ou o General Muñoz Grandes que pensavam na União Ibérica e tinham mapas destes
Alegado mapa do Estado-Maior Espanhol, Abrantes aparece como um dos objectivos militares a conquistar.
ma
(1) A não ser que mais alto cargo o esperasse, Rosa Casaco foi ''Ministro do Interior'' no Governo Português no Exílio (1975), enquanto o Soares Martinez era ''Ministro dos Negócios Estrangeiros'' . Foram nomeados pelo ELP que obedecia a António de Spínola.
História
grândola- escavação Igreja São Pedro
montalvo e as ciência do nosso tempo
Instituto de História Social (Holanda)
associação de defesa do património santarém
Fontes de História Militar e Diplomática
Dicionário do Império Português
Fontes de História politica portuguesa
história Religiosa de Portugal
Ilhas
abrantes
abrantes (links antigos)