Era o Freitas bolchevista?
mn
(...) Por isso, o gentio ignaro arrasta uma existência dura e selvagem, entalado naquele calcanhar do mundo que fielmente o resguarda de todo o contacto com os prazeres modernos. São pouco mais do que animais bravios confinados nos quatro palmos de uma jaula.
Nascem, crescem, multiplicam-se e morrem à lei da natureza, sob o ôlho vigilante e paternal do bom Deus. Até aos seis meses, vivem como sanguessugas, chupando com pequenas intermitências os amojados peitos maternais. Então, usam desmamá-los de modo original, ou antes, bárbaro, subministrando-lhes fartas tarraçadas de vinho quente e quando Deus quer de aguardente medronheira. Doràvante, seu passadio quotidiano vai ser punhados de carrapato sêco ou de grão, servidos nos próprios têstos das marmitas à beirinha dos fogos lareiros, onde os lambões por vezes ardem como pinho sêco, na ausência das mães. Muitos morrem antes do ano, indo engrossar a legião dos anjos. Mas os que escapam fazem-se rapagões feros, sempre revestidos de basta porcaria, que a água é pouca para as hortas, e as donas não dispõem de tempo para asseá-los” (Virgílio Godinho, Calcanhar do mundo, 1942).
O Chefe da Oposição Democrática Abrantina nos anos 50. O Advogado Vergílio Godinho dirigiu a campanha de Arlindo Vicente e do General Delgado, aliás como se já se tratou amplamente neste blogue.
De nacional-sindicalista a compagnon de route do PCP. Na sequência da campanha abrantina (com Correia Semedo, Duarte Castel-Branco, Costa e Simas, Orlando Pereira, Zé Valamatos, e muitos outros) foi preso e levado para Caxias.
Escritor de mérito , foi preso na sequência da campanha e mandado para Caxias onde passou dois meses enjaulado.
A prisão teve direito a manchete na primeira página do Avante
ma
devida vénia ANTTombo
Um conto autobiográfico do escritor Vergílio Godinho, que chefiou a Esquerda Abrantina e o anti-fascismo local na década de 50.
Se isto não é boa prosa, leiam o lixo dos publicistas locais.
Godinho morreu em 1987, injustamente esquecido
mn
O dr. Vergílio Godinho tinha estado com Rolão Preto nos ''camisas-verdes'' nacionais-sindicalistas. O dr. Rolão Preto tomou uma posição favorável à Inglaterra e denunciou o Eixo e o pacto germano-soviético.
Um grupo de militantes NS organizou uma cisão, liderada pelo Godinho, que fundou o Movimento Nacional-Corporativo, pró nazi.
O Fuhrer era Virgílio Godinho.
Em 1942 convidou o furibundo monárquico e destacado germanófilo, Alfredo Pimenta para participar num jornal pró alemão, onde teria responsabilidades na direcção. E aparentemente gozando de boa saúde financeira, oferece-se a Pimenta para lhe pagar os artigos
Os nacionais-corporativos agiram de acordo com a Embaixada do Reich e dedicaram-se à propaganda alemã. Foram financiados por ela.
Godinho evoluiu e aproximou-se do PCP, depois de 1945.
Portanto, o chefe da Oposição abrantina de 1957-58, era um ex-nazi.
As voltas que o mundo dá.
Em 1973, representava o MDP de Castelo Branco no Congresso Republicano de Aveiro.
mn
Ver António Costa Pinto-''Os Camisas Azuis e Salazar'', Edições 70, 2015
Ao lado de destacados vultos da Oposição, desde anarquistas (Campos Lima), maçons da velha linha republicana (Nuno Rodrigues dos Santos, Dias Amado) , comunistas (o escritor Mário Sacramento, Alberto Vilaça, etc), profissionais de várias especialidades, deixem-nos destacar o capitão Augusto Casimiro, que se cobrira de glória em La Lys, comandando tropa abrantina da Infantaria de S.Domingos, aparece o Advogado Vergílio Godinho, com banca em frente da Santa Casa.
Só duas mulheres, uma delas é a belíssima escritora Natália Correia, que tinha trazido um vendaval de vanguarda à rotineira vida cultural lisboeta, então partilhada entre oficialistas e estalinistas do neo-realismo.
É uma chamada às hostes oposicionistas, para preparar as eleições legislativas e as presidenciais de 1958.
mn
retirado do colega Silêncios e Memórias com a devida vénia
O livro de João Alves Falcato (Ed Avante, Lisboa,2018) relata a campanha eleitoral do Advogado Arlindo Vicente, em 1958. Já se falou aqui nisso. Para o que nos importa refere a intervenção do representante abrantino, Dr. Virgílio Godinho nos órgãos nacionais da candidatura. Noticia a constituição da comissão concelhia abrantina a 17 de Maio de 1958. (...) por 18 democratas, incluindo advogados, médicos, comerciantes, proprietários, operários e outras profissões''. (...).
Dá destaque à intervenção de oradores abrantinos na histórica sessão de Alpiarça (a terra com mais pergaminhos anti-fascistas do Distrito, onde Delgado teve mais de 80% dos votos) em 18 de Maio.
Além de Arlindo Vicente, falaram o director da ''Seara Nova'', Câmara Reis, Manuel Sertório, e Maria Fernanda Corte-Real Silva que sublinhou ''o idealismo que impregna aqueles que enfileiram na Oposição a afirmou a inabalável vontade de concorrer na luta eleitoral até à boca das urnas. ''
Referiu ainda ''que o facto de haver duas candidaturas não nos pode separar....''
Falou também um oposicionista local, Carlos Pinhão e o escritor e advogado de Abrantes, Virgílio Godinho. Encerrou o comício, Arlindo Vicente.
ver aqui
Composição da comissão de Abrantes, que depois da desistência de Vicente, passou a apoiar o General Delgado.
Resta recomendar a leitura do livro.
ma
Em 1958, fazia parte da Comissão Central da candidatura do Arlindo Vicente a Presidente (de quem Duarte Castel-Branco era o chefe de gabinete) além do advogado local Vergílio Godinho (de que já se falou) João Dias Agudo, natural das Mouriscas, conhecido pedagogo.
Numa terra cheia de valorosos anti-fascistas nascidos a 26 de Abril, convém recordar quem se bateu.
ver aqui retirado do Museu S:Pedro da Palhaça.
Como se disse algures nesta reunião estava presente a delegação de Abrantes. Ver texto completo....
A candidatura era conotada com o PCP e desistiria a favor de Humberto Delgado.
Isto não significa que todos os mencionados fossem do PCP, Dias Agudo estava ligado a Sérgio, defensor dum socialismo cooperativista
mn
um dia destes a prisão de Duarte Castel-Branco
ORLANDO PEREIRA (1924 - 2016)
Cidadão da Resistência contra a Ditadura durante décadas, muito respeitado em Abrantes, é considerado o líder da Oposição Democrática nesse concelho, nas décadas de 50, 60 e na primeira metade da década de 70 do Século XX. Em 1975, foi candidato a deputado, pelo MDP/CDE.
1. Nasceu a 24 de Março de 1924, em Alenquer (Merceana), onde o seu pai desempenhava o cargo de secretário da Câmara. Licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito de Lisboa. Na Faculdade conhecera a mulher com quem iria casar em 1950, Maria Fernanda Corte Real Graça e Silva, uma activa militante da Oposição, julgada em Tribunal Plenário (1).
Pertenceu à direcção do MUD Juvenil e esteve preso no Aljube, em 1949, juntamente com outros antifascistas, entre os quais Mário Soares. Mantinha, então, ligação ao Partido Comunista.
Foi para Abrantes em 1951, pela mão de Armando Martins do Vale, advogado de renome, para dar continuidade, como advogado, ao escritório do advogado João de Matos, quando este foi para juiz.
Mais tarde, em 1955, depois de ter feito estágio para “ Registos e Notariado”, em Mação, e concorrido para o notariado, foi-lhe vedado o acesso à função pública e impedido de ocupar o lugar de notário do Cartório de Albufeira, a que tinha direito ao ficar colocado em 1º lugar: tinha sido alvo do famigerado Decreto-Lei nº 25317, de 13 de Maio de 1935, que bania da Função Pública quem não desse garantias de fidelidade ao regime ditatorial do Estado Novo. Assim, não chegou sequer a tomar posse do cargo e foi advogado em Abrantes, durante um quarto de século, entre os primeiros anos da década de 50 do século XX e o princípio do ano de 1977 (2).
Orlando Pereira participou activamente em todas as campanhas eleitorais e, em 1961, foi candidato da Oposição, no distrito de Santarém. Em 1973, integrou a Comissão Nacional do 3º Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro.
Como advogado, defendeu vários presos políticos julgados nos Tribunais Plenários.
Desempenhou diversos cargos na Ordem dos Advogados: delegado às assembleias-gerais, entre 1963 e 1971, e delegado na Comarca de Abrantes, entre 1968 e 1971.
2. Foi candidato do MDP/CDE a deputado, nas primeiras eleições democráticas realizadas e 25 de Abril de 1975, para a Assembleia Constituinte.
Na sequência da revolução de Abril de 1974 veio a ser reintegrado na Função Pública, mediante a simples prova do seu afastamento por motivos políticos, que estava patente no “Diário do Governo” em que fora publicada a deliberação do Conselho de Ministros que o demitiu; e, em princípios de 1977, Orlando Pereira era nomeado notário do 13º Cartório Notarial de Lisboa, um importante cartório na Baixa lisboeta, onde terminaria a sua carreira profissional. Faleceu no dia 21 de Junho de 2016, em Lisboa, com a idade de 92 anos.
(1) Maria Fernanda Silva (Pereira) fez parte do MUNAF; em 1945, com 19 anos, aderiu ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas; no ano seguinte, integrou a primeira Comissão Central do MUD Juvenil (sendo a única mulher), com Mário Sacramento, António Abreu, Francisco Salgado Zenha, José Borrego, Júlio Pomar, Mário Soares, Nuno Fidelino Figueiredo, Octávio Pato, Óscar dos Reis e Rui Grácio. Conheceu Orlando Pereira, estudante do 2.º ano e dirigente estudantil ligado ao Partido Comunista, e data de então a sua adesão a este partido, fazendo-se a intervenção no âmbito daquela organização juvenil. Foi enquanto dirigente do MUD Juvenil que foi presa por duas vezes, o que fez com que não concluísse imediatamente o curso: a primeira, em Évora, juntamente com Júlio Pomar, a 27 de Abril de 1947, foi libertada quatro meses depois; tornou a ser detida, desta vez em Beja, em 24 de Abril de 1948, recolhendo mais uma vez ao Forte de Caxias. Saiu em liberdade condicional passados três meses, em 29 de Julho. Julgada inicialmente pelo Tribunal Plenário de Lisboa em 15 de Março de 1949, seria condenada a 40 dias de prisão correccional e suspensão de todos os direitos políticos por três anos, mas a sentença seria agravada para 100 dias de prisão correccional, por acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 19 de Julho de 1950.
(2) Testemunho do advogado abrantino José Amaral: “Foi com ele que fiz o meu estágio, entre Março de 1976 e 30 de Setembro de 1977. Após o Dr. Orlando Pereira ter pedido a suspensão da sua inscrição na Ordem dos Advogados, quando foi para Notário (...) continuei no escritório do Dr. Orlando, pelo qual fiquei responsável, a tempo inteiro, a partir do dia 12 de Agosto de 1976, que é a data que marca o início da minha vida activa. Ele só vinha ao fim-de-semana, e nem sempre. Aprendi muito com ele». (facebook)
Biografia da autoria de Helena Pato
http://silenciosememorias.blogspot.pt/…/1016-maria-fernanda…
http://amar-abrantes.blogs.sapo.pt/faleceu-orlando-pereira-…
Candidatos da Oposição à Assembleia Nacional do Estado Novo (1945-1973). Um Dicionário, de Luís Reis Torgal e Mário Matos e Lemos.
Neste número histórico o Cónego Joaquim José de Freitas publica um Editorial assinado pelo dirigente do PCP dr.Vergílio Godinho, líder da campanha abrantina do General Delgado (e antes da de Arlindo Vicente).
A campanha eleitoral começou em Maio de 1958. Tempos depois era preso, coisa que já se viu aqui. Em 1964 ia dentro o filho, dê-se voz ao doutor Pacheco Pereira
Era o Freitas bolchevista?
mn
Muitos miúdos abrantinos, como eu ou o historiador dr.Jorge Santos Carvalho, passaram as férias estivais na Figueira da Foz desde 1956-7 e sempre que tinham dores de barriga ou outras maleitas recorriam à assistência amiga e sábia do médico dr. Gilberto Vasco.
Esteve este episodicamente em Abrantes e daqui foi para a Figueira, tendo herdado o seu consultório o dr. José Vasco, médico tão bom como ele e anti-fascista como o irmão.
Só por evidente lapso é que o histórico laranja Sr.Daniel Augusto António, numa entrevista à Zahara do Gaspar, conduzida por José Eduardo Alves Jana, é que pode situar o dr. Gilberto em Abrantes, depois de 1958.
Aliás neste documento da resistência (1958) quem figura na comissão política da candidatura Cunha Leal, aqui conduzida por Vergílio Godinho, é o dr. José Vasco já então residente na cidade.
Não é por nada mas este blogue, que fala da Srª .D.Dalila Marques Vasco, mulher do dr.Zé Vasco diz exactamente o que dizemos. O dr. Gilberto, que tinha uma paciência de santo para aturar os miúdos, residia na Figueira.Para melhor biografar a D.Dalila vejam também este post, que foi feito pela família e é naturalmente a família que conhece melhor a sua trajectória.
Já agora, neste artigo do saudoso Mário Semedo, já aqui publicado,
há uma achega para esta história.
E vão-me perdoar mas a história faz-se com documentos, a trajectória de Orlando Pereira na Oposição é tão grande que o encontramos já na direcção académica do MUD juvenil em 1947.
Finalmente tenho dúvidas que o sr. Daniel Augusto António se recorde deste nome que foi activo na constituição do MUD em Abrantes e também na campanha do General Delgado, o Advogado dr. Aníbal Ribeiro Martinho.
O sr.Daniel e o Jana recordam-se do dr. Aníbal como um feroz anti-comunista, simpatizante do CDS lá por 74-75, mas ele esteve e temos prova documental disso na campanha abrantina do General Coca-Cola , que aliás era tão anti-comunista como o capitão Henrique Galvão.
O que não encontrei ainda foi prova documental que nenhum dos entrevistados do Jana estivesse activo contra a Ditadura em 1958.
MA
ps-ao lado de Orlando Pereira assina o manifesto estudantil lisboeta o artista plástico Dias Coelho, amigo de Duarte Castel-Branco, vilmente assassinado pela PIDE
História
grândola- escavação Igreja São Pedro
montalvo e as ciência do nosso tempo
Instituto de História Social (Holanda)
associação de defesa do património santarém
Fontes de História Militar e Diplomática
Dicionário do Império Português
Fontes de História politica portuguesa
história Religiosa de Portugal
histórias de Portugal em Marrocos
centro de estudos históricos unl
Ilhas
abrantes
abrantes (links antigos)