A CM do Sardoal acaba de anunciar a morte do Sr.Luís Gonçalves, ex-vereador laranja local e autor de várias obras de História sobre a vila vizinha.
O Luís Gonçalves era também o autor do blogue Sardoal com Memória, um dos espaços de melhor qualidade sobre história da região.
Muitas vezes o visitámos para tirar dúvidas e aprender.
Nos últimos anos tinha estado inactivo por problemas de saúde do seu autor.
''Sardoal do passado e do presente'', ''Festividades Religiosas do Concelho do Sardoal'''' são alguns dos livros escritos por Luís Gonçalves, que se recomendam pelo seu interesse.
Apresentam-se os sentimentos à família.
E uma sugestão ao P. do Sardoal, Miguel Borges, haveria que editar em livro o conteúdo do blogue sardoalense.
mn
foto CM do Sardoal
O último número do boletim da CM Sardoal face uma justa homenagem ao blogger do Sardoal com Memória. O Luís Gonçalves é autor das melhores obras sobre História do Sardoal e do melhor blogue sobre História da região. Uma homenagem merecida duma das melhores publicações municipais que conhecemos.
mn
Do Sardoal com Memória cita-se:
A história do crime regional também tem direito de cidade. Era 1904 e o padre António Silva Martins apanhou certamente o maior desgosto da sua vida.
Boletim CM Sardoal
Estava em Abrantes quando lhe telefonou o primo, padre Dr. Manuel Martins, homem dado à política (era da facção progressista liderada por Solano e foi ele que se enfrentou ao Dr.Bairrão do Tramagal quando este analfabeticamente demoliu o Convento da Graça)
A família Martins dera muitos padres e eles tiveram uma influência política e religiosa enorme na região desde finais do século XIX até meados do século XX. Entre eles o padre Raposo, tão injustamente caluniado pelo Martinho Gaspar naquele opúsculo em que fala da República abrantina.
Sardoal, zona demarcada de produção de padres e seminaristas, casa da família Martins
Que disse o P.Manuel Martins ao primo?
Anda depressa pró Sardoal!
Chegou lá e descobriu que o irmão, o Sr. Dr. José Silva Martins, digno secretário do Governo Civil de Portalegre (certamente para lá nomeado com sonora cunha clerical-progressista), atacara a mãe à machadada.
O Echo do Tejo fez larga reportagem do assassinato
Dizia o jornal progressista que o Dr. José Martins já estivera internado no manicómio, para onde fora levado pela comissão clerical local (ou seja pela família, que na prática era um soviete de padres) e que estava chateado com isso.
A versão do ''Echo'' é que tivera novo ataque de loucura e que pegara no machado e pumba, decapitara a mãe!!!!
Tudo o que se conta foi publicado no excelente blogue ''Sardoal com Memória'',da autoria do estudioso e investigador Sr.Luís Manuel Gonçalves. Para conhecer a história do século XIX na região é a melhor fonte. Luís Gonçalves é autor de vários livros sobre História do Sardoal.
O padre Martins depois seria Pároco de São Vicente de Abrantes, elevado ao Cabido da Sé de Portalegre, fundador dum colégio de freiras franciscanas na R.Actor Taborda (onde está a Casa de Santa Maria) entre cujas alunas temos entre nós, frescas e juvenis, a Senhora Dona Maria Ramiro Godinho e a Senhora Dona Ermelinda Coelho.
Mais tarde as Franciscanas deram o fora e o Cónego, juntamente com Manuel Fernandes e outros, fundaram o actual Colégio de Fátima, que confiaram às Doroteias, que ainda não descobriram quem fundou esse Colégio.
Falo das actuais, conhecidas promotoras imobilárias, e não doutras como a Rev.Madre Borghi ou a minha amiga Rev. Madre Moutinho, que fora aluna do David Mourão Ferreira e que contava histórias deliciosas como o poeta engatatão apareceu envolvido num estranho caso duma tese universitária de autor incerto.
O Cónego Silva Martins foi um homem duro, piedoso, culto, empreendedor, nacional-clerical (longe andavam os tempos em que politicara com o boémio Solano, às ordens de José Luciano de Casto....), sério e certamente marcado pela tragédia familiar.
Comparar Silva Martins com o borra-botas José da Graça é como comparar Deus com o Diap.
A Igreja de Abrantes anda hoje, não pelas ruas da amargura, mas pelas secretarias do DIAP.
MN
General Humberto Delgado in Memórias de Humberto Delgado (ed e coligido por Iva Delgado,
O Regimento de Artilharia 8 estava aboletado no Castelo de Abrantes e temos uma imagem dele em 1914
Sobre a organização militar da época pode ver-se aqui
Sobre a utilização que faziam alguns oficiais de artilharia das bestas e cavalgaduras da tropa, damos uma saborosa notícia dos Valhascos, datada de 1915 do incontornável blogue Sardoal com Memória, a notícia é retirada do jornal republicano '' Jornal de Abrantes'', folha que nada tem a ver ,a não ser o título com a gazeta dirigida pela srª drª Hália Costa Santos, natural daquela simpática povoação, onde pela época havia uma notável alergia à padralhada.
Faltava-me uma foto de magalas que tiveram de aturar estes oficiais generosamente retratados pelo Alferes Delgado, mas só encontrámos por acaso um garboso grupo de cabos
http://www.flickr.com/photos/33266174@N06/7055322553/lightbox/
MA
sobre a tropa fandanga desta época pode ver-se o Coisas de Abrantes
Não nego que tecnicamente é giro.
Mas também é óbvio que o guião não passa duma manipulação barata de factos históricos para justificar a perseguição religiosa desencadeada pelo regime de Afonso Costa à Igreja Católica.
A estupidez dessa política atirou os católicos para os braços da reacção e criou a base social da Ditadura salazarista apostólica e romana.
Os discursos sobre a República (1910-1926) costumam ser parciais como este que tem uma marca monárquica.
Mas impingir às criancinhas só uma parte da história é um acto de facciosismo imperdoável.
Na blogosfera e na bibliografia editada em Abrantes há pouca coisa decente e imparcial sobre este período, mas temos sobre a vila vizinha do Sardoal documentação exaustiva no magnífico blogue Sardoal com Memória do sr. Luís Gonçalves. Dele se retira uma carta para ver como as coisas se passaram aí.
Sardoal, 30 de Agosto de 1912
Ao Exmº
Presidente da Comissão Central de Execução da Lei da Separação
Por ordem do Cidadão Administrador do Concelho do Sardoal, fez a Junta de Paróquia da Freguesia de S.Tiago e S.Mateus do mesmo Concelho entrega em 23 de Agosto de 1912 da Igreja Paroquial e Capelas situadas nesta Paróquia, que sempre foram propriedade da Junta de Paróquia e igualmente fez entrega de todos os paramentos, outros objectos destinados ao culto e mobiliário que esta Corporação se considera com direito de posse. Implora muito respeitosamente a V.Exª se digne em harmonia com artigo 77 da lei da Separação discriminar os mobiliários e imobiliários de que incompetentemente se apoderou a Comissão Concelhia desta zona, que esta Corporação fez entrega devido à obediência à lei, embora reconheça que não o devia fazer na qualidade de individualidade jurídica. A Junta de Paróquia é proprietária de um prédio rústico averbado na matriz predial deste concelho com o artº 2055, o que provado está com a certidão passada pela Secretário de Finanças deste Concelho, qual junta vai, assim como a certidão de todos os prédios que se acham inscritos na matriz em nome desta Corporação. Além da circunstância de averbamento, há mais de 20 anos tem posse proprietária sem que lhe fosse contestado seu direito de acção e de facto. O usufruto dessa propriedade foi destinado outrora a benefício doméstico dos párocos; como eles deixaram de ter essa regalia e outras, ao ver da Junta de Paróquia tem ela o direito exclusivo de proprietária. Por tal incidente se considera com o direito de poder desamortizar a propriedade em harmonia com a lei, sendo o produto de tal transacção mutuado aumentando por esta forma a diminuta receita da Corporação qual é 39.150 réis e despesa ordinária de 44.695 réis. Para fazer face à quantia a bem da receita dava a irmandade do Santíssimo Sacramento o subsídio anual; como ela deixa para o futuro de prestar esse benefíco devido aos encargos da lei da Separação é de justiça ser autorizada a venda do prédio aludido para a Junta poder equilibrar a receita com a despesa, com o produto do capital mutuado, caso lhe seja concedida autorização para a venda da propriedade averbada na matriz com o artº 2055. A Comissão Concelhia diz ter direito ao designado prédio rústico, em face da exposição em referência à propriedade não pode a Junta de Paróquia considerar legal o direito de propriedade que a Comissão Concelhia quer ter no prédio em questão . A Igreja Paroquial oferece dúvida a esta Corporação em virtude do artigo 62 da lei da Separação, a quem pertence: se é a ela Comissão Concelhia ou à Junta de Paróquia de Sardoal? Por se julgar individualidade jurídica. E em idêntico caso supõe estarem as Capelas. Facto que esta Corporação se baseia pela opinião do advogado Campos Mello que a este vai junta. Se a lei revoga o patenteado pelo Dr. Campos Mello não poderá a Junta funcionar por não ter sala para as suas sessões e igualmente não tem mobiliário para a Secretaria, visto a Comissão Concelhia se apoderar de tudo o que a Junta considera ser sua propriedade e para seu uso exclusivo.
Junto a este vai nota do mobiliário destinado à secretaria para que V.Exª. haja por bem mandar entregar sem perda de tempo, visto que nas condições em que está actualmente a Junta de Paróquia não pode dar cumprimento aos seus deveres, devido a não ter mobiliário e casa para as sessões. Novamente me refiro à Igreja Paroquial e a algumas Capelas: não podem estes imobiliários e outros mobiliários serem atingidos pela força da lei da Separação em seus artigos 89 e 90 devido a estarem antes da publicação da lei da Separação no exercício do culto e nas mesmas condições se encontrarem na época presente. E o artigo 99 da mesma lei e seus parágrafos 2 e 3 não podem ter acção sobre o assunto, a não ser o garantirem a permanência do culto.
Implora este Corpo Administrativo Paroquial a V.Exª. seu valioso auxílio. Fiado ser do seu carácter de rectidão e benevolência espera que lhe fará verdadeira justiça, indicando claramente os meios a seguir para haver mobiliário e imobiliário que em sua opinião estão sem legalidade no poder da Comissão Concelhia.
Saúde e Fraternidade.
O Presidente
António Maldonado de Freitas
Só para terminar em certa freguesia do Concelho de Abrantes a Igreja Paroquial foi transformada em cavalariça. Magníficos jericos os autores da façanha.
MN
Em homenagem ao primeiro signatário da petição Sr. Eng. José Albuquerque Carreiras publicamos com a devida vénia, extraido do magnífico blogue Sardoal com Memória onde o Sr. Luís Manuel Gonçalves vem fazendo um notabilíssimo trabalho de defesa do património e de investigação da História do Sardoal e da Região, este excelente post que conta a invenção duma milagrosa pílula protagonizada Dr. Aniceto.Bobela que era tio-trisavô do Eng. José Albuquerque Carreiras.
É uma pílula muito recomendável a políticos internacionais, nacionais e locais.
''Ainda que não tenha como personagem um clérigo, não resisto à tentação de transcrever um episódio humorístico, publicado no jornal “O ABRANTES”, de 23 de Fevereiro de 1908, com o título “O DR. BOBELA DO SARDOAL”:
Já não o conheci e não admira, pois que o liquidou o dever, há-de haver, neste vale de lágrimas, de dissabores e ilusões, há uns bons cinquenta anos.
No entanto lembra-me muito bem, a consideração, respeito e gratidão com que os meus falecidos pais falavam dele, contando um ou outro facto da sua vida e actos de filantropia que praticava com os desgraçados dos que precisavam de recorrer à sua inesgotável bondade e paciência, com que atendia tudo e todos.
Era um grande discípulo e grande admirador do sábio Raspaial, cujo tratado o acompanhava sempre debaixo do braço e quando ia ver algum doente metia-o no bolso da sua ampla sobrecasaca, sentando-se em cima dele como num pedestal.
Nas conversas com os amigos, sobre diversos assuntos que abordava com facilidade, concluía sempre com um envaidecido orgulho:
-Pois sim, sim, vocês têm razão!...Mas para mim e para a família basta-me o que tenho aqui!...
E batia com a ampla mão no fundo das costas, onde tinha o seu querido tratado Raspalhista!...
Um dia, estando no seu gabinete de trabalho, aguardando algum doente, viu entrar um antigo amigo e condiscípulo, grande ricaço abrantino, cujo nome omito para não ferir susceptibilidades, visto existirem filhos do nosso homem, que ocupam lugares proeminentes na sociedade abrantina.
Depois dos abraços e apertos de mão do estilo, o nosso homem tomou um ar sério e todo aprumado, disse:
-Oh! Meu caro Bobela, como velho amigo e condiscípulo, venho pedir-te um grande favor e, como sei que és razoavelmente reservado, dir-me-ás se o que peço pode ou não ser atendido - e sorrindo com certa amargura, continua: - Há um tempo a esta parte que sofro de uma doença original e conquanto esteja em princípio, já me tem causado desagradáveis dissabores!...
O Bobela ouvia-o muito atento e aguardava a descrição do amigo, para lhe minorar os sofrimentos, quando lhe diz à queima-roupa:
-Tenho a doença da mentira!
-Da mentira?...
-Da mentira, sim, pois o que é isto que tenho, senão uma doença?...
-Eu não falo a pessoa alguma que não pregue logo uma mentira. Não faço uma visita que não diga mentiras, desde que entro, até que saio. Se encontro um amigo, zás, uma mentira e algumas chegam a ser comprometedoras!... Quero evitar e não posso.
Têm-me causado grandes dissabores!...Portanto, isto é uma doença que cumpre evitar quanto antes. Por isso, vim hoje visitar-te e pedir-te que me resolvas o problema, ou sou forçado a desaparecer da sociedade!...
O Bobela, acalmando-o, disse-lhe:
-Não estejas triste, nem desesperes...Isso é uma doença de que muita gente sofre, mas de que em geral, ninguém se queixa, pois ela só faz danos aos outros a quem se refere. Há realmente remédio para essa doença, mas não tenho presente a fórmula, pois que é o primeiro caso que trato. Portanto passa por cá amanhã, que eu vou consultar os meus alfarrábios, para ver o que é que hei-de receitar.
O nosso hóspede ficou radiante de alegria e prometeu este mundo e o outro, ficando de voltar no dia seguinte.
O Bobela, muito sisudo e circunspecto, ficou murmurando da ousadia do amigo, tomando o pedido como gracejo e amesquinhamento à sua proficiência de médico habilíssimo, que era. Mas, sem se desconsertar, foi ao berço do filho, um pequeno que tinha apenas alguns meses, e revistando-o, encontrou ingrediente bastante para confeccionar o remédio que o amigo precisava e com tanto afã lhe pedira.
Trouxe uma espátula cheia que estendeu num vidro, juntando-lhe certa porção de farinha de trigo. Mandou o criado à Farmácia do Laré buscar um vintém de Lycapodium e fazendo seis grossas pílulas que meteu numa caixa, aguardou a visita do amigo, que realmente não se fez esperar, na manhã seguinte.
O nosso homem, logo ao entrar, perguntou: -E então?...
-Está pronto - disse o doutor - Tu és um felizardo. Encontrei a fórmula que é de um médico italiano. E mais, fiz o remédio, pois receei que não soubesses fazê-lo, visto não vir na farmacopeia. Portanto, aqui o tens!... Já almoçaste?
-Ainda não. - Respondeu o nosso homem...
-Pois é óptima ocasião para tomar a pílula, visto que são para tomar antes das refeições.
O doutor mandou vir um copo com água e o nosso homem tomou a pílula. Mas como estava ainda fresca e era grande, desmanchou-se na boca, fazendo com que ele, tomando o paladar, dissesse:
-Homem, sabes bem o que me dás? Isto sabe a trampa...
-Óptimo! Óptimo! - disse o Doutor Bobela, esfregando muito as mãos. Começas a falar a verdade logo à primeira!... Continua! Continua! Que isto é remédio radical!!!''
in Sardoal com Memória
IGNOTUS
Suzy de Noronha publicou este post.
O Sardoal com Memória publica um interessante post sobre os projectos do Arq. Raul Lino para a Vila do Sardoal.
Recomendamos a sua leitura.
O sr. Luís Manuel Gonçalves refere uma notícia do Correio de Abrantes de 1932 onde se informa que a convite do Dr.David Serras Pereira o célebre arquitecto visitara a Vila e a partir daí concebera alguns projectos arquitectónicos para o Sardoal, uns realizados, outros que infelizmente não passaram do papel.
foto in adagio-2009.blogspot.com
O Advogado Dr. David S. Pereira teve banca de causídico em Abrantes, foi um homem ligado à Imprensa e à política regional como monárquico integralista.
Morto prematuramente quando dele muito se havia a esperar, deixou 2 filhos o nosso amigo Dr. João Nuno Serras Pereira e a Senhora D.Manuela Serras Pereira.
O Dr.João Nuno teve um papel destacado com Agostinho Baptista e Duarte Castel-Branco no salvamento do Convento de São Domingos, ameaçado então como agora pelo camartelo.
Dois dos seus filhos, o arquitecto Gil Serras Pereira e o Rev. Frei Nuno Serras Pereira deram-nos a honra de serem signatários da petição.
Raul Lino fez também vários projectos para Abrantes, do qual o mais destacado é o edifício da Assembleia de Abrantes, barbaramente assaltado durante o Prec, sem nenhum respeito pela sua singularidade patrimonial e arquitectónica.
Assembleia de Abrantes. foto dias dos reis
(quem não compreendeu a paisagem edificada foi o construtor do Prédio dito do Pelicano...)
Raul Lino foi um arquitecto capaz de compreender a paisagem, não há um projecto seu que tente sobrepor-se ao território, mas integram-se sempre nele.
Lição que João Luís Carrilho da Graça foi incapaz de compreender em Abrantes.
Agradecemos ao sr. Luís Manuel Gonçalves mais esta lição de história do Sardoal e da Região.
Marcello de Ataíde
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