As ameaças e oportunidades da vida contemporânea, começam a oferecer novas perspetivas ao mundo rural – agricultura, pecuária, floresta, agroalimentar, agroindustrial e atividades económicas e lúdicas conexas – contribuindo para a fixação das populações residentes e para a atração de novos povoadores, permanentes e temporários, que veem nas aldeias e nas cidades do interior uma opção e um destino preferencial para habitar, trabalhar, investir, consumir, viajar ou visitar. Abrantes, que tem vindo a perder cerca de 1% da população em cada ano, tem de saber aproveitar esta tendência.
É preciso, para isso, reduzir desequilíbrios económicos, sociais e culturais, proporcionando aos territórios rurais e interiores – sem os descaraterizar – as facilidades e comodidades de que a população urbana e das metrópoles não pode ou não está disposta a prescindir, designadamente a nível de trabalho, serviços básicos, produtos culturais, infraestruturas tecnológicas, etc. Exatamente o contrário do que tem sucedido em Abrantes, onde a perda de serviços essenciais nas freguesias rurais e o abandono e destruição do património urbano, histórico e identitário, têm sido uma constante.
Sendo o nosso território híbrido urbano-rural, onde os desafios da coesão social e da competitividade se colocam de forma particular e diferenciada, importa compreender os desígnios e as alavancas do nosso progresso. Sendo certo que houve avanços a nível de infraestruturas (havendo ainda muito por fazer, com melhor alocação dos recursos próprios e comunitários), é nos fatores avançados de criação de valor – democracia, conhecimento, cultura e inovação – que o desenvolvimento e a justiça social melhor se afirmarão.
Abrantes perdeu, nos últimos 30 anos, 12% da superfície agrícola e 58% das explorações agrícolas, a maior parte delas de pequena dimensão e em regime de arrendamento, mormente de produtores singulares e familiares. A recuperação verificada em anos recentes ocorreu nas explorações de maior dimensão, não tendo ainda sido alcançados, todavia, os números de há três décadas. A mão-de-obra agrícola é hoje pouco mais de um terço da que era em finais dos anos 80 do século passado.
A quebra verificada na superfície agrícola utilizada ocorreu, sobretudo, nas hortas familiares (-72%) e nas culturas permanentes (-57%), e um pouco menos nas terras aráveis (-35%). Em compensação, as pastagens permanentes aumentaram mais de quatro vezes e cresceu a floresta e os sistemas agroflorestais, designadamente de eucaliptal e pinheiro manso, mantendo-se o montado de sobro e estando a regredir o pinhal.
Têm sido obtidos resultados interessantes no olival, na vinha e nos cereais (ex.: milho, trigo, aveia), nas culturas para a agroindústria (ex.: ervilha, brócolos, girassol) e em novas culturas (ex.: nogueiras, amendoeiras, macieiras, amoras, framboesas, mirtilos, morangos). Contudo, Abrantes não tem conseguido captar investimentos em agroindústrias (ex: fábricas de cortiça), ao contrário do que se tem verificado em concelhos próximos do nosso.
O “passado de ruturas” deverá dar lugar a um “futuro de convergências”, superando o círculo vicioso e consequente declínio económico e social que nos tem ensombrado. Só uma visão positiva e otimista o permitirá, olhando para o mundo rural como um espaço de oportunidades e realização – tanto para as famílias como para as empresas – e para as políticas autárquicas como instrumentos que nos possibilitarão ocupar esse espaço de forma mais eficiente e eficaz.
Deverão ser criadas condições favoráveis à realização de cotrabalho (coworking) e teletrabalho, e à acomodação temporária de nómadas digitais. Os modos de vida amigos do ambiente (ecofriendly) deverão ser acarinhados, em benefício do mundo rural e do interior, facilitando a instalação de novos conceitos de habitação (ex: micro-casas ou tiny houses), produção (ex: biológica e artesanal), comércio (ex: justo e de produtos locais) e transporte (ex: bicicleta e de partilha).
A mudança necessária passa pelo povoamento dos territórios em forte quebra demográfica, pela afirmação da identidade e exploração sustentável dos recursos endógenos, pela valorização do património cultural e do turismo rural e de natureza, e pela boa organização e gestão do território, incluindo a defesa da floresta, dos rios e demais recursos naturais. A floresta deverá ser defendida dos incêndios, garantindo-se a segurança de pessoas e bens, e, no rio Tejo, deverão ser assegurados caudais mínimos para rega e sustentabilidade ambiental.
As infraestruturas de comunicações móveis e de dados deverão ser rapidamente melhoradas, assegurando-se uma boa cobertura de todo o território, não só em benefício dos residentes, mas também de quem nos visita ou por cá passa. O ensino superior e profissional (EPDRA, ESTA e outras) deverá ser valorizado e apoiado, e, se possível, ampliado, atraindo estudantes e intervindo efetivamente no desenvolvimento local e na afirmação externa da identidade de Abrantes.
De forma mais geral, é preciso envolver, coordenar e recompensar devidamente as competências, os recursos e os contributos de todos os atores no terreno, públicos, privados e associativos. Todos temos um papel a desempenhar na construção do futuro de Abrantes, assim o queira e saiba definir a próxima liderança autárquica, a que nos candidatamos com sentido de serviço.
Contem connosco, nós contaremos sempre convosco.
Movimento ALTERNATIVAcom | 21 de junho de 2021
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